Às seis, Camila desceu a escada sul até a porta de entrada da biblioteca e saiu para a quente tarde de verão.
A verdade era que não esperava que Lawrence Jauregui estivesse ali. Depois de trabalhar um dia todo, tinha chegado à conclusão de que o livro de Bettie Page e as notas era uma bobagem, uma brincadeira como castigo por havê-lo surpreendido no quarto andar.
Mesmo assim, o pulso ia a mil por hora quando desceu a ampla escada de mármore até a Quinta Avenida. Uma vez ali, alisou timidamente a saia e se abanou com o livro de bolso que levava.
— Onde está o livro de Bettie Page?
Sobressaltada, virou-se e viu Lawrence atrás dela. Estava incrivelmente bonito, com um traje escuro e uma gravata de uma intensa cor púrpura. Seus olhos claros, que estavam em contraste com o tom claro de sua pele, estavam fixos nela com uma intensidade que a deixou sem respiração. De novo se maravilhou da perfeição de seu rosto, de seus espetaculares e elegantes traços que, de algum modo, eram lindos, mas também muito masculinos.
— O que?
— O livro ilustrado que te dei de presente. Não acredito que caiba nessa esfarrapada e pequena bolsa que carrega. — respondeu, olhando com desdém sua bolsa Old Navy.
— Tudo o que preciso levo nesta bolsa, muito obrigada.
— Espero que isso inclua o livro.
Ela ajeitou a bolsa no ombro e respondeu:
— Não, não o inclui.
— Pegue-o — ordenou-lhe.
— Perdão?
— Olha-me como se eu tivesse dito algo ofensivo. Minha nota não dizia que eram "deveres de casa"? Isso significa que devia levar o livro. Certo?
— Sim... Exceto não sei por que eu deveria ter dever de casa.— Ele sorriu, revelando uma covinha na bochecha direita.
— Suponho que eu gostaria de ser seu professor. — Então ficou sério. Seguia com os olhos cravados nela, desconcertando-a. — Ficaria surpresa com o que poderia aprender.
Camila engoliu a seco.
— Vamos, me agrade. — pediu-lhe.
Com um suspiro, ela decidiu seguir com o jogo. No momento. Voltou a subir a escada.
— E rápido. — gritou-lhe.
Camila virou-se e o fulminou com o olhar. Lawrence soltou uma sonora gargalhada que tornou impossível não sorrir.
Certo, ás vezes, podia ser encantador. "Mas isto é uma loucura", pensou. Por que estava deixando aquele cara lhe dar ordens? Não sabia se era pela curiosidade de descobrir o que tramava, por sua tendência a querer agradar às pessoas, ou, a opção mais patética, a embaraçosa atração que sentia por ele.
Em qualquer caso, entrou com toda a pressa na biblioteca, dirigiu-se a sua mesa, agarrou o livro e o abraçou, surpreendida com seu peso. De repente, veio-lhe à cabeça uma idéia inquietante: e se quando saísse ele tivesse ido embora?
Não soube por que isso a colocou tão nervosa. O que estava acontecendo?
Descartaria todo o assunto como um louco momento próprio de Nova Iorque. Mas assim que saiu, o viu na porta, tinha subido também. Voltou a fixar-se no seu aspecto impecável, do terno sob medida até aos impecáveis sapatos. Em contraste, sentiu-se mal arrumada com sua saia longa e a blusa simples de manga curta que tinha desde o primeiro ano de faculdade.
— Me deixe levar isso — ofereceu Lawrence e Camila deu-lhe o livro. — depois de você — acrescentou mostrando a Quinta Avenida.
Ela desceu as escadas com cautela, com ele atrás.
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A Bibliotecária
Hayran KurguCamila Cabello, uma brilhante rata de biblioteca, conseguiu seu emprego tão sonhado: bibliotecária na Biblioteca Pública de Nova Iorque. Mas o descobrimento das sórdidas aventuras sexuais de um jovem libertino milionário entre os santos corredores e...