Capítulo 43

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A sensação de acariciar os cabelos de Zoey era único. Não havia mais cansaço com ela aqui.

— Que horas são? — Ela perguntou, olhando para mim. Levantei meu pulso até a altura dos meus olhos.

— Sete horas. Nossa, não me toquei que já era tão tarde. — Disse, antes de sentir o vazio que ela deixou ao sair no meu peito.

— Droga! Estou atrasada. — Disse correndo para o armário, ela começou a jogar coisas pra fora do cabide.

— Cadê esse maldito uniforme?!

— Você vai trabalhar hoje, depois de tudo que ouviu sobre esforço físico?—  Perguntei, arrumando a minha camisa que agora estava mais amassada do que antes.

—Vou, Keanu, preciso de dinheiro.— Ela disse, seu tom era rude. —Desculpa.

— Eu poderia conversar com alguns amigos, te arranjar um trabalho que não precise de tanto esforço. — Disse, procurando a melhor opção. Não ficaria tranquilo sabendo que ela trabalhava em um restaurante como garçonete, não depois de descobrir sua real situação.

—Não, eu passo. — Respondeu, entrando voando no banheiro.

—Você receberia mais! Eu faria um acordo com...— Fui interrompido por um bater de portas.

— Keanu, a médica mesmo falou que não é grave! E o meu trabalho não é tão pesado assim. Por favor, não implique com isso, você não tem o direito. —Ela disse, seu tom era realmente sério.

—Desculpe, eu só estava pensando em algum meio de... — Parei na metade da frase, eu estava sendo um babaca me metendo em algo que ela não pediu. — Tem razão, eu não tenho nenhum direito de me meter no seu emprego.

Me aproximei dela e a abracei. Não queria ir embora, mas eu precisava deixar ela trabalhar. Deixei um beijo na sua testa e caminhei seguido por ela até a porta.

—Seu celular. — Ela disse, parando e voltando até o hack da televisão. Me entregou o aparelho, dei um meio sorriso, eu realmente não queria ter que ir embora.

—Até amanhã professor, Davies. — Não pude deixar de rir com o seu deboche.

—Até amanhã. — depositei um beijo em sua bochecha e sai. Todo o cansaço havia montado em minha costas novamente. A preocupação voltou a tona. Minha mala.

Liguei meu aparelho celular, havia apenas uma notificação, me surpreendi pelo fato da mensagem ser de Margareth. Nela, Margareth perguntava como estava Zoey e também avisou que a minha bagagem ficou com ela, Margareth pediu para eu ligar assim que visse essa mensagem. Suspirei aliviado, pelo menos não perdi minhas chaves. Liguei imediatamente para Margareth, infelizmente caiu na caixa de mensagem

—Ei Marg, é o Keanu. Zoey está bem, já está em casa. Não foi nada grave até então. Agradeço que tenha guardado minha mala com você, poderia me entregar amanhã? No final do período? Obrigado. — Desliguei a chamada e me pus a pensar. Como entraria em casa? Uma nome brilhou na minha cabeça, Katherine tinha uma chave extra da casa. Agradeci a Marie por isso.

Procurei na minha lista de contatos o número da Katy e apertei discar, no terceiro toque ela atendeu.

—Alô? — Sua voz é de tédio.
—Oi, é o Keanu. Você não olha o nome do contato antes de atender?— Perguntei, por conta da forma em que ela me atendeu.

—Ah, oi Keanu. Não, geralmente não. — Disse, sendo a Katy de sempre. — Qual o motivo da ligação?

— Preciso da sua ajuda.— Disse, enquanto olhava dos dois lados da rua para atravessar.

— Depende, com o quê? Seja direto! — Exclamou do outro lado.

— Preciso da chave extra da minha casa. — Disse, isso soava totalmente idiota.

— Você perdeu as chaves?— Sua risada era alta. — Como pode isso acontecer?

—Katy, eu vou te contar tudo, no conforto da minha casa! — Exclamei, eu já estava perdendo a paciência. Eu estava muito cansado e não tinha o bálsamo do perfume de Zoey para me acalmar.

— Tudo bem, rabugento. Estarei na sua casa em alguns minutos.

Sentado na grama em frente a minha casa, comecei a pensar como contaria tudo o que aconteceu entre mim e Zoey. Será que Katherine me julgaria pelo que fiz e estou fazendo? Se eu não conhecesse as minhas reais intenções, eu mesmo me julgava. Eu sei que é errado, mas, não posso perder a oportunidade de amar a minha mulher novamente. De ter ela em meus braços. Talvez Katy mais do que ninguém pudesse entender isso.

De repente, me lembrei do livro que estava lendo e que agora estava na casa de Margareth, dentro da mala. Doença Psicossomáticas. Tiro no coração, uma válvula defeituosa, sequela após morte em outra vida.

— Adulto responsável?! — Katy gritou, levantei minha cabeça para olha-la.

— Sem zoada, os dias foram cansativos. — Disse eu, me levantando com dificuldade. Minhas costas reclamavam.

—Quantos anos você tem mesmo? —  Perguntou Katy rindo e me entregando a chave. Apenas revirei os olhos.

Girei a chave na fechadura e o barulho dela se abrindo foi o segundo som mais relaxante do meu dia.

Entrei já tirando o aviso da viagem de cima da mesa e jogando no lixo.

—Vai me contar o que aconteceu? — Perguntou Katy, se jogando no sofá.

— Depois que eu tomar meu banho.— Falo, subindo as escadas.

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