21.Herança

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Symon
"Não consigo acreditar nisso! Como deixei isso acontecer? Tenho que sair daqui!" - penso freneticamente enquanto tento arrombar a porta do meu antigo quarto
Fui trazido para cá em estado de choque e Marie foi trancada no quarto dela.
Quando me livrei do torpor começo a esmurrar a porta para tentar abri-la, eu tinha que sair daqui e resgatar Adélia, mas infelizmente nada mudou, continuo preso aqui.
Já tentei verificar as janelas, mas estão gradeadas e bater na porta com o meu bastão também não adiantou, a porta era reforçada e encantada.
Estou frustrado e me jogo na minha antiga cama tentando pensar numa solução, me sentia culpado mais do que tudo. Foi por minha culpa que viemos aqui e só agora noto como os sinais estavam mais do que óbvios: minha irmã sumir, uma festa de caridade, magos vigiando a festa, Marion e Samuel sendo levados, minha irmã presa e mais óbvio ainda, fechadura encantada. Claro que era uma armadilha e eu levei Adélia diretinho para ela.
Me sinto um completo idiota e sem pensar coloco a mão embaixo no travesseiro encontrando algo estranho lá. Era a pedra de jade que ela havia deixado comigo. Eu havia esquecido ela, era um milagre ainda estar aí.
Ao observa-la, consto que estava fraca, não sabia como, mas eu sentia, não tinha mais força total como da vez que foi usado em mim e eu estranho isso. Eu nunca havia sentido nada antes, porque agora eu sinto?
Deve ser porque só agora descubro que não sou inteiramente humano - começo a constatar nervoso
Resolvo deitar de costas para pensar melhor e algo me surpreende, sentia alguma coisa no lustre e sem pensar duas vezes jogo meu bastão nele, quebrando-o imediatamente em mil caquinhos.
Me protegi da melhor forma possível e o que cai dele me surpreende, uma pedra metade alaranjada e metade transparente. Sentia que emanava uma energia incrível e foi olhando ela que comecei a sentir que já a havia visto em algum lugar, me parecia familiar.

Tento lembrar de onde já havia visto essa pedra, mas acabo por desistir e resolvo vasculhar o resto do quarto para ver se acho algo de útil para sair daqui

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Tento lembrar de onde já havia visto essa pedra, mas acabo por desistir e resolvo vasculhar o resto do quarto para ver se acho algo de útil para sair daqui.
Com as duas pedras guardadas no bolso, começo revirando meu closet. Se tinha uma coisa que nunca mudava em mim, era o fato de eu adorar guardar as coisas e como suspeitava, reprimo minha vontade de chorar ao achar a foto da minha mãe entre as coisas velhas que guardava. Era doloroso, mas olhando melhor a foto, encontro a mesma pedra que saiu do lustre pendurada em seu pescoço.
Impossível! - penso enquanto revirava de cabeça para baixo a caixa em que eu havia achado a foto
Uma cartinha sai dali e imediatamente a pego, lendo apressado o que ali dizia, estou em estado de choque no final. Ela escondeu a pedra para mim, queria que eu ficasse com ela, para me sentir mais próximo dela e... do meu pai?
Achei estranho, mas não disse nada, estou entrando em torpor de novo, mas rapidamente saio dela quando a porta é arrancada das dobradiças e meus amigos aparecem por ela, Jenna estava apoiando Marion que se encontrava quase inconsciente, seu vestido estava rasgado em vários lugares e seu rosto e braço, cheios de hematomas.
- E eu aqui achando que tinham te prendido em uma cela. Que quarto! Estou vendo como se divertiu também -Samuel diz admirando a paisagem, olhando principalmente para os cacos
- Valeu.... eu acho. Mas e a minha irmã?
- Com Valder e Aby na lanchonete, ela disse algo sobre não querer mais ficar aqui e que ia ficar com uma tia de vocês na cidade vizinha - Samuel diz fazendo careta para um caco de vidro em específico
- Sabe onde prenderam a Adélia? - Jenna pergunta olhando aos arredores preocupada
- Ela não está aqui. Fui um idiota, me desculpem - digo frustrado
- Por que está dizendo isso? - Mathew diz confuso com minha resposta
- Era uma armadilha, essa droga toda era uma armadilha do Akador e ele a levou para Anemida. Não pude fazer nada além de assistir. - digo dando um murro no chão, um dos cacos entra na minha pele, mas eu não ligo
- E lá se vai nossa carona para casa...
- Samuel, temos que resgata-la. - Marion diz ao retornar a consciência
- Eu sei, eu sei. Mas como faremos isso se nem podemos sair desse mundo e voltar para Anemida?
Ele tinha razão, Adélia era a única de nós que é capaz de nos tirar do meu mundo e agora ela se foi.
Observo cada um deles tentando pensar em uma solução, mas não tenho nenhuma idéia.
Ai encarar Jenna começo a estranhar, ela era única que não estava em pânico, parecia estar escondendo algo. Então a pressiono e acabamos por descobrir que Jenna também poderia abrir portais graças a Esmeralda folha, mas somente uma vez e tinha um preço muito alto: ela teria que abrir mão de boa parte de seus poderes mágicos e alguém teria de abrir mão de uma lembrança preciosa.
Ninguém disse nada, realmente o preço era alto, mas eu via que ela o faria com certeza pela melhor amiga. E eu também.
Abri mão das minhas memórias com minha mãe, quando eu tinha sete anos e o portal se abre, nem pensamos duas vezes e todos pulamos nele.
Desculpe de novo, Marie. Mas a minha melhor amiga vem primeiro, não vou deixa-la nas mãos daquele psicopata.

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