Desconfianças

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Inosuke correu o mais rápido que conseguia, desceu os degraus tão depressa que em um piscar de olhos já estava no térreo e indo em direção à porta. Tocou a maçaneta e forçou para que abrisse, mas estava trancado e ele bufou nervoso, frustrado e com o coração batendo tão forte e alto que nem ouviu os amigos perguntando preocupados o que havia acontecido. Somente quando Tanjirou tocou seu ombro que o moreno virou para trás e viu todo mundo com um ponto de interrogação estampado na cara.

A respiração estava ofegante e descompassada, era visível seu peito subindo e descendo depressa, e o rosto rubro, além de que a expressão dele era um misto entre medo, vergonha e confusão. O ruivo estranhou, nunca tinha visto Inosuke assim na vida, mesmo sendo amigos de longa data e passado por tanta coisa juntos.

— O que aconteceu? — Perguntou preocupado, tirando a mão do amigo da maçaneta — Você está bem?

— Não, eu... Quero ir para casa.

Todos se entreolharam sem entenderem nada, muito confusos; alguns franziram o cenho e ficaram, ainda mais, apreensivos. Há pouco tempo Inosuke estava animado com tudo, devia ter acontecido algo quando ele subiu atrás de Genya. Aliás, por que foi mesmo atrás dele? E como era esperado, não contou nada, guardou apenas para si, era tão difícil se abrir quando tratava-se de sentimentos. Estava transtornado, sentia sua cabeça dar voltas com tantas perguntas, estava prestes a gritar para calarem a boca, mas o Kamado e o Agatsuma o levaram para uma parte mais calma da casa do lado de fora, onde ficava a piscina e algumas cadeiras e mesas, antes que tivesse um treco.

Lá ia poder se acalmar e seria melhor para conversar sem pressão de olhares curiosos. Sentou-se em uma das cadeiras de madeira que tinha ali, respirou fundo e inspirou pesado por uns segundos, depois se levantou e jogou uma água no rosto. Já estava bem melhor, mesmo sentindo que estava tremendo um pouco. Por que caralhos estava assim? Tentou o máximo que conseguia voltar ao seu normal, e os amigos foram muito pacientes e ficaram ao seu lado o tempo todo.

— O que aconteceu? — Zenitsu perguntou logo, ao ver que o amigo estava bem melhor — Nem adianta dizer que não aconteceu nada, porque é só olhar a sua cara para saber que é mentira.

Até Tanjirou que era o mais paciente e cuidadoso, concordou com o Agatsuma que deveria perguntar logo, pois Inosuke nunca agiu dessa maneira na vida, parecia ser muito sério. Então, o avermelhado tocou o ombro do amigo como uma forma de consolo e segurança; por sua vez fitou o Kamado que lhe olhava com ternura, sentiu-se bem.

— O Shinazugawa fez alguma coisa? Não tenha medo de dizer. — Incentivou, dando tapinhas no ombro — Por que foi atrás dele?

— Eu só não quero falar sobre isso... — Desviou o olhar do amigo para encarar o chão — Estou muito confuso, preciso pensar sozinho.

— Tudo bem, mas não vai embora, sério. — Pediu o loiro com as sobrancelhas arqueadas para baixo, em tristeza.

— Vamos comprar as bebidas, você vai se distrair um pouco — Puxou animadamente o Hashibira pelo braço — Só não vai descontar na bebida ou você vai sofrer em nossas mãos. — Deu um sorriso travesso.

Sua expressão atônita deu lugar a um sorriso, realmente tinha os melhores amigos do mundo e sentiu-se muito bem e acolhido. Para ele, não era hora de contar o que havia acontecido, porque gostou para caralho e não entendeu o porquê, passou sua vida toda pensando que era hétero, então ocorre algo assim... Sentiu-se tão sem rumo e desnorteado. Tudo bem que nunca sentiu tanta atração por garotas, e já tinha noção disso, mas nunca se importou ao ponto de pensar sobre. Com Genya era tão diferente, era um sentimento tão novo e único, o garoto mexia tanto com seu interior quanto seu exterior, tentou ignorar o quanto pôde, mas depois do beijo tudo, que já era muito confuso, se emaranhou mais em uma teia de incertezas.

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