4.Charal

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Symon

- O que pretende fazer em Charal, Adélia?

- Respostas, Alice, respostas. – diz mostrando a chave para uma Alice preocupada

Ela se levanta com a varinha na mão, se virando de costas para nós e fez um pontinho brilhante no meio do ar com a ponta de sua varinha. Esse pontinho foi crescendo, girando e ondulando até aparecer a cachoeira da cidade.

- Mas antes, vou mandar o Symon para casa – diz se virando para nós

- Não! Se pensa que vai para Charal sozinha, está enganada. – digo indignado

- Não é uma opção, Symon. Você não conhece ou sabe nada de Anemida e seus perigos. Entre logo no portal! – ela me encara determinada

- Não!!! E não vou me mexer!!! – grito a desafiando

- Cabeça dura! – ela diz me encarando

- Teimosa! – digo a encarando de volta

Ficamos encarando um ao outro por um tempo, até ela ceder e olhar para Alice e Sogon em busca de apoio, mas o que encontrou foi justamente o oposto, ambos concordavam comigo.

Vendo que não conseguiria nada a seu favor, ela estala os dedos e o portal evapora.

- Vocês são muito cabeça duras. – ela diz suspirando ao nos encarar

- E você tem a teimosia de querer correr perigo sozinha. - digo cruzando os braços

- Symon. - ela diz cerrando os dentes

- Estou errado? – digo arqueando a sobrancelha

- Não – ela diz derrotada

- Eu vou com você, queira ou não.

- Eu também! – Sogon diz pulando de alegria

- Não! Mocinho, você não vai escapar de suas obrigações!

- Mas, mãe! – ele diz implorando

Alice o encara assustadoramente séria, o assustando e fazendo-o sair da sala. Depois nos olha solene e nos deseja boa sorte.

As duas se abraçam por um longo tempo, se afastando somente para olhar nos olhos uma da outra, só se afastando de vez depois de um tempo. Então Adélia abre outro portal, onde aparece um vulcão enorme, seco e inóspito e logo após aparece uma parede. Ela se vira para mim com um ar sério.

- Aconteça o que acontecer, fique perto de mim e faça tudo o que eu dizer para você fazer. Ou você se meterá em encrencas de escalas gigantescas.

- Tipo... – digo cruzando os braços, me segurando para não engolir em seco

- Se tornando escravo ou gladiador, sendo enviado para lutas e jogos que tem como prêmio, a sua vida. Ou pode ser amaldiçoado. – ela diz sombria

- Você fala como se já tivesse passado por isso. – digo tremendo discretamente

- Já vi de perto e já fui amaldiçoada – diz encolhendo os ombros e tremendo ao lembrar de algo desagradável

Alice que estava ouvindo enquanto arrumava os livros na prateleira, deixou um cair com um forte estrondo, estupefata. Ela se vira para encarar Adélia.

- Quando? Como?

-Em uma missão. – Adélia diz como se não fosse nada

Ela se virá de costas para nós, levantando um pouco a camisa, assim revelando uma fraca cicatriz espiral na região lombar que um dia poderia ter sido uma tatuagem e nos encarou abaixando a camisa.

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