Vermelho sangue

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— O que você acha de nos encontrarmos amanhã? — A voz de Tomioka saiu embargada, a respiração estava ofegante, assim como a do ruivo a sua frente.

Tanjirou estava sentado em cima da mesa, enquanto Giyuu estava entre as suas pernas. Quando o professor tinha tempo, o final das reuniões de clubes poderiam ser bem interessantes, não iriam deixam uma oportunidade dessa passar, pois estavam com saudades de conversarem pessoalmente, olho no olho. E de outras coisas também.

— Desculpa, amanhã terá uma festa para comemorar o aniversário do Inosuke. — Acariciou o cabelo rebelde do outro.

— E depois?

— Nós vamos dormir na casa de Kanao-chan — Disse triste, arrumando seu uniforme amarrotado. — Não vai dar.

Tomioka saiu da posição e sentou-se à mesa junto do ruivo.

— Tudo bem, domingo então?

— Claro!

Giyuu pegou o celular para checar as horas e saber se não tinham ficado muito tempo ali, o brilho da tela era tão forte que chamavam os olhos escarlates como um ímã. Ele jurava que não gostava de bisbilhotar as coisas, mas ali na tela possuíam três mensagens com o nome Sabito; parecia uma conspiração, pois sempre que olhava para o celular dele via alguma coisa do Urokodaki.

— Você e Sabito-san são muito amigos, né? — Poderia aparentar ciúmes? Sim, mas sua curiosidade era grande demais para ignorar.

— Ele diz que somos irmãos de pais diferentes. Por quê?

— Eu só sou muito curioso — Deu um sorriso amarelo. — E eu gostaria de saber mais sobre você, já que não conta muito.

— Ele gosta de me arrastar para sair com nossos amigos, diz que não quer um amigo emo e antissocial. — Aquela revelação fez Tanjirou rir — Eu só preferia ficar em casa sozinho ao lado de livros e café.

— Isso combina mais com você. Como se conheceram?

— Aqui, nos estudamos nessa escola. Ele me protegia porque eu não tinha coragem de me defender, e na época eu sofria bullying.

O queixo dele caiu, Giyuu sofrendo bullying? Era possível mesmo? Durante o tempo que passaram juntos, viu que ele era distante e preferia livros que ficar em grupos. Mal sabia que naquele tempo, Tomioka era mais extrovertido e sempre mantinha um sorriso no rosto, desde então sua personalidade mudou para mais calma e fechada. Tanjirou ficou feliz por ele estar se abrindo mais, devagar os seus laços estavam se fortalecendo. Havia tanta coisa que queria perguntar, mas sabia que se não quisesse parecer invasivo, teria que questiona-lo aos poucos.

— Fico feliz que você teve um apoio, ele é mesmo um grande amigo. Para mim, é surpreendente que isso tenha acontecido com você.

Tanjirou o abraçou bem forte e Tomioka apenas aceitou, retribuindo. Sabito foi tão bom para si, foi seu companheiro, seu ombro amigo; nos seus braços sempre encontrou consolo para todos os problemas, que foi inevitável não se apaixonar por ele. Mas, claro, já superou, e não via necessidade de contar isso ao Kamado. Não era importante e queria evitar desentendimentos.

— Se quiser me encontrar amanhã, manda mensagem.

— Talvez não seja má ideia — Ficou de pé e o beijou — Agora tenho que ir que minha irmã está esperando.

— Até, Tanjirou.

Suspirou pensando no que estava fazendo da vida, quão perigoso era aquilo. Arrependido? Nem um pouco. No entanto, não ficou muito tempo no silêncio, o celular tocou e era Sabito. Por mais que ele fosse jovem, ainda gostava de ligações, pois não tinha paciência para mensagens de texto e achava mais prático ligar de uma vez. Apesar de odiar falar pelo celular, Giyuu não reclamava, já estava acostumado e era bom ouvir a voz dele. Sabito era aquele que sabia de todos os seus segredos, seu confidente, seu melhor amigo, era a pessoa com que mais se sentia confortável para se abrir.

Paixão ImprevistaOnde histórias criam vida. Descubra agora