19.De volta a Cidade da Cachoeira

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Symon
- Estou vendo que vocês têm quase todos os elementos no grupo - a rainha diz de repente nos pegando de surpresa
- Como assim? Como você disse a magia celeste foi extinta, então é impossível ter todos os elementos num grupo. - Samuel diz confuso
Infelizmente eu sabia o que ia acontecer a seguir e com sua permissão, um alvo foi trazido até ali posicionado o mais distante possível de nós e qualquer coisa que não poderia ser destruída. A rainha não parava de encarar Adélia que suspirava frustrada, era claramente contra o que eu tinha certeza que seria obrigada a fazer, mas mesmo assim se afasta.
"Al Nash, Kas Australes, Ascela e Nunki
Vestra stellae in caellum
Atque experientia, confirma nos indole virtutis eius

Cum ledo sagitta, Domine sapiens.

Sapientia constellatio, Sagittarius!"¹
Ela dizia as palavras sem muita vontade, mas sabia que estava tentando se conter.
Conforme foi falando as palavras, foi se posicionando como se realmente estivesse usando um arco e sua varinha brilhava em prateado.
Quando ela soltou a corda do arco imaginário, uma flecha de luz aparece e voa em uma velocidade absurda em direção ao alvo. Este por sua vez foi despedaçado e por incrível que pareça, a parede atrás também.
Imediatamente a comoção começa incluindo os príncipes elfos estavam surpresos, principalmente o mais velho que queria saber mais.
- Isso foi... uma flecha de luz? - Samuel diz encarando Adélia espantado
- Adélia - a rainha diz divertida com o desconforto dela
- É um dos feitiços celestes, se chama Flecha de Sagitário. É um dos que tenho maior controle.
- Mas... você não fazia magias de vento, fogo e água? - Marion pergunta surpresa
Eu via a hesitação nela, mas com uma olhadela da rainha, ela suspira completamente frustrada e fecha os olhos.
Quando voltou a abri-los, cinco esferas coloridas a circulavam como se estivessem dançando: prateado para a magia celeste, vermelho para o fogo, azul anil para água, laranja para vento e verde para plantas e natureza. Como eu sabia disso? Sei lá, só sabia. Não sabia se estava imaginando, mas as cores que mais se destacavam eram o prata e o laranja, por algum motivo aparente, provavelmente sua linhagem.
Mathew impressionado começa a cochichar algo com Gabry que tomava nota de tudo o que se passava naquela sala e os outros simplesmente a encaravam em completo espanto, já que Adélia acabará de se revelar como feiticeira celeste. E a rainha continuava se divertindo com tudo.
Um olhar em especial me incomodou, o olhar daquele príncipe mais novo. Mas me mantive o mais calmo e indiferente possível, eu estava ali para apoiar a minha melhor amiga, afinal de contas.
- Ela tem uma ótima pontaria, não acham? Só precisa trabalhar o controle, então o que acham de ficarem aqui até ela conseguir esse controle? Tenho certeza de que vão precisar dele se quiserem recuperar Skydholp - a rainha diz séria
- Mas como... - Adélia pergunta surpresa
- Ah, qual é Adélia. Acha que eu não te conheço o suficiente? - a rainha diz chateada
- Mas como você sabia que nosso grupo pode fazer quase todas as magias dos elementos - Samuel pergunta ignorando o clima entre as duas
- Pelos seus dons, mantos e auras. Auras sempre dizem tudo. - ela diz de um jeito frio e nos dispensa
O príncipe mais novo nos acompanha, nos guiando para os quartos que ficaríamos, por alguma ironia iriamos dividir quartos de novo e claro que eu ia acabar ficando com o Samuel. E ele também não ia com a minha cara.
Adélia não veio conosco, ao que parecia tinha um quarto próprio ali e ninguém discutiu.
Quando todos pareciam distraídos com algum assunto alheio, me aproximo do príncipe que só depois de me criticar três vezes por chama-lo de alteza, me recordo se chamar Amir e lhe digo o que não parava de matutar na minha cabeça.
Ele até que era simpático, mas ainda não ia muito com a cara dele e acabo por descobrir que o tal Lorde soberano a um ano tentava subjugar os elfos.
