capítulo 35

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Camila não tinha nenhuma pressa por acabar de trabalhar. Olhou o relógio, viu que eram seis e dez e logo que pôde encontrou forças suficientes para mover-se.

— Bom, é fantástico te ter de volta, Cabello. Mas já vou-me — disse Alex depois que lançava um último livro sobre sua mesa.

— Que tenha uma boa noite — despediu-se Camila.

— Com certeza que a terei — respondeu o menino com um amplo sorriso.

— Oh? Um encontro interessante?

— Poderia dizer que sim. Por que está ficando? Vai ajudar com o ensaio?

— Que ensaio?

— Sloan vai organizar o lugar para o baile de gala. Uma espécie de ensaio geral. Pensei que talvez você tivesse sido escalada para ajuda-la.

— Oh, Deus, ainda não. Mas obrigado por me avisar. — Colocou apressadamente as coisas na bolsa e anunciou: — Vou com você.

Desceram as escadas até o saguão de entrada e notaram uma antecipação do calor e a umidade que os esperava lá fora.

Havia gente sentada nela, embora menos que na hora do rush do almoço. A calçada da Quinta Avenida estava lotada de pedestres que corriam para Grand Central Station e Camila sentiu pavor pelo caloroso trajeto do metro que a aguardava.

— Até mais tarde, Cabello.— gritou Alex, enquanto se desviava para o sul.

Estava ao ponto de lhe dizer adeus, mas as palavras ficaram presas na garganta quando viu a Mercedes preta estacionada do outro lado da rua.

“Você pode simplesmente virar para a esquerda, para a estação de metro”, pensou. E isso foi o que fez. Infelizmente, Lawrence a conhecia o suficiente bem para saber para onde se dirigia. E com suas longas pernas chegou lá antes dela e a interceptou na esquina da Quarenta e dois com a Quinta.

— Não atende o telefone — disse, colocando-se bem na frente dela e bloqueando o seu caminho.

Camila não se permitiu olhá-lo nos olhos. Se o fizesse, estaria perdida.

— Refere a este? — perguntou, enquanto tirava o iPhone da bolsa e o entregava.

Não o tinha ligado em três dias. Lawrence se negou a pegá-lo.

— Pode falar comigo um minuto? — perguntou.

Camila sabia que deveria seguir andando, mas no lugar disso olhou para ele. A visão daqueles aveludados olhos verdes e aquela boca tão masculina a afetou de tal maneira que ficou petrificada, incapaz de mover-se.

Lawrence interpretou seu silêncio como um sim.

— No carro? — voltou a perguntar.

— Não vou entrar no carro.

Olhou a seu redor, claramente incômodo.

— Vai ser difícil falar aqui.

Como mostrando que tinha razão, um homem de terno golpeou Camila com sua maleta.

— Vou me arriscar a ser atropelada pelas pessoas — respondeu.

— Fale por você mesma — ele comentou com um leve sorriso.

Algo se mexeu em seu interior. Amava-o, que Deus a ajudasse, mas manteve sua expressão impassível.

Lawrence voltou a olhar a seu redor e passou a mão pelo cabelo. Camila seguiu seu olhar até o outro lado da rua e viu que seu chofer tinha dado a volta no quarteirão e nesse momento estava parado na rua Quarenta e dois entre o Madison e a Quinta.

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