6.Uma estranha conversa

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Tylor nunca sentiu tanta dificuldade de se afastar de alguém como teve para se afastar de Hanna. Ela não disse palavra alguma quando ele se afastou, mirou seus olhos no chão, tímida, suas pernas pareciam gelatina, tinha certeza que cairia no chão caso se soltasse da parede.

Tylor analisou sua esposa por tempo de mais, precisava de um banho frio e de tempo para pensar. Teria que contar ao amigo sobre o beijo, ele com certeza havia perdido o controle, Hanna não poderia ficar naquela casa, não mais, tinha que conversar sobre isso com Dylan e faria isso logo pela manhã.

Hanna tomou seu banho e se vestiu, deitou-se na cama ao lado do marido em silêncio e fingiu dormir rapidinho. Ambos passaram a noite em claro.
Os meses se passaram sem que falassem sobre o beijo trocado, ou o desejo latente em seus corpos.

Na manhã do dia seguinte ao beijo Dylan estava parado de frente ao amigo esperando notícias da irmã. Percebeu o quanto O'Brain estava inquieto e nervoso. Sabia que tinha algo a ver com sua irmã só não esperava ouvir o que saiu pela boca de seu amigo mais fiel.

_Eu beijei Hanna ontem a tarde. Não consegui resistir quando ela disse que tinha sido beijada pelo filho da empregada! Então... - Dylan conhecia bem o seu amigo para saber que estava atraído pela pequena Hanna, só não sabia se era bom ou ruim, teve medo pela irmã durante uma fração de segundos que logo se transformou em curiosidade.

_Outh! Você beijou minha irmã!? E... Hum... Como isso aconteceu? - há algum divertimento no tom de voz de Dylan, um beijo não deveria ser algo para deixar seu amigo tão nervoso.

_Você quer mesmo saber como beijei sua irmã? - Dylan afirma com um aceno sorrindo torto, ele se divertia com o fato de seu amigo estar claramente sem jeito. - Teddy beijou ela primeiro! - resmungou como uma criança rabugenta, a voz amarga mostrava o quanto o ciúmes o estava corroendo.

_Teddy beijou minha irmã? Isso está ficando cada vez mais interessante... - Dylan gostaria que sua irmã pudesse viver um amor, pudesse fazer amigos e se divertir. A garota viveu enclausurada naquele colégio por toda uma vida, precisava viver, mas tudo aquilo parecia diversão de mais! - Você sentiu ciúmes? - o loiro se surpreende com a própria pergunta.

_Por que sentiria ciúmes da sua irmã? - Tylor rebate tentando esconder seus reais sentimentos - Tenho Kate. - responde firme mas, na verdade ele não tinha tanta certeza, estava atraído pela jovem de uma forma muito diferente de tudo que já vivera.

_Se eu não me engano você tinha dito ontem provavelmente no mesmo horário que estava se fartando de Kate. Disse que estava com dúvidas dos seus sentimentos... Você disse algo como "não acho que queira uma mulher como ela, que tipo de mulher assiste o namorado transar com outra e se diverte? Já passamos dessa fase. Quero dar a minha filha um lar seguro e..." Qual foi mesmo a palavra que usou? - Dylan contínua caçoando.

_Você não deveria estar preso a minha jugular agora e querendo estraçalhar meu crânio ou qualquer coisa do tipo? - o moreno tenta provocar. - Afinal de contas ela é sua irmã, sua pura e inocente irmã... - Tylor continua com seu tom sereno, sabia que era uma questão de tempo para que Dylan se desse conta da gravidade da situação.

_Porque beijou minha irmã? Eu estaria fazendo isso se soubesse que você a forçou... - o olhar sério que o rapaz deu a seu amigo fez a espinha de Tylor gelar.

_Nunca faria isso com uma mulher! Menos ainda com Hanna ela é quase uma criança! - Essa era a frase que repetia para si mesmo durante todos os dias e noites. Havia prometido a si mesmo nunca tocar naquela garota por mais atraído que estivesse.

