Passei uns minutos aqui, tentando encontrar as palavras perfeitas para começar a contar a história da minha vida. Bem, não as encontrei. Talvez porque perfeição não seja uma palavra coerente na minha realidade. Hoje acabei de descobrir que meu pai encontrou uma pessoa especial, ele está feliz percebi isso nos últimos meses. Mas eu não.
Vou começar do começo. Eu era uma garotinha alegre e feliz até os meus 10 anos, onde tudo mudou. Minha mãe acordou bem cedo e foi me acordar como de costume. Senti seu cheiro de manhã e o calor de seus beijinhos na minha testa me pedindo com carinho para que acordasse. Levantei com a preguiça matinal de sempre, me arrumei, tomei meu lanche. Ela pegou o carro e nós partimos até a minha escola. Nem ao menos tinha trânsito, eu abri minha mochila e fui lhe mostrar um desenho que tinha feito, lá estava eu e ela em um lindo jardim e na parte superior havia uma mensagem que dizia '' Te amo mamãe'' ela se virou rapidamente para a parte de trás do carro
- Que lindo filha, eu também te amo - seus olhos brilharam e ela estampava um doce sorriso
Foi quando tudo girou e um barulho ensurdecedor penetrou em meus ouvidos, foi tudo muito rápido e tudo foi se apagando lentamente. Só me lembro de acordar com uma luz muito forte em um lugar todo branco. Meu pai estava ao meu lado, perguntei pela minha mãe ele apenas me abraçou e nós dois começamos a chorar, eu estava fraca e naquele momento quis nunca ter acordado.
Pelo que fiquei sabendo apenas anos depois do acidente. Um carro atravessou o sinal no momento errado e quando minha mãe viu que ia se chocar com ele, tentou desviar mais acabou capotando. Apesar de todos me dizerem que o motorista do outro carro estava errado, eu nunca vou tirar da cabeça que eu fui a culpada pela morte da minha mãe. Afinal eu a distrai.
Minha vida passou e eu nunca fui a menina doce que era. Não havia motivos para sorrir, sem a minha mãe eu não era nada, não fazia sentido. Prometi a mim mesma nunca sofrer por ninguém e nunca deixar que as pessoas tenham oportunidade de me abandonar. Não que minha mãe tenha feito isso, mas ela devia estar comigo agora.
Tenho poucas amigas porque não tenho paciência para frescuras de meninas. Eu perdi a coisa mais importante da minha vida, não consigo ficar perto de pessoas que choram porque o namorado não ligou ou porque a unha quebrou. Isso não é pra mim. Além de tudo, sou meio desbocada.
- Filha, você não vem jantar??? - meu pai gritou, provavelmente da sala
- Já tô indo!
Meu pai é demais. Sei que ele trabalha muito, mas eu entendo. Sempre que ele pode está comigo. Gosto quando íamos pescar ou melhor quando acampávamos, uau bons tempos. Depois que minha mãe faleceu, ele nunca mais ficou com ninguém,só pensava no trabalho. Sei que ele sofreu demais e até hoje sofre. Por isso estou com medo dessa tal mulher que ele arranjou. Primeiro: Não quero que ele sofra. Segundo: Ninguém nunca vai roubar o lugar da minha mãe e Terceiro: Ele é a única pessoa que tenho, ninguém vai tira-lo de mim.
- Nossa, a que devo este banquete? - disse quado avistei a bela mesa do jantar repleta de coisas
- Bom, primeiro porque eu te amo muito e segundo porque tenho uma notícia para te dar - O que será?
- Sem rodeios, me conta!
- Melhor comermos primeiro! Senta aí - eu me sentei e comecei a colocar a comida no prato
- Ah não me aguento de ansiedade, conta logo por favor - estava ansiosa para saber
- Eu... eu vou... - ele parecia meio nervoso
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Little Things (Noany)
RomanceE se de uma hora para outra seu pai decidisse se casar novamente? E se você descobrisse que agora teria um irmão? E se ele fosse Noah Urrea? Essa história é uma inspiração da versão de Drica Fernandes