Adélia
Eu não conseguia mais manter a consciência, mas sabia que havíamos chegado a Elsin. Sabia que eles tinham encontrado Arianna, mas para variar não conseguia fazer nada, não tinha forças.
Quando volto a mim de novo, estou em uma das macas élficas e uma elfa familiar está me envolvendo em magia, meu corpo inteiro estava coberto com flores e Symon estava sentado perto da porta preocupado.
- Que bom que acordou, já estou terminando de quebrar a Maldição da Morte. É bom revê-la. - a elfa diz sorrindo docemente
- Desculpe..., mas eu te conheço? - pergunto confusa
- Ah! Mil perdões! Esqueci que você não se lembra, mas meu nome é Henin, sou a melhor amiga de Friga.
Fiquei sem reação, será que ela me conhecia antes de eu perder a memória? Será que eu finalmente conseguiria minhas respostas?
Não sabia e pela cara dela, eu soube que não. Parece que eu teria mesmo que continuar sem saber, era frustrante.
- É incrível, como durou tanto tempo pela Maldição da Morte... Quer dizer, geralmente os amaldiçoados perecem na primeira semana, mas você durou quase um mês. - ela diz me trazendo de volta a realidade
- Só consegui isso, porque ensinaram o cabeça dura do meu melhor amigo a prender e atrasar a maldição. - digo encarando Symon em reprovação
- Então ele deve ser um mago poderoso e bem talentoso, seu melhor amigo quero dizer. - ela diz olhando na mesma direção
- Não... ele é um humano normal. Por que você acha que ele é um mago? - digo confusa com sua afirmação
- Porque geralmente nesse tipo e nível de maldição, somente elfos, dragões e magos poderosos conseguem impedir o progresso ou até quebrar a maldição.
- Por acaso está dizendo que eu não sou humano? Esmeralda disse algo parecido. - Symon pergunta ao meu lado nos pegando de surpresa
- Meu Pai, garoto. Quase que eu tenho um infarto, mas não sei responder a sua pergunta. - a elfa diz com as mãos no peito
E mais essa agora! Mais uma pergunta para a lista infindável delas. Estava prestes a pressionar Henin a responder algumas das minhas perguntas quando de repente a porta se abre e dela entra Arianna.
Ela mal me vê e já corre para me abraçar, meus amigos fazem o mesmo e me sinto sufocar.
- Não consigo respirar...
- Ah, nos desculpe querida. Faz tanto tempo que não te vejo... que me emocionei - Arianna diz constrangida
- Tudo bem. Só não repita isso, Majestade. - digo a criticando entre risadas
- Majestade? - Mathew diz confuso
Encaro-o achando que não passava de uma brincadeira dele, mas vejo a mesma reação nos outros, incluindo Symon. Gemo sabendo que ela havia feito de novo e suspiro frustrada
- Ela não falou, não é? Ok, vamos começar de novo. Symon, Jenna, Mathew, Marion e Samuel, essa que vos vê é a rainha dos elfos, Arianna.
- Rainha?! Mas ela parece ter a idade de vocês! - Marion diz alarmada
- Não, ela tem a mesma idade do diretor. - digo meio sem forças
Ao olhar Mathew, via seus olhos brilhando de admiração, mal ele sabia que ela poderia ser tão brincalhona quanto ele ou tão séria quanto Mealches. Eu achava hilário.
- Poxa mãe, de novo? Por que você sempre faz isso? - Amir diz entrando na enfermaria
Ron e Tom vinham logo atrás, os três príncipes de Elsin estavam na mesma sala e se tinha uma coisa que eu sabia que nunca mudava era o como isso era raro.
Amir imediatamente arregala os olhos ao me ver e claro, me sufoca também.
- Não consigo respirar de novo...- Ah, desculpe. Não achei que fosse você que tivesse vindo, pensei que eram os embaixadores do Império de novo. - ele diz meio constrangido
- E aí, como anda Adélia - Ron cumprimenta
- A quanto tempo, andou sumida - Tom cumprimenta com um toca aqui
Deixa eu explicar de novo, eu era sim próxima da família real élfica, eles cuidavam de mim quando eu vinha para cá ou ficava nas proximidades.
Os príncipes eram como se fossem meus irmãos, mas eu era mais próxima de Amir, ele era o elfo que eu mencionei antes que havia montado o barco comigo.
Bom, vamos às apresentações, Ron era o mais velho, cinco anos mais velho que eu, ele era bem alto e gracioso, bem parecido com o pai por sinal, o rei elfo ausente. Nunca o conheci, ele havia desaparecido antes de eu conhecer a corte élfica, mas ele era uma lenda ali com seus olhos verdes altivos e ferozes como leão, era a vontade inabalável.
Agora vamos aos gêmeos. Sim, Amir e Tom são gêmeos, mas Amir por algum motivo era negro, enquanto Tom era completamente branco, ambos se pareciam mais com a mãe, mas Tom claramente se assemelhava ao rei.
