Além do Olhar [CONCLUÍDO]

Capítulo 26

O estágio com Zoey estava correndo muito bem, apesar do beijo naquele dia. 

Aquele beijo deu margem para eu ativar toda a minha imaginação. Será que ela gostava de mim? Ou era um fetiche apenas? Eu não poderia deixar esses pensamentos me dominarem outra vez.

Zoey era mesmo uma perdição, eu estava completamente perdido nela. Eu estava me apaixonando por ela.

Ela me tinha, assim como me teve na sua vida como Marie. 

Em um dia de estágio longo e cansativo, eu chamei Zoey para um jantar no qual ela aceitou, estávamos bem. Eram dois amigos jantando. 

Nós realmente tínhamos melhorado nossa relação nesses quatro dia de estágio, ela me compreendia. Ela confiava em mim, dava para notar em seu olhar.

Eu sentia uma conexão tão forte com ela, não teria como explicar em palavras o que acontecia.

— Esses quatro dias de estágio foram bem proveitosos. —  Ela disse — Eu aprendi bastante, com você e o Roger. 

— Que tal adiantarmos um dos relatórios.—  Eu disse, tomando um gole do Whisky que eu havia pedido. — Por que você não me relata o que aprendeu? — Levantei uma sobrancelha.

— Agora? — Ela perguntou surpresa.

— Sim, agora. Oralmente. Eu apenas vou anotar tudo. — Me inclinei e pequei na minha maleta uma prancheta e uma caneta. Tornei a olha-lá novamente, sorri.

— Bem, eu... — Ela fez uma grande pausa, mordendo o lábio. Aquele gesto passou fogo pelo meu corpo. Virei o copo de Whisky antes dela me olhar. —Aprendi primeiro que trabalhar em empresa deve ser um saco. —  Ela disse, apreensiva se eu fosse achar graça ou não. Eu ri, foi realmente engraçado.

— Ele deve sonhar que está analisando vários dados a noite. Acho até que ele consegue preencher um relatório de olhos fechados. —  Respondi.

Roger era um homem baixo e barrigudo, tinha poucos cabelos e usava um óculos com cordinhas. Ele realmente passava a imagem de um cara extremamente monótono.

Me fez lembrar um filme do Charlie Chaplin, aquele em que ele mostra a vida dos operários em uma fábrica. A exploração na verdade.

Uma cena muito trágica e cômica que mostra bem isso é quando ele, após um dia de trabalho rosqueando parafusos, sai da fábrica ainda fazendo o mesmo movimento repetitivo, ele "rosqueia" os seios de uma mulher que passava pela rua.

Voltei a prestar atenção na mulher em minha frente. Ela estava tentando mudar de assunto.

— Mas vamos ao que interessa, o relatório.

— De fato foram dias bem produtivos, ser conselheiro de uma empresa e lidar com público não é nada fácil. Você precisa saber todas as informações do prédio, saber os funcionários. É muito estressante.

Esse foi o nosso jantar, calmo e cheio de conteúdo.

Ela era tão inteligente quanto Marie.

Quanto mais conhecia Zoey, mais eu notava que haviam certas diferenças entre elas. Marie queria ensinar, ela gostava disso. Zoey nem tanto. Ela queria mudar o mundo de outra forma, criando leis e movimentos, algo mais ativo.

Era admirável ouvir ela falando de suas ideias.

No final da noite, estava eu em frente ao seu pequeno apartamento.

— A noite foi muito agradável. Obrigada Keanu.

E por fim ela entrou. Eu estava sozinho novamente. Me sentia sempre sozinho quando ela não estava comigo, me sentia triste.