Legado

5.A caverna da coragem

Adélia

Não consegui mais conter o riso, quando saímos da cidade. O sol já estava começando a se pôr e estava ficando mais quente, não para mim, mas para Symon que agora estava com as roupas coladas no corpo de tanto suar.

Parei de encara-lo de soslaio quando me perguntou por que estava ficando mais quente, nem havia notado que ele não notará que estávamos em uma área vulcânica, que mesmo a lava não subindo, a terra não impedia o calor de fazê-lo. Então ao explica-lo, infelizmente tive que falar também que o clima e as temperaturas não me incomodavam e isso gerou o assunto de como íamos comer nesse lugar inóspito, me obrigando a dizer que eu era vegetariana e que Tiahlia sempre sabia onde encontrar boas frutas.

Seu cansaço estava tão evidente, me obrigando a fazermos uma pausa para descanso, fazendo- o me achar maluca por querer parar nesse calor. Quando indico a caverna logo a frente, ainda se mostrou contra, só me ouvindo quando lhe ameaço manda-lo para casa.

Nós entramos na caverna sentando em uma rocha enorme, de costas um para o outro. Eu sentia uma enorme quantidade de magia vinda da caverna, só não sabia de que direção, sentia a bagunça que eram os fluxos mágicos ali e eu não conseguia deduzir onde era sua origem assim.

- Adélia, você está ai? – pergunta Symon me tirando de meus pensamentos

- Claro que estou. Por que a pergunta? – digo confusa

- Não sei você notou, mas está muito escuro...

- Do que você está falando? Eu... – digo me virando para encara-lo

Engoli em seco, não podia falar que não estava escuro, porque tinha magia por todo lado, deixando rastros brilhantes. Isso pareceria loucura.

- Você... – diz confuso com minha interrupção

- Esquece – simplesmente digo

"Lumina" murmuro estalando os dedos e uma esfera de luz aparece em minha mão enluvada

Ouço Symon praguejar, seguido de um BAMP.

- Você está bem? – pergunto o encarando no chão

- Por que não fez isso antes? – diz levantando e esfregando a bumba

- Esqueci que você está comigo – simplesmente minto

- Você enxerga no escuro?! – diz arregalando os olhos

- Claro que não. Estamos perto só não sei em que... – digo e paro ao encarar o teto

Observando novamente os rastros percebo a mudança súbita de padrão, todos indo para o sul da caverna, para o centro do vulcão. Encerro o feitiço, observando a bagunça magica novamente e ao refaze-lo, observo todos os rastros indo para o sul.

Novamente me pego entrando naquele estado analítico, mal notando que estava estranhando em voz alta, por isso me surpreendi com as perguntas de Symon e perdi o equilíbrio, só não caio no chão por que Symon me segurou e encarando-o o repreendo por me assustar, lhe contando a minha descoberta: o fluxo magico muda com meu feitiço de iluminação e nos guio pelo caminho.

Conforme íamos adentrando a passagem, mais notava o como ninguém nunca passou ali, como por exemplo, o chão inclinado como se estivesse subindo, além do caminho diminuir a ponto de termos de engatinhar e havia pontos bloqueado por teias de aranhas ou por estalactites e estalagmites, me obrigando a desbloqueá-lo com feitiços enquanto iluminava o caminho.

Estava me exaurindo de novo, quanto mais nos aproximávamos, mais notava a dificuldade de Symon respirar atrás de mim e mais luz emitia do meu anel dando um tom avermelhado ao meu feitiço de luz branca, além da chave no meu pescoço estar cada vez mais quente de um jeito insuportável, conforme adentrávamos no vulcão.