capítulo 21

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Lawrence parou a seu lado, em frente a um quarto do apartamento que Camila ainda não tinha visto. A porta estava fechada.

— Ponha estes sapatos — pediu-lhe.

Ela olhou para baixo e viu um par de sapatos com salto agulha de dez centímetros de cetim branco. Os pôs.

— Agora tire o robe — ordenou-lhe.

Depois de vacilar somente um segundo, cambaleando-se sobre os saltos, desamarrou o robe e o tirou. Lawrence o pegou das mãos.

— Fique de costas e feche os olhos — disse-lhe. Ela obedeceu.

Sentiu que algo suave se deslizava sobre seus olhos e percebeu que os estava tampando com alguma coisa forrada de pele. Instintivamente, levantou as mãos para tocá-lo.

— Mantenha as mãos de lado — ordenou-lhe com firmeza. Camila fez o que ele dizia. O coração acelerou.

— Eu sei que falamos que ao vir aqui está dando seu consentimento, mas sabe que pode sair pela porta a qualquer momento, que sempre terá uma alternativa. A maioria dos meus... pares ainda estão muito consciente dos seus limites, seus limites intransponíveis, os chamamos. Mas como tudo isto é novo para você, irá descobrir o seu caminho. Por isso, se estamos fazendo algo e me diz que pare, vou ignorar.

— Ignorar? — repetiu Camila. Perdi alguma coisa?

— Sim. Se realmente não pode continuar, terá que dizer "limite intransponível".

— Limite intransponível — repetiu, quase para si mesma.

Ouviu como girou a maçaneta e abriu a porta. Parecia incrível poder identificar sua ação por um som tão leve, mas se deu conta de que privada da visão, seus outros sentidos se aguçavam instantaneamente.

— Dá dez passos para frente — ordenou.

Caminhou devagar, concentrada em não cair com aqueles saltos. Ele estendeu a mão e agarrou seu braço para firmá-la. Nunca teria imaginado como distante poderiam parecer dez passos.

Os sapatos que calçava faziam muito ruídos sobre o duro chão.

— Pare aqui — disse ele.

Ouviu um som metálico e estremeceu.

— Levanta os braços acima da cabeça.— Camila obedeceu sentindo-se estúpida.

— Mais abertos — ele pediu.

Sentiu que algo deslizava por seu pulso, algo suave, mas firme, como se fosse pele. Logo ouviu um clique quando seu braço ficou seguro, imobilizado e esticado acima da cabeça. E depois o outro braço.

— Não se mova — Lawrence advertiu. — Eu vou usar a tesoura e se você se mover posso cortá-la sem querer.

— O quê? — exclamou e se contorceu instintivamente, com o pulso acelerado.

Então sentiu a fria folha de metal nas costas e o sussurro do tecido ao rasgar-se. A camisola de seda se deslizou por seu corpo quando a tesoura a cortou pela metade e as duas folhas roçaram a carne enquanto desciam por seu corpo.

Sentiu o ar frio do quarto sobre a pele. Só usava os sapatos de salto. Começou a sentir um formigamento nas mãos pela postura tão pouco natural.

Ouviu os passos de Lawrence se afastando dela e fechando a porta.

E soube que estava sozinha.

Camila já não sentia os braços. Durante um tempo, tinha tentado dobrar os joelhos ou inclinar-se para frente ou para trás para fazer que o sangue continuasse a circular. Mas no final se deu conta de que quanto mais erguida e quieta permanecesse, menos tensão suportavam os músculos das costas e das pernas, que em alguns momentos lhe queimavam com a dor.

Não sabia quanto tempo tinha passado. Vinte minutos? Uma hora? Duas?

Sua mente estava a mil por hora, debatendo se deveria chama-lo, mas alguma coisa lhe disse que não o fizesse.

Apenas quando pensava que não o suportaria mais, que se desmoronaria e gritaria "limite intransponível" a todo pulmão, algo a alertou: a porta se abriu. Ouviu os passos de Lawrence aproximando-se e o som do metal. Alegrou-se ao pensar que ia soltar-lhe os braços. Mas em seguida se deu conta de que não, que ele limitou a baixa-los para que pudesse dobrar os cotovelos. Ainda assim, foi um doce alívio. Embora a deixasse nessa postura mais um tempo, podia suportá-lo.

