"08 de janeiro de 2019. "
Assim que entrei na sala de vistas tinha uma garota com seus 20 e poucos anos sentada de costas para a porta, andei até a outra cadeira, que estava de frente para ela e sentei.
Aquele rosto. Já tinha visto aquele rosto na época que ia para escola. Me lembrava dela, só não lembrava se ela estava no massacre.
- Me lembro de você. – Falei.
Ela me olhou, pareceu horas enquanto reparava em cada detalhe do meu rosto e de como estava com as mãos na mesa. Nós começamos a conversar, na verdade ela veio aqui somente por conta de um trabalho, mas resultou somente em duas perguntas respondidas por mim, vagamente.... Estava mais curioso em saber se havia acontecido de novo depois de mim.
E quando eu perguntei, ela ficou incomodada e isso era evidente, minutos depois ela começou a falar. A contar que foram três garotos, que todos estavam com medo e desesperados, que ela tomou a decisão mais estúpida da vida dela em ir para onde dois dos garotos estavam, acabando por ser atingida por uma bala que "por sorte" pegou em seu braço, um dos atiradores matando o que a atingiu, e depois mantando seu namorado na época.
Aquilo de fato me deixou confuso. E curioso. Por que um dos atiradores matou o outro com 7 tiros por ter a atingido? Mas quando ela respondeu que o garoto que planejou, se inspirou em mim, matou o "amigo" e matou o namorado dela, era seu irmão, tudo fez sentido.
Toda aquela história durou quase nosso tempo todo do horário de visitas, e não tinha ideia de quando a veria. Ela se levantou, esperando carcereiro vir abrir a porta. Levantei também.
- Posso ver? – Perguntei me referindo ao seu braço.
Ela levantou a manga e lá tinha uma pequena cicatriz, mas visível o suficiente; comecei a levantar a mão para tocar, mas abaixei no mesmo instante quando a porta se abriu, o carcereiro veio até mim e colocou as algemas.
Saímos da sala, mas antes que ela pudesse sair do corredor, gritei:
- Quando você vai voltar?
- Sexta-feira que vem. – Ela respondeu.
Dei um pequeno sorriso, mas fui empurrado com força pelo carcereiro, me obrigando a voltar a andar para minha cela. E lá estava eu novamente, numa cela onde tinha duas camas, mas somente um presidiário. Suspirei e deitei na cama, já tem mais de 5 anos que estou aqui, mais de dois mil dias em que me encontro nesse lugar.... Por mais que eu detestasse esse lugar, não me arrependo de nada do que fiz.
Acabei adormecendo. Acordei com o barulho de chaves abrindo a cela e um carcereiro empurrando um garoto, que deveria ter uns 19 anos, para dentro da cela.
- Seu novo companheiro Langford. – O carcereiro falou e saiu, trancando a cela.
Olhei para o garoto, ele me lembrava alguém.... Ele era muito parecido com a garota de hoje mais cedo. Pele branca, olhos verdes e cabelos cor de mel.
- Sou Peter. – Falei.
- Jason. – Ele falou.
O silêncio se instalou na cela, ele foi para a cama e começou a tirar algumas coisas de uma das sacolas que ele trouxe para cá. Dentre essas coisas, duas fotos. Uma me chamou a atenção, era a garota de hoje.
- Quem são? – Perguntei.
Ele me olhou e voltou a olhar as duas fotos. Ele levantou a mão direita, onde tinha uma foto que parecia ser a família.
- Minha mãe, meu pai e minha irmã mais velha. – Ele falou. – E essa é minha irmã e eu, a nossa última foto, juntos, antes de eu vir parar aqui.
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Psycho
Romance"Era início do verão, só tinha mais uma semana de aula e depois férias. Foi quando a vi pela primeira vez, ela estava usando um vestido florido, nada que fosse muito chamativo. Apesar do verão ter chegado, ainda ventava muito, fazendo com que seu ca...