Fiquei tão chocado que só depois de cinco minutos noto que chegamos no quarto, eu estava chocado até com a simplicidade do lugar, dois catres se encontravam milimetricamente espalhados ao longo das paredes de madeira sem nenhuma decoração e uma mesa se encontrava em baixo da janela. Os catres em si eram de madeira obviamente, parecidas com as camas da idade medieval do meu mundo e seu... colchão parecia ser de algodão e lã.
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Para a minha infelicidade e a de Adélia, ficamos quase um mês ali. Ela treinava todos os dias com Amir e o príncipe mais velho, que muito mais tarde lembrei que se chamava Ron, mas principalmente com Amir e isso me irritava por algum motivo. O progresso deles era o mínimo possível.
Os outros praticamente sumiram nesse mês e por várias vezes foram pegos bisbilhotando as conversas secretas de Adélia e da rainha, mas a última nunca ficava brava e lhes tranquilizava.
Em todos os seus treinos eu ficava sentado os observando e quando terminavam eu me aproveitava do campo e treinava minha luta física e com bastão sozinho.
Um dia, em um dos treinos deles, vejo Ron se aproximar e sem mais nem menos me ataca com sua espada curva.
Quando lhe perguntei se ele estava louco ou algo do tipo, ele simplesmente me disse que como guerreiro eu não deveria ficar tanto tempo sentado e voltou a me atacar.
Adélia gritou várias vezes para ele parar, mas quem disse que ele parou e quem disse que eu parei. Estava muito chateado e aproveitei esse "treino" para me testar.
Como eu suspeitava, ele era bom, muito bom mesmo, um assassino até. Seus golpes eram impecáveis conforme eu desvio-os com meu bastão e revidava.
Ficamos nisso por um bom tempo até que eu finalmente avistei uma abertura e ataquei, mas... ao invés de uma simples batida no seu ombro direito, eu acabei por queima-lo surpreso. Seu urro de dor podia ser ouvido até do outro lado da floresta.
Adélia imediatamente veio socorrê-lo e Amir partiu para cima de mim, mas é parado por um triângulo que o prende.
- Por que está me prendendo!? Ele ia matar o meu irmão! - ele grita tentando se mexer
- Abra os olhos, Amir! Foi um acidente, Symon não sabia que o aço pode machucar vocês e eu não contei para ele. - Adélia diz séria enquanto mantinha sua posição e ao mesmo tempo curava Ron
- Ela está certa... Não seja negligente, Amir. Você viu a cara que ele fez quando me acertou e a culpa foi minha por querer começar a luta - Ron completamenta em meio a dor
Continuei sem reação e quando menos esperei, estava no chão sendo segurado por vários guardas élficos. Todos fomos levados até a sala do trono e um novo alvoroço se começou, não nos deram nenhuma chance de explicar.
- Silêncio! - a rainha grita encarando cada guarda e testemunha presente
- Será que dá para nos deixarem explicar o que aconteceu?! - Adélia se alvoroça
- Era o que eu ia perguntar agora, o que deu no seu amigo para atacar o primeiro príncipe? - a rainha diz olhando para mim friamente
- Eu... eu não o ataquei... - digo tentando não me encolher diante do seu olhar congelante
- Ah não, até você, mãe! Justo você que presa pela justiça, igualdade e verdade?! - Ron diz se colocando a minha frente
- O que você está insinuando? Ronando Frédéric Almer? - ela diz mais fria ainda e o vejo se encolher pela primeira vez
Senti vontade de rir, mas me segurei finalmente entendendo do porquê os príncipes só usarem seus apelidos e nem preciso olhar para Ron para saber que eu havia acertado.
Parecia que a rainha havia dito o nome inteiro dele só para desarma-lo, mas como fumaça a vergonha de Ron vai embora e ignorando completamente o fato de todos da sala (com exceção de mim e Adélia é claro) estavam rindo, ele começa a contar bem detalhadamente o que havia acontecido no acidente, enfatizando o fato de eu não sabia e nem sei o que é que poderia os machucar.
Mal terminou de explicar, todos os elfos presentes agora estavam me olhando com preocupação como se eu tivesse uma doença contagiosa.
Ah! Era só o que me faltava, agora sou considerado contagioso por causa do que aconteceu. - começo a pensar pesaroso
Claro que eles poderiam muito bem ter confiscado meu bastão por desconfiança, mas a rainha claramente não ia fazer isso porque confiava cegamente que Adélia ia me impedir de fazer alguma loucura contra eles.
