capítulo 9

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Às seis, Camila desceu a escada sul até a porta de entrada da biblioteca e saiu para a quente tarde de verão.

A verdade era que não esperava que Lawrence Jauregui estivesse ali. Depois de trabalhar um dia todo, tinha chegado à conclusão de que o livro de Bettie Page e as notas era uma bobagem, uma brincadeira como castigo por havê-lo surpreendido no quarto andar.

Mesmo assim, o pulso ia a mil por hora quando desceu a ampla escada de mármore até a Quinta Avenida. Uma vez ali, alisou timidamente a saia e se abanou com o livro de bolso que levava.

— Onde está o livro de Bettie Page?

Sobressaltada, virou-se e viu Lawrence atrás dela. Estava incrivelmente bonito, com um traje escuro e uma gravata de uma intensa cor púrpura. Seus olhos claros, que estavam em contraste com o tom claro de sua pele, estavam fixos nela com uma intensidade que a deixou sem respiração. De novo se maravilhou da perfeição de seu rosto, de seus espetaculares e elegantes traços que, de algum modo, eram lindos, mas também muito masculinos.

— O que?

— O livro ilustrado que te dei de presente. Não acredito que caiba nessa esfarrapada e pequena bolsa que carrega. — respondeu, olhando com desdém sua bolsa Old Navy.

— Tudo o que preciso levo nesta bolsa, muito obrigada.

— Espero que isso inclua o livro.

Ela ajeitou a bolsa no ombro e respondeu:

— Não, não o inclui.

— Pegue-o — ordenou-lhe.

— Perdão?

— Olha-me como se eu tivesse dito algo ofensivo. Minha nota não dizia que eram "deveres de casa"? Isso significa que devia levar o livro. Certo?

— Sim... Exceto não sei por que eu deveria ter dever de casa.— Ele sorriu, revelando uma covinha na bochecha direita.

— Suponho que eu gostaria de ser seu professor. — Então ficou sério. Seguia com os olhos cravados nela, desconcertando-a. — Ficaria surpresa com o que poderia aprender.

Camila engoliu a seco.

— Vamos, me agrade. — pediu-lhe.

Com um suspiro, ela decidiu seguir com o jogo. No momento. Voltou a subir a escada.

— E rápido. — gritou-lhe.

Camila virou-se e o fulminou com o olhar. Lawrence soltou uma sonora gargalhada que tornou impossível não sorrir.

Certo, ás vezes, podia ser encantador. "Mas isto é uma loucura", pensou. Por que estava deixando aquele cara lhe dar ordens? Não sabia se era pela curiosidade de descobrir o que tramava, por sua tendência a querer agradar às pessoas, ou, a opção mais patética, a embaraçosa atração que sentia por ele.

Em qualquer caso, entrou com toda a pressa na biblioteca, dirigiu-se a sua mesa, agarrou o livro e o abraçou, surpreendida com seu peso. De repente, veio-lhe à cabeça uma idéia inquietante: e se quando saísse ele tivesse ido embora?

Não soube por que isso a colocou tão nervosa. O que estava acontecendo?

Descartaria todo o assunto como um louco momento próprio de Nova Iorque. Mas assim que saiu, o viu na porta, tinha subido também. Voltou a fixar-se no seu aspecto impecável, do terno sob medida até aos impecáveis sapatos. Em contraste, sentiu-se mal arrumada com sua saia longa e a blusa simples de manga curta que tinha desde o primeiro ano de faculdade.

— Me deixe levar isso — ofereceu Lawrence e Camila deu-lhe o livro. — depois de você — acrescentou mostrando a Quinta Avenida.

Ela desceu as escadas com cautela, com ele atrás.

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