Chá e mais algumas coisas

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Estava nervoso, não conseguia evitar isso, pois Tomioka possuía uma presença que mexia consigo de tal forma que não encontrava palavras para se expressar. Seu jeito calado e, de certa maneira, misterioso, deixavam Tanjirou curioso para descobrir o que estava por trás daqueles orbes azuis escuros e de suas atitudes. Gostava, adorava ter o desafio de descobrir algo, pois era muito satisfatório, visto que estava curioso sobre o enigma que era o passado de seu professor.

— Acho que dessa vez não vou descobrir para onde vamos — Disse divertido. — Não faço ideia.

O moreno lhe direcionou o olhar, o desviando da rua pouco movimentada. Ao olhá-lo, o ruivo notou que a expressão divertida presente em seus orbes, logo deu lugar para uma hesitante e preocupada.

— Você se sentiria bem se eu te levasse para a minha casa? — Perguntou, só não continuou seu olhar sobre ele, pois precisou voltar a atenção para a rua, assim que alguns carros surgiram. — Ou você quer ir para outro lugar?

O rosto do ruivo adquiriu uma tonalidade vermelha imediatamente, muitas besteiras passaram pela sua cabeça. Engoliu em seco e puxou a cola da camisa, a fim de respirar melhor.

— P-pode ser. Eu não vejo problema, Giyuu-kun. — Sorriu sem graça e envergonhado.

Tomioka deu um sorriso discreto, uma vez que percebeu o nervosismo do outro e o achou adorável.

— Tudo bem, então — Respondeu, apenas.

Sentiu suas mãos suarem frio, podia ser um garoto muito ingênuo às vezes, mas não era inocente, passava longe disso, na verdade. Se pegou pensando se hoje seria o dia tão esperado, pois ainda era virgem, nunca ultrapassou o limite dos beijos e mãos bobas. Só de imaginar que perderia agora, com Giyuu, fazia seu coração saltar de apreensão. Estava incerto. Seria ótimo? Com certeza. Mas ele era mais velho, mais experiente, será que iria gostar do momento?

De soslaio, o moreno notou que o outro havia ficado tenso. O rapaz era sempre muito falante, agora estava quieto e encarando seu reflexo no vidro sem realmente estar se enxergando, perdido nos próprios pensamentos. O que será que havia passando pela sua cabeça? Pois seu jeito mudou quando mencionou que iriam até sua casa. Pensou em questioná-lo se estava tudo bem, mas Tanjirou sentiu seus olhares preocupados sobre si antes que o pudesse fazer.

— Estou curioso como sua casa é, Giyuu-kun — Sorriu meigo, fazendo suas covinhas aparecerem.

— Logo vai descobrir, estamos perto.

E como foi dito, só foi virar umas duas esquinas que o carro parou em frente a uma casa pequena e simples. Os olhos escarlates fitaram curiosos e admirados pela janela ao lado do motorista, achando-a muito fofa por conta da cor azul e marrom claro e do pequeno jardim charmoso. Parecia que a maior parte da construção possuía madeira como principal material, mas, além do piso amarronzado, o ruivo não possuía certeza se realmente se tratava deste material. Não sabia porquê, mas o imaginou morando em um pequeno apartamento de cores monocromáticas que iam do branco ao preto e tons de cinza, que eram muito comum por ali.

Giyuu não disse nada, apenas observou o outro contemplando tudo com interesse e curiosidade; seus olhinhos se assemelhavam aos de uma criança descobrindo algo novo e único. Se encontrava neste estado pelo desejo de descobrir mais sobre o mais velho, pois tudo no outro era uma incógnita e fascinante. Visitar sua casa o fez se sentir mais íntimo e teve uma sensação de que o relacionamento deles pudesse ser mais aprofundado e evoluir para algo a mais, ir além de apenas uma aventura passageira. Não tinha certeza se Giyuu morava sozinho ou não, uma vez que se morasse com alguém, provavelmente não estariam lá agora, para evitar questionamentos. Seria, no mínimo, suspeito e muito estranho um professor trazer um aluno à noite após as 22h para sua casa. Se questionou até sobre os vizinhos, cidade pequena tinha esse problema, fofoca e pessoas cuidando da vida dos outros.

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