Lembro-me muito bem daquela noite, era lua cheia e eu estava voltando para casa, caminhar tranquila na floresta era um tranquilizante para mim, mas infelizmente, eu não estava sozinha naquela época.
Eu tinha somente nove anos, mas conseguia sentir a sede de sangue daquele homem que me perseguia irado, principalmente, quando descobriu que eu o estava fazendo de trouxa, o fazendo andar em círculos por horas. O que eu podia fazer? Eu era uma criança e ele não era o primeiro que me perseguia na floresta, era hilário vê-los gritar frustrados quando me perdiam de vista.
Infelizmente esse homem era diferente, o despistei várias vezes, mas ele continuava me achando, me perseguindo, sua sede de sangue aumentando.
Eu estava ficando com medo e por algum motivo aparente começava a me lembrar de dois anos atrás, dos sentimentos de medo e confusão de quando acordei sem nenhuma memória do passado, de quando acordei desesperada sem saber quem eu era. Também lembrei da satisfação e medo de quando minha casa foi construída na arvore central dessa floresta, não por mim, mas pela própria arvore. Achei que estava ficando maluca, arvores não falavam, muito menos se mexiam, pelo menos era o que eu achava.
E não só essa arvore, que se demonstrou super protetora demais para uma arvore, mas as subsequentes também, descobri até que algumas poderiam ser muito mal-educadas e outras rudes e egoístas, foi quando eu achei um incrível coelho branco de olhos azuis, chamado.... Azulis.
Ri incontrolavelmente da ironia, chamar algo ou alguém de um nome de cor ou algo parecido simplesmente por que essa cor se destacava era irônico, senão cruel. O pobre coitado parecia magoado até com o próprio nome, então me desculpei pelo surto, não podia culpa-lo.
Foi quando ouvimos um garotinho da minha idade chamando o nome tosco do coelho, este parecia querer trucida-lo, então comecei a achar que ele era o dono do coitado, já que ele era branco demais para ser selvagem.
Só não esperava a parte do "minha irmã não vai mais dar banho em você", então novamente não controlei o surto de risadas pela ironia da situação.
Continuaria rindo mais se não tivesse sentido que aquele garoto estava indo para o precipício, mas fui lenta demais e ele caiu. Fiquei com medo, não queria que o desconhecido morresse na minha frente e por sorte o acho se segurando precariamente para não cair.
Me jogo no chão tentando puxa-lo para cima, seus olhos demonstravam o medo de morrer e não sei como eu consigo.
Mais tarde descubro que ele se chamava Symon e foi ele que deu o meu nome, Adélia. Olhando os gladíolos que cresciam precariamente naquele mesmo precipício que quase o matou, ele parecia muito feliz e pela primeira vez, senti que não estava sozinha.
Ele se tornou meu melhor amigo e irmão, mas infelizmente não sabia se o veria de novo se esse homem me encontrasse. Ele queria me matar.
Continuo correndo, mas não conseguia fazê-lo desistir como os outros, começo a me desesperar o suficiente para entrar em uma caverna e me xingar por entrar em um beco sem saída.
Queria chorar pela ironia, estava prestes a desistir, mas uma luz no final do túnel chama minha atenção, uma luz rodeada de estrelas giratórias. Estas eram hipnotizantes e pareciam me chamar.
Então... eu tinha duas opções: ficar e lutar contra aquele maluco ou pular na luz. Eu escolhi a segunda opção, mas nunca desisti de voltar para cá, de voltar para o Symon.
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Legado
FantasyEle teria uma vida considerada normal, apesar de ser rico e odiar isso, cercado de pessoas interesseiras. Nada seria anormal, além de pacato, os únicos verdadeiros eram seus amigos de verdade. Ela não tem nenhuma memória do passado, sua vida se base...