_Eu sei Tylor. Por isso não me importo. - Dylan mente, estava inseguro com relação ao futuro. - Só... Não a magoe cara. Ela já sofreu tanto! - pela primeira vez o moreno teve dúvidas com relação ao plano de salvar sua irmã. Tinha consciência do quanto a jovem era bonita. Mas ela não tinha nada a ver com o tipo de mulher que o Tylor se envolvia, Hanna era doce, falava baixo e não tinha nada de sensual.

_Ela está segura comigo, não vai mais acontecer nada entre nós. - o moreno tem vontade de socar a si mesmo, porque tinha certeza que ceder ao seu desejo pela garota era questão de tempo. Dylan analisa o amigo e algum tempo depois sorri. Um sorriso que o homem julgou ser de aceitação.

O Tylor não sabia se seu amigo e sua irmã estariam embarcando em algum tipo de relacionamento. Torcia para que ambos saíssem intactos, sua irmã principalmente. Infelizmente esse casamento era tudo que precisava para manter a irmã a salvo das maldades do pai.

...

O frio Black olhava para o montante de papéis em sua mesa irritado, havia tentado mais uma vez trazer o conselho da empresa para junto de si. Ofereceu dinheiro em troca de apoio, festas e mulheres. Em vão. Tudo fora em vão porque seu filho Dylan tomara seu lugar com maioria de votos.

Se Stiven Black soubesse que algum dia sua família descobriria sobre a criança que nascera fruto de sua traição teria mandado mata-la. Seu caso com a jovem Annie começou quando Freya Black estava de resguardo em casa.

Sem poder tocar na própria esposa, não que ele a amasse é claro, procurou alívio em outros corpos até encontrar Camile Becker, uma jovem vendedora vinda do interior. Uma menina pura, intocada, sonhadora, fácil de seduzir...

Bastou alguns presentes e palavras doces para Camile ceder aos seus encantos, um pouco mais de paciência e insistência e ele a tinha em sua cama sempre que queria. Stiven fez a garota deixar o emprego e lhe ofereceu abrigo em um de seus apartamentos, uma vida fácil que a garota não encontraria em nenhum outro lugar.

Com uma vida que nunca sonhou, tento mais do que sempre quis, Camile viveu algum tempo sendo amante, servindo ao homem sempre que vinha visita-la. Seja pela tarde, manhã, noite ou madrugada ele sempre vinha para tomá-la. Era feliz vivendo daquele jeito, sempre que ela brigava ou reclamava de alguma coisa, sempre que reclamava da ausência do namorado, ele lhe trazia presentes e desculpas esfarrapadas.

Até que um dia, alguns anos depois...

Os enjôos começaram sempre as seis da tarde, depois no começo da manhã, desmaiou no banheiro e por fim foi incapaz de servir a Stiven Black como ele gostava. Ele foi tão carinhoso e atencioso levando-a ao médico. Ficando ao seu lado. Só para deixá-la sozinha e grávida no momento seguinte em soube da gravidez.

Black deu a Camile uma semana para sair de seu apartamento. Sozinha, sem dinheiro, grávida... Camile conseguiu abrigo com uma colega do antigo Empório onde trabalhava como vendedora. Sua princesinha nasceu saudável e cresceu quase que com somente as doações que recebia.

Camile trabalhou em dois empregos por anos a fio. Até que uma mulher loira, bem vestida e cheirosa apareceu uma noite na lanchonete em que trabalhava. A mulher dizia ser esposa de Stiven Black, uma esposa dedicada e muito rica. Casou-se por amor sendo enganada e roubada pelo marido.

A mulher ouviu Camile, recebeu de bom grado suas desculpas, ofereceu-lhe consolo e nunca mais apareceu, apenas um homem uma vez por mês vinha até a lanchonete para dar-lhe uma boa quantia em dinheiro enviada pela loira misteriosa.

Aquele dinheiro serviu para agasalhar a filha no inverno rigoroso daquele ano, alimentou bem as duas, deu-lhes um teto. Camile ainda trabalhava em dois lugares, juntando e economizando cada centavo. Sonhava comprar uma casa para as duas, sonho esse que Camile conseguiu dias antes de morrer...

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Boa noite. Esse é o último capítulo da maratona. Espero que estejam gostando. Quando as aulas acabarem prometo postar com mais frequência...

Beijos da Luci

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