Lawrence estava de pé na frente dela. Sentiu que estava tão perto que se ela se inclinasse para frente poderia roçá-lo. Mas ficou completamente imóvel.

Ele colocou a mão entre as pernas e seus dedos encontraram imediatamente esse doce ponto que até a noite passada ela não sabia que existia. O contraste entre as duras e agradáveis carícias de seus dedos e a dor incômoda que estava sofrendo foi tão intenso que as pernas fraquejaram.

— Fique reta — ordenou, e Camila se esforçou para manter-se erguida.

Ele retirou seus dedos de seu interior e acariciou-lhe o sexo com delicadeza, brincando com seus clitóris. De repente, sentiu uma rápida e úmida carícia de sua língua e Lawrence voltou a mergulhar o dedo nela. Ela gemeu, doíam-lhe os braços, as pernas se esforçavam por manter o equilíbrio e o controle enquanto seu sexo palpitava com sensações que nunca teria podido imaginar.

Ele a levou até o limite da liberação e logo deixou de tocá-la. Se estivesse com as mãos livres, teria terminado ela mesma sem hesitação. O quão desesperada era a sua necessidade. E então sentiu o inconfundível contato de seu membro roçando a entrada de sua vagina, mas apenas abriu os lábios antes de afastar-se.

— Por favor — rogou, envergonhada de si mesma, mas consciente de que aquilo estava só começando.

Lawrence abriu os lábios do seu sexo com as mãos, e Camila voltou a sentir a pressão da ponta do seu membro contra ela, mas não se moveu. Gemeu e se balançou contra ele.

— Eu estou aborrecido com você — disse. — Quero que me prometa que não haverá mais segredos. Não sobre sexo — acrescentou.

— Está bem — ofegou.

— Prometa.

— Eu prometo — disse, mas sua voz soava distante.

Seus dedos ainda estavam brincando com ela e era insuportável. Lawrence soltou os pulsos rapidamente e, incapaz de manter o equilíbrio, Camila caiu sobre ele. Acariciando-a ainda com uma mão, ele a deitou no chão sentindo o duro e frio nas costas.

— Por favor — repetiu.

E dessa vez sentiu que ficava em cima dela. Em qualquer outro estado de ânimo, se sentiria envergonhada pela forma como abriu as pernas, como o agarrou e gritou quando a preencheu com seu membro e se arqueou contra ele até que sua palpitante necessidade ficou silenciada com um violento orgasmo.

Lawrence a alcançou segundos depois, com a boca úmida e aberta contra seu seio, murmurando coisas que Camila não conseguia entender. Depois, carregou-a em seus braços como se não pesasse nada. Ainda com os olhos vendados, apoiou a cabeça no seu ombro e, para seu horror, começou a chorar.

Sentiu que ele esticava os braços ao redor de seu corpo e se movia rapidamente pelo apartamento. Em poucos segundos, ela se encontrou estendida na cama e com os olhos descobertos.

— Você está bem? — perguntou.

Seu belo rosto estava tenso de ansiedade. Ele a beijou na testa, levantando a franja para poder encostar a boca a sua pele pálida.

— Sim — respondeu, tentando recuperar o controle de si mesma. — Foi tão... intenso.

— Isso é bom — respondeu. — Se não for intenso, para que fazê- lo? Pelo menos, é o que eu acredito.

— Não posso acreditar que estar fisicamente desconfortável possa traduzir-se em sentir-se bem. É... estranho.

— Nem tanto, se pensar nisso. Temos que experimentar o contraste para sentir algo plenamente. Tristeza ou felicidade, trabalho ou relaxamento, solidão ou conexão com outras pessoas. O que é um sem o outro? Nós não saberíamos.

— Sim — respondeu Camila. — Entendo perfeitamente.— Apertou-a contra ele.

— Sabia que o entenderia.

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