Eu não queria ser tratado como um inimigo de estado então ia sugerir que realmente eles confiscassem meu bastão enquanto estivéssemos ali, mas antes que eu conseguisse dizer algo, as portas são abertas com muita força e por ela então Jenna, Mathew e Gabry, ele estava com o coldre da pistola a postos e isso em si era raro. Os elfos na sala começaram outro burburinho, mas os três os ignoraram e vieram a passos rápidos em minha direção.
- Aconteceu algo?
- Symon, sua irmã sumiu. Valder e Aby a perderam de vista a dois dias e mesmo com a ajuda dos animais não encontraram nada. - Gabry diz sério
- Como isso foi acontecer?! - começo a entrar em desespero
- É o que eu gostaria de saber também! Quando eles notaram o sumiço dela, encontraram dois cães, dois gatos e um pardal mortos a tiros. - Mathew diz triste e só então noto que seus olhos estão vermelhos de tanto chorar
- Vamos, temos que voltar. Eu tenho que encontrar a minha irmã e eu tenho alguma idéia de onde ela está e porquê. - digo sério
- Se quiserem eu abro um portal para vocês agora - Adélia diz séria
- Ah, se pensa que vai conseguir se livrar de mim está muito enganada. Você vem junto. - digo segurando seu braço já sabendo das suas segundas intenções
- Você não desiste mesmo, não é? Quer mesmo participar dessa guerra? Porque você sabe que eu vou começar uma, não é. - ela suspira triste
- Sim. Não vou desistir de você.
- Ok, ok. Vamos voltar para cidade da Cachoeira! - ela informa de um jeito bem dramático
A rainha ao ouvir isso, quase surtou, já que claramente não houve muitos progressos no treino e ela sabia o que íamos fazer, estava preocupada. Amir e Ron também, ao contrário de todos os outros elfos que pareciam até aliviados com a nossa partida.
Mesmo assim fomos primeiramente procurar Marion e Samuel para avisa-los que estávamos de saída, estávamos provavelmente nos despedindo deles. E quão surpresos ficamos ao ver a alegria deles por irmos a outro mundo e sem mais nem menos disseram que iriam conosco.
Depois juntamos nossas coisas correndo e nos encontramos no portão de Elsin, onde Adélia se despedia da rainha e dos príncipes.
Já começo a me preparar para o portal e seus efeitos colaterais. Mas assim que o atravesso dessa vez, não sinto nada e sem mais nem menos estamos do outro lado, em frente a casa de Adélia.
Valder e Aby que estavam sentados se levantam alarmados e um tanto surpresos com a nossa aparição repentina.
Ao fundo escuto alguém vomitar, provavelmente Marion. E fico surpreso ao me deparar com Samuel também passando mal, muito mal.
Precisei de alguns minutos para me recordar do que Adélia havia nos dito uma vez sobre portais e corpos para entender o que estava acontecendo. Jenna e os outros estavam se recuperando rápido dessa vez e Adélia estava muito bem.
- Eu nunca vou me acostumar a isso. - Aby diz vendo Adélia fechar o portal
- Então não se acostume, oras. - Valder responde direto como sempre
- Então... dá para explicar como isso aconteceu? -Pergunto tentando manter a calma
- Então... como sempre eu mandei dois cachorros a seguirem como se fossem cães de rua, depois dois gatos assumiam e um pardal a acompanhava o tempo inteiro, mas simplesmente a pedra do bracelete parou de responder um dia desses e quando fui ver sua irmã, ela já tinha desaparecido. Pelo menos foi o que o seu pai disse. - Aby explicava enquanto devolvia o bracelete para Gabry
Ótimo, minha teoria que eu estava desenvolvendo estava começando a se encaixar, mas preciso observar mais para só assim contar aos outros o que tanto eu estava pensando, do porque eu saber o motivo do sumiço da minha irmã e o porquê de eu saber quem foi que a levou.
A única questão interna que eu não parava de tentar refutar e evitar a qualquer momento era a idéia de que eu teria que voltar para casa.


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¹"Ponta da flecha, sul do arco, axila e peito do arqueiro

Suas estrelas no céu

Sua experiência e força de vontade nos fortalecem

Acerte a flecha, ó sábio

Constelação da sabedoria, Sagitário!"


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