Camila fechou a porta da Sala de Conferências. Lawrence voltou a fechar com chave. Não a tocou, mas roçou o ombro com o seu quando esticou o braço para a fechadura.
Entregou-lhe a bolsa.
— Porque me deu isso? Coloque. — exigiu.
Camila deixou a bolsa na mesa e tirou a caixa de sapatos. Tirou o que usava com dois chutes e colocou rapidamente os de salto de Louboutin.
— Pronto. — afirmou, ao tempo que se virava para ele.
— Muito melhor. – assentiu. — Agora a roupa íntima. Queria que se despisse ali mesmo?
— Eu não... Não posso fazer isso.
Lawrence se aproximou dela e segurou o queixo com dois dedos para olhá-la nos olhos. Ela tinha a esperança de que a beijaria e se deu conta de que desejava mais que nenhuma outra coisa que tivesse desejado.
— Camila, eu acho que você é incrivelmente bela. E eu adoro o fato de que não seja consciente disso. Sinto um forte desejo de lhe mostrar como você é linda e eu quero experimentar essa beleza por mim mesmo. Tentei ser claro com você. Quis te explicar da melhor maneira que eu sei, o que pretendo e o que eu gosto. Mas agora vejo que possivelmente estou te pressionando muito numa direção que você não quer ir.
Sorriu-lhe e foi um sorriso de tal magnetismo que ela sentiu que algo podia quebrar-se no seu interior.
— Não é que não queira... ir nessa direção — reconheceu devagar, sem sequer estar segura do que estavam falando. — É só que estou no trabalho.
Lawrence pareceu considerar suas palavras.
— É isso o que te faz vacilar?
Camila assentiu. Provavelmente haveria muitas outras coisas que a detinham, coisas que não desejava analisar nesse momento. Mas se a desculpa do lugar de trabalho a tirava do apuro estaria contente de usá-la.
Lawrence segurou a sua mão e a atraiu com delicadeza para que se aproximasse um pouco mais dele. Olhou-a com tanta intensidade que ela teve que desviar o olhar. Seu coração trovejava no peito.
Beijou-lhe o dorso da mão e Camila o olhou surpreendida. E então ele partiu da sala.
***
Camila se deitou na cama com o romance que estava lendo apoiada no seio. Estava a cinco minutos olhando fixamente a mesma página, a mesma frase.
Lá fora, a chuva batia na janela, uma intensa chuva de verão que fazia que o quente ar cheirasse a cimento molhado. Abriu a cortina e observou como a água formava riachos no vidro.
Ela se perguntou se teria cometido um erro na Sala de Conferências. Tinha sido muito covarde? Possivelmente merecia essa vida insignificante que tinha. Alguns meses antes havia demonstrado sua seriedade e autocontrole como se fosse algo de que devesse se orgulhar. Em Cuba nunca pareceu que jogar pelo seguro tivesse um preço. Estudava muito, fazia pequenos trabalhos e economizava dinheiro, tivera alguns encontros, mas nunca se permitiu distrair ou envolver-se muito. Tinha tudo sob controle.
Entretanto, desde que se mudou para Nova Iorque, ela não tinha a menor dúvida de que estava ocupada controlando a sua vida que estava esquecendo-se de vivêla. E agora tinha estragado sua oportunidade com o homem mais incrível que já havia conhecido ou que provavelmente chegasse a conhecer, quando nem sequer estava ali sua mãe para fazer com que se sentisse culpada por sair. Não tinha a ninguém a quem culpar exceto a si mesma.
— Quer ver um filme do canal pago? — perguntou Carly da sala.
A garota, que ainda estava se recuperando da traição de seu "namorado" Rob, estava em casa sozinha, algo raro nela.
— Claro. — respondeu Camila. De qualquer forma, não poderia ler nada.
Saltou da cama, deixou o livro na mesinha de cabeceira e foi para a sala. Carly estava encolhida no sofá com sua legging e uma regata. Apontava à televisão com o controle remoto enquanto repassava os filmes disponíveis.
— Posso te perguntar uma coisa? — disse Camila.
— Claro. — respondeu a garota, com ar ausente.
— Na outra noite insinuou que possivelmente as coisas tinham ido mal com o Rob por uma decisão que você tomou ou por algo que tenha feito.
Carly encolheu de ombros.
— Naquela noite não estava em meu juízo perfeito. Na realidade, é o seu problema que não seja capaz de comprometer-se. Nós, como mulheres, sempre nos culpamos. Mas são eles que têm o problema.
— Ok, esquece isso — Camila pensou, embora não o dissesse em voz alta, que o comportamento de sua companheira não tinha sido precisamente o de alguém muito comprometido. — Digamos que, em certo modo, foi sua culpa. Tentaria arrumá-lo ou o atribuiria para que o destino decidisse se era ou não para ser?
— Em primeiro lugar, não acredito no destino. Acredito em fazer que as coisas aconteçam. Isso ajuda?
Camila assentiu. Possivelmente estivesse enganada, mas Carly começava a dizer coisas com muito sentido. Inclusive parecia, se atreveu a pensar, uma pessoa sensata. Era como um Yoda loira e mal- humorada.
Tocou o interfone.
— Derek vai vir? — perguntou Camila.
Carly a olhou como se tivesse sugerido que Papai Noel fosse visita-las.
— Já lhe disse isso: Derek foi um substituto até que eu conseguisse o Rob. Se não houver Rob, não há necessidade de Derek.
Isso não tinha nenhum sentido para a Camila. Adeus a Yoda.
Carly se levantou do sofá a contra gosto e apertou o botão do interfone.
— Quem é?
— Lawrence Jauregui. — Camila ouviu sua voz estalar através da estática do interfone. — Por favor, diga a Camila que desça.
Carly olhou para ela com os olhos arregalados e conteve uma risada. Depois vocalizou as palavras "OH, meu Deus" em silêncio.
— Diga que preciso de alguns minutos. — pediu Camila.
Sentia o coração acelerado. Correu imediatamente para o seu quaro e fechou a porta, depois de ouvir como Carly transmitia sua mensagem.
Se a vida fosse, como sua companheira disse, uma questão de "fazer as coisas acontecerem", então, aquela era sua oportunidade, sua segunda oportunidade. E talvez a última.
Onde demônios estavam as lingeries?
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Bibliotecária
FanfictionCamila Cabello, uma brilhante rata de biblioteca, conseguiu seu emprego tão sonhado: bibliotecária na Biblioteca Pública de Nova Iorque. Mas o descobrimento das sórdidas aventuras sexuais de um jovem libertino milionário entre os santos corredores e...