A Cidade Litorânea é a única cidade do reino de Rune que o Sol não alcança. Por isso, ficou conhecida por todos como "A Cidade da Noite Eterna". A única luz que banha a cidade é a de grandes tochas que as pessoas acendem. O frio surge de dentro das cavernas que fazem ligações da cidade com as terras do lado de fora.
O frio é intenso para os viajantes, mas para os moradores não é nada. Eles estão acostumados com o frio. O clima é propício para grandes festas cheias de álcool, dança e apostas. As festas fazem o povo esquecer de todo mal que já sofreram, por isso, todos os dias são festivos.
A dança e a música sempre foram tradicionais na Cidade Litorânea, a casa para Bardos e Odaliscas mais famosa do reino.
Nas grandes festas, Bardos encantam os viajantes com suas músicas mágicas, e as Odaliscas seduzem o público, hipnotizando-os para gastar mais e mais dinheiro, enriquecendo a cidade.
Não todas as Odaliscas usavam seu encanto com o objetivo de seduzir; algumas dedicavam suas danças a agradar aos grandes Deuses. Seu desempenho não consistia apenas em um espetáculo visual, mas sim em uma expressão artística profunda e sagrada. Destacavam-se pela habilidade em transcender o aspecto sensual, conferindo à dança uma conexão íntima com os Deuses. Essa singularidade tornava-as figuras respeitadas e reverenciadas na comunidade. Por meio dessa dança e encanto, uma magia poderosa era criada.
Singrid Frid, uma bela jovem de pele morena e cabelos cacheados, realizava movimentos suaves com seu corpo em frente às grandes estátuas de Deuses Nórdicos. Era uma Odalisca Ritualística. Sua roupa, repleta de véus de organza azul, fluía levemente; as moedas douradas de seu bustiê balançavam e batiam de um lado para o outro em sua barriga. Sua saia, do mesmo tecido dos véus, voava com o vento que entrava pelas janelas, e as moedas de seu short acompanhavam o som dos instrumentos tocados por outras mulheres. Uma leve luz dourada emanava de cada uma que dançava e tocava.
- Sing? - uma bela mulher a chamou do canto da sala.
A Casa das Odaliscas proibia a entrada de homens.
- Sim, mãe? - disse a garota parando de dançar e olhando na direção da mãe.
- Venha aqui. - chamou.
As garotas pararam de tocar, a luz se dissipou, as mesmas se juntaram para conversar.
- Olhe. - disse estendendo um bracelete de ouro - Isto é para você.
- É lindo! - a garota pegou o bracelete empolgada e pôs no braço, admirando-o - Mas, qual a ocasião?
- É o meu bracelete, - disse a mulher sorrindo - eu usei no dia do meu casamento. E agora eu passo ele para você. Você irá usá-lo no dia do seu.
- Ah mãe! - a garota tirou a joia rapidamente do braço - Quantas vezes eu já lhe disse, eu não quero um casamento arranjado.
- Minha filha...
A garota saiu batendo os pés, e a mãe andou atrás dela.
- Filha, você nem precisa conversar com ele.
- Belo casamento, mãe.
- Funcionou comigo e seu pai!
- E olha como estão agora!
- É tradição Odaliscas se casarem com Bardos.
- Para o inferno as tradições. Eu não quero isso para minha vida... Eu sempre leio os livros e vejo como são belos os romances. Eu quero ter um romance também, mamãe!
- Filha, esses romances não existem... Eu casei com seu pai, foi um casamento arranjado e, no fim, nos demos muito bem.
- E pela tradição, eu nasci, não o conheci, e vocês se separaram.
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A Maldição de Rune [REVISANDO]
FantasyNo princípio, havia os Grandes Reis: eram fortes, sábios e poderosos. No entanto, cada cidade foi invadida por monstros terríveis comandados por algo maligno, desconhecido e muito poderoso. Desde então, construíram grandes muros e defesas em volta d...