Symon
Depois de toda aquela comoção, finalmente consigo respirar novamente. Se tinha uma experiência que eu nunca gostaria de passar de novo é ser ameaçado por lanças e espadas, isso claro inclui ver Adélia ser ameaçada também.
O mais estranho foi a reação deles diante da carta e como eles a olhavam agora, como se só notassem algo depois de vê-la.
Eles começaram a tentar bajula-la e ofereciam coisas e aposentos, mas minha amiga educadamente os negava. Eu via seu manto branco ficando manchado no lugar do braço direito e surtava silenciosamente, tinha certeza que ela não ia querer parecer ferida e indefesa nesse ninho de cobras.
O mais surpreendente foi quando mal saímos do castelo e a garota que estava ao lado da mulher de vestido apertado veio atrás de nós e nos contou que ela era como Adélia, uma feiticeira capaz de usar mais de um elemento. No caso dela, os três estados físicos da água. Seu nome, Marion Ali parecia alertar os guardas.
Eu não precisava ser um gênio para saber que ela era uma das veteranas do Colégio de Magia, já que era claramente três anos mais velha que nós.
Nem esperou permissão para nada e já foi nos levando para sua casa.
Lá ela dispensou todos os empregados, antes que nos visem e sem perguntar nada empurrou Jenna e Gabry para os banheiros para se lavarem.
Nesse momento eu escuto um pequeno gotejo e encaro Adélia que cambaleava, o tapete da sala já manchado do sangue dela.
Agora eu realmente surtei, a amparando e comecei a entrar em desespero quando vi as ataduras completamente pintadas de vermelho, do sangue dela.
- Jenna! Se apresse aí! - grito com mais urgência do que gostaria
- Ok, ok. Já terminei, o que você... - ela diz enquanto vinha para a sala secando os cabelos com uma toalha, mas se interrompe ao ver a situação - cadê minha mochila?
- Aqui, está tudo do jeito que você deixou. - Mathew lhe devolve alegremente
Ela imediatamente começa a revirar a mochila procurando coisas e o que achava apropriado o colocava em um pano estendido no chão.
Primeiramente ela cortou as ataduras, jogando-as no cesto que Marian trouxera assim que viu a situação. Como eu suspeitava aquelas marcas de garra haviam se aberto, já que não havia se feito nada a respeito.
Jenna imediatamente pediu muitos panos e começou a limpar, primeiro com o pano molhado e depois com o pano banhado em poções.
Adélia gemia de dor, mas se mantinha firme conforme o cesto foi - se enchendo de panos ensanguentados.
Em determinado momento, Marion retirou o tapete também, queimando-o imediatamente, assim como os panos descartados.
Ao final, depois de mais gemidos da minha amiga e uma das minhas mãos com a circulação interrompida, Jenna descarta a agulha e linha que usou e enrola o braço outra vez em ataduras.
- Como isso ficou assim, Adélia? Marcas de garras não abrem desse jeito! - Jenna diz se avaliando com desgosto
- Ela foi arremessada contra a parede duas vezes e você sabe muito bem que não são somente marcas de garras - digo lhe devolvendo no mesmo tom
Marion que estava alheia a tudo simplesmente ficou vendo nossa discussão, claramente não estava entendendo nada.
- Chega, vocês dois. A culpa foi minha, não tenho mais o mesmo controle que antes e esse foi o resultado - Adélia diz cansada
Jenna bufa, mas não diz mais nada, sai da sala revoltada para tomar banho de novo.
Agradecemos a Marion e explicamos o que havia acontecido, ela simplesmente ouviu e sem mais nem menos anuncia que vai conosco nessa empreitada.
Adélia foi contra, mas não tinha argumentos e acabou adormecendo naquele sofá mesmo.
Assim que ela acordou, nós saímos de lá e começamos a subir a pequena passagem de saída da cachoeira.
Mal havíamos dado um passo para sair dali uma bola de fogo carmesim vem em nossa direção.
Adélia como sempre, rapidamente usou a magia elemental da água e além de acertar a bola de fogo, acertou o atacante.
- Samuel Olsen! O que pensa que está fazendo? - Marion diz ao avistar o nosso atacante
- Tentando evitar um sequestro. - ele diz tentando tirar a cabeleira ruiva molhada dos olhos
- Sequestro? Eles não estão me sequestrando! Eu estou indo com eles porque quero. - Marion diz de cenho franzido
- Sem falar com sua mãe ou ninguém?
- Eu deixei uma carta. Todos sabem como eu sempre quis viajar e conhecer todo o continente, amadurecer no processo e acima de tudo, ficar longe da minha mãe. - Marion diz sonhadora
- Bom... Se esse é o caso... eu vou junto também. Vocês precisam de um cavalheiro de verdade para proteger vocês. - ele diz todo convencido e eu me sinto ofendido
- Mas... e seu pai? E a cerimônia de promoção? E a princesa Priscila?
- Escrevi uma carta também, ela sabe como me sinto e disse que ia esperar nosso retorno, e... eu estou mais do que feliz por sair de um lugar em que as pessoas me odeiam por eu usar magia de fogo.