Não comentei antes, mas Tom nasceu primeiro, o que o torna o segundo na linha de sucessão e meu amigo Amir, o terceiro. Eles não são nada parecidos, apesar de serem gêmeos, a única coisa em comum que eles tinham eram os olhos azuis.
E claro, não posso esquecer a rainha Arianna, ela era só um pouquinho mais baixa que eu, parecia que tinha a minha idade, mas como falei antes tem a mesma idade do diretor Mealches, ambos nasceram no mesmo ano e ambos assumiram altos postos na mesma idade. Seus olhos azuis eram marcantes e destacavam seu lado brincalhão, mas também viravam facas de gelo quando ela ficava séria e fria.
Conforme andávamos para a sala do trono, descobri que fomos trazidos para o palácio élfico e que nada tinha mudado desde a última vez que estive aqui.
As paredes eram decoradas de forma simples, de modo a contar a história do continente, o chão como sempre era encerado, as janelas tinham cortinas simples, leves e claras, e claro, as portas também contavam histórias.
O salão do trono era simples, os guardas ficaram a postos nas paredes e portas, o trono se localizava em um pequeno palanque na parede aos fundos, a sua frente se encontrava uma enorme mesa arredondada que era para o Conselho geral élfico, o chão era encarpetado de azul e uma lareira enorme se encontrava na direção contrária ao trono, este lugar em específico era feito de pedra sabão e calcário. Claro, a iluminação era natural ou a base de flores de luz, muito comuns por aqui e sua principal característica é se abrir e emitir luz quando não sente os raios solares. O salão era inteiramente decorado delas.
- Então... o que vos traz a Elsin? - Arianna pergunta divertida enquanto se sentava em seu trono
- Majestade, não notou que viemos aqui para quebrar a Maldição da Morte que se encontrava na Adélia? - Jenna pergunta franzindo o cenho
- Maldição da morte? Você está bem? - Arianna diz se levantando preocupada
- Estou... e estou livre da maldição agora. - digo lhe mostrando a cicatriz de garras no meu braço direito
- Está livre dela. – Symon diz após encostar a folha, surgindo não sei de onde após Amir examinar a cicatriz
- Isso é uma Abramenis Luptor.? - Tom diz tirando a folha abruptamente das mãos do meu amigo
Ele não se ofendeu, no entanto, simplesmente ficou do meu lado sem dizer nada.
Os quatro elfos se reuniram ao redor da folha e depois começaram a olhar Symon de um jeito estranho, a íris dos olhos deles brilhavam em verde. E não só ele, começaram a olhar cada um de nós, se demorando mais em nós dois.
- Interessante - Ron diz mais para si mesmo do que para nós
- O que? - Symon diz engolindo em seco
- Vocês dois, nunca vi nada parecido, mas os livros de história já contaram sobre isso, nosso vovô já viu isso.
- O que? O que nós temos? - pergunto já cansada de tanto suspense
- Ei, garoto... Symon, certo? - Ron continua o que dizia me ignorando completamente
- Sim... o que é?
- Você é de que reino? Sua aura é estranha, você em si é estranho. Sabe que essa folha funciona como um catalisador de energia vital, certo? - Ron continua sempre encarando meu amigo com aqueles olhos brilhantes
- Sim... eu já ouvi isso e usei, mas... o que você quer dizer com isso?
Ron fica frustrado com nossa receptividade para com sua teoria, que claramente só ele sabia, mas com muita paciência ele nos contou que a aura do Symon aos olhos elementais não tinha uma aura compatível com nenhum elemento existente, nem mesmo com as civis, ao mesmo tempo que a minha aura também era incomum, mas já era justificável, já que eu era uma feiticeira/maga celeste.
Symon ficou chocado e novamente se perguntou o que é que ele era. Mas quem disse que ele parou aí, Ron ainda disse que a Abramenis Luptor era somente um catalisador e mais nada, não seria possível ver nada nem durante a doação e nem depois dela.
Agora Symon se sentou no chão estarrecido, ele sempre pensou e viveu como humano comum e agora descobre que nem isso era. Eu sentia que a culpa era minha, se ele nunca tivesse me conhecido...
- Não me arrependo de nada. - ele diz se levantando e segurando a minha mão
- Mas... - digo receosa
- E daí que eu não seja inteiramente humano, não me arrependo de ter te conhecido e nem me arrependo de tudo o que fiz até agora por você. - ele diz determinado
Eu suspiro frustrada, porque o conhecia bem o suficiente para saber que era verdade e eu também nunca me arrependi de conhece-lo.
Foi então que eu lembrei de um porém, Symon e Gabry não eram do nosso mundo, eles eram de um mundo que se assemelhava ao nosso. Quando lhes questionei sobre isso, eles falaram que notaram isso, mas aura de Symon ainda era incomum. Quando parecia que seríamos dispensados para descansar, algo que Arianna diz chama minha atenção e eu peço para ela repeti-la.
Ela divertida simplesmente nos pergunta se sabíamos sobre a origem dos reinos de Anemida.
