Bônus - Tylor

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Minha mãe havia falecido naquela semana, dois dias atrás. Eu estava triste e com muita raiva. Enquanto minha mãe morria aos poucos meu pai só trabalhava enfiado naquela empresa.

Eu estava com raiva porque a mulher que era um ícone na minha vida foi arrancada de mim. Deram a ela seis meses que se transformaram em dois.

Eu só queria um tempo para relaxar, a aula de biologia não era nenhum pouco legal e dado o meu estado também não estava nada produtivo.

Eu queria chorar, me esconder, gritar, bater, quebrar alguma coisa. Os sentimentos conflitantes dentro mim somavam ao abandono. Meu pai queria se fazer de forte e talvez, para não desabar na minha frente, ele estava me evitando.

Não tinha visto o velho desde o velório...

Eu não havia experimentado o abandono, tinha uma família unida, pais amorosos e presentes. Quando dona Brenê se foi levou tudo com ela, inclusive o marido que a amava.

Lidar com a perda é difícil, buscamos sempre o caminho mais fácil e foi aí que Kate surgiu na minha vida. Fazia um tempo que ela estava atrás de mim. Eu sabia que ela estava afim, até porquê, ela não escondia.

Enquanto eu conversava com meus demônios, matava aula de biologia e tentava não chorar a garota se sentou ao meu lado vestida com suas roupas curtas e caras, o perfume doce me deixava enjoado.

Ela não disse nada, acendeu um cigarro de maconha e ficou ali ao meu lado. Durante algum tempo.

_A vida é uma cadela Tylor, não tenho uma palavra que pode te fazer se sentir melhor. - ela disse e eu ri do jeito dela, enquanto todos me tratavam como o coitadinho... Kate foi diferente. - Quer saber? Foda-se! Ela é uma cadela e eu sou vadia chefe, você pode ser um puto comigo. Não posso te garantir que a dor vai embora, não o tempo todo mas com certeza posso te garantir diversão, muita diversão!

O que ninguém sabia era que eu não estava triste pela morte da minha mãe, não estenda mal, eu estava ao lado dela quando ouvi o médico dizendo que ela tinha pouco tempo de vida. Eu aproveitei todo o tempo possível ao lado dela. Fiz meus trabalhos da escola sentado numa poltrona de hospital. Ela se foi e tudo bem, eu tinha me resolvido sobre isso.

Eu estava triste, estava fodidamente magoado porque meu pai estava fisicamente vivo e morto para todo o resto, inclusive pra mim...

_Vai, fuma aí, você vai se sentir melhor. - Kate disse depois do discurso inflamado e maluco dela

Aceitei a maconha, coisa que nunca tinha provado na vida. Tive acesso de tosse logo na primeira tragada e fui melhorando nas outras. Um ano depois eu estava experimentado minha primeira carreira de pó.

Nunca ouve um pedido mas Kate logo se tornou minha namorada. Com o tempo ela me convenceu das "vantagens" de um relacionamento aberto. Íamos as mais diversas orgias juntos.

No fundo apesar de nunca assumir eu não gostava daquilo.

Meu relacionamento com Kate e as drogas me levaram a minha primeira overdose. Meu pai me internou em seguida. Oito meses depois lá estava eu batendo na porta dela depois de ficar todo aquele tempo preso numa clínica.

Eu estava limpo e talvez fosse fácil ficar longe das drogas.

Tantas mulheres passaram por mim, nunca tive a oportunidade de conhecê-las, apesar de Kate defender a ideia do relacionamento aberto ela não gostava muito quando ficava com uma mulher mais de uma vez.

Eu aprendi a lição e larguei as drogas, comecei a trabalhar na empresa do meu pai. O sol nascia e eu me vestia de homem sério de negócios, o sol se punha e eu virava o cara das orgias...

Eu fiquei um ano nessa vida bagunçada, a frequência só diminuindo. Um belo dia eu estava cansado de mais para se quer viver. Era o aniversário da minha mãe e eu me lembrei do seu último pedido. "Tenha uma vida boa, uma vida de amor. Se case, tenha filhos no final isso é a única coisa que valerá a pena..."

Kate era a única mulher que eu tinha. Que desejava. Por isso fiz o pedido de casamento que ela sabiamente dispensou. Ela nunca me amou de verdade e constatar isso me deixou na merda. Nem álcool me animou e eu não iria me afundar nas drogas outra vez...

Quando Dilan teve a ideia maluca de me casar com sua irmã eu ri. Eu ri porque imaginei uma menina com roupas rosas, uma cabeça movida a moda e garotos, então ele me contou a história da menina e eu imaginei uma garota azeda, amarga ou com sérios problemas de carência.

Cerca de dois anos antes dessa proposta maluca estava enterrando meu pai e a beira da falência. Precisava conseguir meio milhão em três dias. Dilan me deu um milhão em dinheiro sem nunca me dizer quando deveria pagar. Aliás eu não tinha pago até então.

Eu paguei as dúvidas investi em máquinas e seis meses depois estava de volta a ativa e com força total. Quando ele me fez a proposta eu tinha dinheiro para pagar dobrado e com juros. Eu poderia ter dito não, ele poderia ter me cobrado a grana.

Ao contrário do eu estava esperando, meu amigo, que me socorreu quando e esteve ao meu lado quando precisei. Inclusive para abrir meus olhos sobre Kate. Respirei fundo decidido a sofrer por dois anos com uma adolescente problemática.

Uma coisinha de lindos olhos azuis foi me apresentada. Na noite do casamento tratei de deixar claro que havia outra pessoa e Hanna? Hanna pareceu confusa, tímida e doce.

Linda, foi a primeira coisa que percebi. A inocência foi a segunda. O jeito doce, a calma, a simplicidade de uma criança, a energia que irradiava dela conquistou até meus empregados.

Movido pelo ciúmes eu quis ser o único a beija-la. Essa foi a primeira vez que eu a vi, que a vi de verdade, tímida, me olhando com seus grandes olhos azuis brilhantes depois de ser beijada.

Eu tornei a olhar a garota de cabelos dourados quando estávamos no hospital com minha filha. Sua preocupação e cuidado, o carinho que passava a mão sobre a cabeça do bebê.

Eu vi a mulher que era quando colocou um dos vestidos que havia ganhado de presente do irmão.

Eu vi Hanna e aos poucos estava tão perdido. Me acostumei ao tratamento e a relação com Kate por isso achei que o que sentia era só o costumeiro desejo. Ledo engano... Hanna passou a habitar meus pensamentos, sentia falta do cheiro eu queria beijar ela outra vez.

Sufoquei o desejo até uma noite em que tive uma pequena visão das pernas até boa parte das coxas. Eu queria aquela garota como nunca antes na vida quis alguém. Me sentia um adolescente!

Quando tive o corpo dela sob o meu quando pude sentir seu corpo...

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Boa noite. Capítulo novinho, espero que gostem e que tenha explicado um pouco as coisas.

Beijos da Luci.

Capítulo sem revisão

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