Foi só ele dizer isso para eu notar que era o garoto que estava do lado do senhor de armadura, parando para vê-lo melhor noto que seus olhos são de um azul quase violeta e que ele realmente se vestia como um cavalheiro de filme de idade média.
Adélia já havia desistido de discutir, eu a conhecia bem o bastante para saber que ela não queria mais pessoas envolvidas com ela e com seus segredos, mais pessoas andando sobre a pena de morte.
Demorou, mas finalmente depois de começar outra discussão com ela consigo convence-la de que deveríamos ir à Elsin.
Claro, para o meu azar, eu não sabia que teríamos que voltar para aquele rio maldito e vi claramente os veteranos surtarem também quando viram o barquinho.
E lá estávamos nós novamente, mas ao contrário da outra vez, estávamos seguindo o curso da correnteza.
Teimosa como era, Adélia guiou o percurso todo de novo e olha que Marion várias vezes se ofereceu para guiar o barquinho, mas ela negou.
A via se esgotando de novo e de propósito lhe mostrava a folha, um lembrete silencioso de que eu iria doar minha energia vital se a maldição atacasse de novo.
Ela dispensava com um olhar, mas a via cansada, bem mais cansada que o normal.
Então quando finalmente desembarcamos para descansar, resolvi testar uma coisa que andei pensando e me aproximo dela furtivamente.
Quando ela começou a piscar de sono já que era de noite e nem estávamos na metade do caminho, me aproximo e encosto a ponta da folha nas ataduras. Como eu imaginei, não fui sugado novamente, mas estava vendo o que a maldição estava fazendo nela, por enquanto ela estava presa, mas estava acordada e estava se alimentando.
Chio só depois de retirar a folha e a encaro na esperança de poder fazer algo, mas ela me segura, me impedindo de fazer a doação.
- Não Symon, eu estou bem.
- Bem!? Onde você está bem, sua teimosa! A maldição está se alimentando da sua vida. Sabe como foi um saco coloca-la para dormir? - grito indignado e todos nos encaram
- Não, não sei! Mas não vou deixar você doar sua energia vital, enquanto ainda estou consciente. E não estamos indo para Elsin, especificamente para quebrar a maldição? - ela me devolve brava
- Espera! A maldição voltou a atacar? Como você sabe, Symon? As marcas da maldição não apareceram dessa vez, então não tem como saber.- Jenna nos interrompe confusa
- Tem como saber, eu testei isso agora e não a maldição não voltou a atacar, só está se alimentando, mas como eu falei... foi um saco coloca-la para dormir - digo cruzando os braços indignado
O clima entre nós agora era pesaroso, já que eu tive contar como a maldição atacava por dentro só para enfatizar a situação.
Como se não bastasse a situação ruim, começa a chover forte, o que nos obriga a procurar abrigo e esperar a chuva passar. Como se para nos sacaner está durou três longos dias... Nesse meio tempo fomos conhecendo melhor uns aos outros e mesmo que a contragosto, Adélia nos contou um pouco sobre suas aventuras de curto prazo desses 9 anos.
Então nos próximos dois dias, todos concordaram em proibir Adélia de manusear o barquinho, como ela estava usando a magia elemental da água mesmo (já que não queríamos outra explosão), Marion assumiu o controle.
Paramos o mínimo possível, nossas conversas eram mínimas e a alimentação e descanso apressados e sob vigília.
Eu via o quanto minha amiga parecia ainda mais cansada e constantemente olhava a situação da maldição com a folha, ainda presa mas se alimentando.
Quando finalmente chegamos ao final do rio que me disseram chamar Spag, Jenna comemorou por finalmente sair da água e Mathew comemorou por estarmos perto dos elfos, Adélia nem andar conseguia mais, vivia oscilando entre a consciência e a inconsciência, mas mesmo assim ainda me impedia de doar a energia vital para fazer a maldição dormir de novo.
Eu estava ficando com raiva de frustração, mas não discuti e a carreguei durante todo o resto do caminho. Samuel agora levava minha mochila.
Como em Mirnagard, as arvores daqui eram uma mistura quase impossível no meu mundo e dessa vez o arco de entrada não era formado por pinheiros entrelaçados, mas por trepadeiras de grossos caules.
Caminhamos por mais quilômetros enlameados de mata (ao que parecia os resultados da chuva aqui duravam duas semanas) até finalmente chegarmos a cidade em si.
Era imenso! Arvores por todo o lado e casas na arvores como em Mirnagard, mas aqui eles aproveitavam até o chão enlameado em uma horta incomum e escadas em espiral se encontravam incrustradas ao longo do tronco das árvores.
Uma enorme e grossa arvore se destacava entre as demais, além da casa na árvore, pela construção em si, com várias janelas ao longo do tronco e portas duplas de entrada, um caminho de luzes mágicas indicavam o caminho.
- Bem vindos a Elsin! O que os traz a terra do conhecimento? - uma elfa majestosa diz, uma comitiva vinha atrás dela
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FantasyEle teria uma vida considerada normal, apesar de ser rico e odiar isso, cercado de pessoas interesseiras. Nada seria anormal, além de pacato, os únicos verdadeiros eram seus amigos de verdade. Ela não tem nenhuma memória do passado, sua vida se base...