Quando todos negamos, incluindo seus filhos, ela se senta e começa a nos contar:
"No início não existia nada, até que surgiu a escuridão e dela a luz. Dessa luz veio a vida, dessa vida veio a magia e dessa magia vieram as criaturas místicas, por exemplo os elfos, fadas e dríades vieram da magia elemental natural, as ninfas da magia elemental da água, e assim por diante.
Logo nesse continente que foi formado, chegaram os anões de terras distantes, eles preferiram se instalar nas montanhas Knuns e lá ficaram.
Os dragões já viviam aqui e eram os regentes do continente, mas com a chegada dos homens sua existência passou a ser mínima, se não impossível. A exceção eram os dragões guardiões que viviam escondidos.
De tanto viverem aqui, os homens passaram a se relacionar com as criaturas místicas e dessa união vieram os magos e feiticeiros.
A primeira delas foi Iluminus, o reino das estrelas que foi criada pelos descendentes da união de humanos e elfos. Eles eram um quarto elfo para falar a verdade, já que DNA élfico dificilmente é passado. Por serem mais perto da natureza eram capazes de fazer magia tanto recitada quanto a bruta, podiam ver fluxos mágicos e eram mais sábios até que os elfos e dragões de hoje.
Das outras uniões vieram a magia dos elementos, a magia elemental e a magia recitada em si, seus descendentes criaram os reinos que vocês conhecem hoje e convenientemente esses reinos foram construídos próximos de seus respectivos dragões guardiões. Uma coisa todos os dez reinos tinham em comum, eles viviam em harmonia e se consultavam um ao outro, consultavam principalmente Iluminus.
Mas essa parceria não durou, já que um dia não se sabe como, um enorme enfurie devasta todo o reino de Iluminus..."
- Fale... Mathew, certo? - Arianna diz ao ver Mathew levantar a mão
- Sim, o que é um enfurie?
- Como posso dizer... Seria uma enorme massa de ar vermelha girando em uma velocidade ensandecida e claro, está cercado de tempestades de raios violentos. - Arianna explica sempre esfregando a cabeça enquanto pensava
- Acho que no meu mundo seria parecido com um tornado. - Symon diz pensativo
- Ok, entendi. Pode continuar. - ele diz se sentando no chão
"Então o reino de Iluminus deixa de existir, dizimando completamente seus habitantes até não restar nada. Ou pelo menos era o que pensávamos. "- ela diz me encarando
"Quão foi a surpresa dos outros reinos quando souberam disso, mas como era esperado de Iluminus, eles já haviam previsto sua destruição e prepararam um legado: um livro encantado com feitiços e conhecimentos celestes, que iam de plantas a poções e maldições. Um anel magico que representaria os reinos com seus cristais coloridos estava incluso e claro, não podemos esquecer o Starlink e suas chaves portal, conhecido como o elo da magia dos elementos.
O anel foi deixado para aqueles que mais tarde seriam a linhagem dos Reis Maiores de Anemida, já o livro e o Starlink foram deixados com uma família que um século depois viria a abrir o Colégio de Magia.
Um século se passou desde a extinção de Iluminus, a magia elemental foi esquecida e cada vez mais jovens foram manifestando a magia de forma descontrolada, causando catástrofes. Vendo essa situação, Alberto Gons..."
Marion emite um gritinho que surpreende a todos, chamando nossa atenção.
- Sim... Marion, certo?
- Sim, você disse... Alberto... Gons? Esse é o nome do pai do diretor Mealches, ele não teria 700 ou mil anos de acordo com o que está nos contando?
- Teria, afinal de contas ele era jovem na época. Se não me engano ele morreu com 1300 anos de um ataque de comoção.
- Sim, um mês antes de eu entrar para Skyrdholp. - Marion suspira triste
"Bom onde eu parei... ah! Lembrei. Vendo essa situação, Alberto Gons achou que já estava na hora de colocar um controle na situação e criou Skyrdholp.
Infelizmente a população não mágica não ficou satisfeita e começaram a pressionar o rei de Metania, assim foi criado Knightgest, a academia de cavalheiros que passaria a receber garotos de 7 anos para se tornarem cavalheiros e então ingressar no círculo protetor do reino.
Alberto não se abalou, criando um sistema simples de ensino atribuído as suas aptidões mágicas, eram compostos por cinco anos de treino. No quarto ano, os alunos recebiam um ovo mágico vazio que chocaria o mascote familiar de acordo com a principal característica do feiticeiro ou mago, não satisfeito aplicou técnicas de defesa pessoal ao currículo para seus alunos não dependerem só da magia. E para finalizar, quando completavam dois anos de estudos, eles colocavam tudo o que aprenderam em pratica em missões, primeiramente em trio e depois individualmente, este último só quando completavam quatro anos de treino."
Estávamos chocados e intrigados, nunca havíamos pensado em como foi nobre a criação de Skyrdholp.
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FantasyEle teria uma vida considerada normal, apesar de ser rico e odiar isso, cercado de pessoas interesseiras. Nada seria anormal, além de pacato, os únicos verdadeiros eram seus amigos de verdade. Ela não tem nenhuma memória do passado, sua vida se base...