capítulo 22

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Já estava no meio da tarde quando Camila entrou no seu apartamento como se estivesse flutuando numa nuvem. Carly olhou por cima do sofá. Tinha um caderno de esboços no colo.

— Onde você estava? Por que não voltou para casa ontem à noite? Estava muito preocupada com você — disse, enquanto soltava o lápis.

Ela se inclinou para desabotoar os sapatos. Lawrence a mandou para a casa vestida de Prada da cabeça aos pés. Como sempre, os sapatos eram incriminadores.

— Estou surpresa que tenha voltado para casa ontem à noite — comentou Camila. — Da maneira como ocorreram as coisas no Nurse Bettie, não o esperava.

— Não tente desviar a atenção para mim. Onde você estava? Não pode desaparecer assim, Camila.

— Eu não desapareci. Foi você que partiu, lembra?

— Sinto muito. Ultimamente tenho estado tão deprimida que eu precisava de alguma coisa para tirar Rob da cabeça.

— Por isso me deixou com aquele asqueroso no bar?

— Nick não é um asqueroso. Além disso, foi ele quem me disse que você tinha saído com um cara.

— Não era um cara, era Lawrence. Mas de todos os modos, sinto por tê-la preocupado.

Sentiu-se comovida por Carly ter se preocupado com ela.

— O que Lawrence estava fazendo ali? Perseguindo você?

Camila encolheu de ombros e se dirigiu à cozinha. Não tinha comido nada do café da manhã e, de repente, deu-se conta de que estava morta de fome. Esticou o braço para pegar um prato da segunda prateleira do armário, mas os ombros lhe doíam tanto que ela mal conseguia levantá-los por cima da cabeça.

— Ai! — gritou, incapaz de alcançar o prato.

— O que foi?

— Pode me baixar um prato?— Carly apareceu na porta.

— Não até que me fale o que está acontecendo?

— Doem-me os braços — explicou-lhe.

— Sim, eu posso ver isto. Assim, a menos que tenha jogado uma partida de tênis a meia-noite no Central Park, eu me pergunto porque.

Olhou- a com as mãos nos quadris.

Camila não pôde evitar sorrir. De algum modo, sua relação com o Lawrence tinha convertido a sua mordaz companheira de apartamento em uma supermãe.

— Se me der o prato, contarei tudo — disse. Carly pegou o prato, passou-o e insistiu:

— Cuspa-o, Camila.

Sentaram-se à mesa, comendo as sobras de arroz com frango e bebendo garrafinhas de cerveja Corona. Camila tinha colocado uma calça de moletom e uma velha camiseta da Drexel. Estava fisicamente exausta, mas tinha a mente acelerada como se estivesse na sexta marcha que não sabia que tivesse.

— Ele gosta do que suponho que poderíamos chamar dominar — começou a contar.

— Fazendo o que, exatamente? — perguntou Carly.

Agora que tinha chegado o momento, estava morrendo de medo de contar a alguém o que estava acontecendo. Não sabia se Carly diria que era uma loucura, que devia afastar-se desse tipo ou se, em troca, confessaria: "Claro, eu faço coisas assim todo o momento". De qualquer maneira, Camila necessitava de uma confidente.

— Isto... bom, me deu de presente um celular e me disse que tinha que leva-lo sempre ligado e que só era para usá-lo entre nós dois. Manda-me mensagens que, na realidade, são ordens. E me diz o que tenho que vestir. Sempre devo usar sapatos de salto e um tipo específico de lingerie.

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