Capítulo 22

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  Lyra Medeiros*

  O dia estava frio, as nuvens carregadas ameaçando chover a qualquer momento, justamente hoje o sol se escondeu, depois de quase três semanas acordei decidida à fazer uma visita para Xande, não seria aquela visita de tempos atrás, aquela que nos cobriamos de abraços e doces sorrisos, seria apenas uma visita triste e dolorosa.

  Escovava meus cabelos de frente ao espelho.

  Flashback on:

  -E a nossa amizade? Perguntei.

  -Continuara como sempre, nunca vou te abandonar... Eii olha para mim. Disse Xande tocando no meu rosto.

  -VOCÊ pode me deixar sozinha? Perguntei sem o olhar.

  -Tenta entender, virei te visitar. Disse ele hesitante.

  -Por favor, Xande. Falei e ele assentiu triste.

  Flashback off:

  -Como eu queria voltar no tempo, faria tudo, absolutamente tudo diferente... Só queria mas uma oportunidade. Falei olhando para o meu reflexo no espelho.

  Peguei meu casaco preto e descie as escadas devagar para não chamar a atenção de mamãe que preparava o almoço na cozinha, abrie a porta e apressei os passos, no caminho mil pensamentos me torturavam enquanto o vento soprava meus cabelos.
  Cheguei no portão do cemitério e o coveiro o abriu, estava eu olhando fixamente para aquelas covas que escondiam e abrigavam quem um dia teve milhões de sonhos que não saíram de seus subconscientes, meu corpo havia travado e eu não conseguia entrar, estava imóvel segurando firme uma rosa branca, respirei fundo e caminhei lentamente passando por diversas catacumbas com fotos e frases até chegar na de Xande, toquei na foto que estava presa ao cimento.

  -Oi Xande, desculpa não ter vindo antes você se foi levando todas as minhas forças com você, me perdoa por todas as vezes que agie friamente com você, que não te escutei e discordei por orgulho. Estou mudando, sei que não estará mais aqui para vê, mas estou tentando melhorar por você e tentando não descontar minhas dores em quem não me feriu, você tinha razão as pessoas não são tão más, eu que sou durona. 
Falei abrindo um pequeno sorriso entre as lágrimas.
  -Obrigada, obrigado por ter entrado em minha vida e ter deixado que eu fizesse parte da sua, na verdade estou um pouco chateada com você, não queria que estivesse partido assim, inesperadamente, mas Deus quis assim e quem sou eu para questionar?

   Levei a rosa aos labios, lhe dando um beijo suave antes de coloca-la ao lado da foto que ele estava encostado na moto.

  -Eu te amo, você sempre estará no meu coração... Ahh Xande como amar dói, dói tanto que chega a me sufocar!  Falei sentindo algumas gotas de água tocarem minha pele.

  Fechei os olhos e comecei a cantar!

  🎶🎤

   Se eu fecho os olhos a minha mente desenha você, tapo os ouvidos mas consigo escutar sua voz, só de pensar que nunca mais eu vou te vê, dói, dói, dói.

  🎤🎶

    -Nunca mas poderemos cantar juntos e fazer os duetos que tanto amávamos, sozinha eu não cantarei mas, a música será algo nosso, só nosso... Preciso voltar, a chuva está ficando forte, não são só mas algumas gotinhas.

  Olhei para o céu e comecei minha oração.

   Senhor és digno de toda honra e louvor, te agradecemos por cada sorriso e por cada dia que nos proporcionou juntos, os teus planos são maiores que os meus, os meus sonhos não se comparam aos que você tem feito para mim, abençoe grandemente todas as pessoas que buscam a te pai, cuide da minha família e dos avós de Xande lhes dê consolo nesse momento tão difícil, Amém!

Muito, Muito, Sempre.Onde histórias criam vida. Descubra agora