Capítulo 61

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O caminho até a casa do Keanu era triste, minha mente repassava vários momentos felizes com ele

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O caminho até a casa do Keanu era triste, minha mente repassava vários momentos felizes com ele. Mas eu precisava, eu não me sinto vivendo a minha vida, me sinto vivendo em função de viver a vida de Marie outra vez, isso não é nada saudável, havia percebido isso hoje. Toquei a campainha de Keanu duas vezes. Meus dedos tremiam, meu coração parecia saltar para fora em qualquer instante, esse era o momento mais difícil da minha vida.

A porta foi aberta e revelou um Keanu recém saído do banho, a calça moletom cinza lhe caia tão bem, o peitoral nu, cabelos molhados... Em outro momento, me jogaria em seus braços e o deixaria me possuir por completa. Um sorriso apareceu no rosto de Keanu.

—Pensei que não queria companhia.

— Keanu...

— Não pense que não estou feliz em te ver, só estou confuso.

—Eu preciso conversar com você, é algo sério.

—Vamos pra dentro...— Sua voz era preocupada. O segui até o sofá. —O que quer conversar?

&Estou sufocando. Não quero mais continuar com as terapias do Stoucker, estou enlouquecendo. É demais para minha cabeça.

—Tudo bem, vamos cancelar tudo então.— Ele voltou a sorrir e se inclinou para me beijar, me afastei levantando do sofá e ficando de frente para ele.

—Eu vou embora.

— O quê? Como assim?

— Eu vou embora, vou voltar para minha cidade. Eu não consigo mais ficar aqui. — Disse, olhando ao redor. Os quadros de Marie pela parede.

—Certo... É sobre os Olsen? A gente não precisa mais ir vê-los.

—Não é só sobre os Olsen, Keanu. É tudo! Estou sufocando. Me sinto vivendo a vida da Marie e deixando de viver a minha, estou farta daquela Universidade, cada canto daquela sala é uma memória de vocês! E tem... bom, esse apartamento. Isso aqui é um altar para Marie, é extremamente incômodo!— Soltei tudo, não prendi mais nada dentro de mim, Keanu permanecia em silêncio, seus olhos estavam ficando vermelhos, sinal que também estava lutando contra a vontade de chorar. — Eu amo você, mas me sinto ocupando um lugar que não é meu. Estou doente com isso.

—O seu lugar é comigo. A gente se ama e se quer.

— Você me ama mesmo, ou ama a ideia que eu sou Marie? — Ele permaneceu em silêncio. — Foi o que pensei.

— Eu amo você, Zoey! Eu sei que sou cabeça dura, falo coisas erradas em alguns momentos, mas é você que estou amando!- Sua voz era decidida. Eu acreditava nisso, mas se eu disser, ele vai me fazer ficar e eu preciso desse tempo longe.

— Eu quero acreditar em você. Mas é todo mundo me comparando com Marie que é difícil... Eu só quero que entenda que eu preciso disso. — Preciso viver sem o fantasma de Marie em mim.

— Ok.—  Keanu disse, vencido pela tristeza. — Quando pretende ir?

— Amanhã mesmo... Tenho um dinheiro guardado, saindo daqui compro a passagem pelo site.

—Não... Espera pelo menos a semana de prova, assim você fica com uma grade a menos em Oxford. Posso mandar uma carta de recomendação, já deixar encaminhado um estágio para você lá...— Mesmo triste, Keanu sempre pensava no melhor para mim, eu não poderia nunca encontrar um homem melhor. Ninguém será como Keanu Davies. — Prometo não encher seu saco. — Ele lançou um meio sorriso.

— Keanu você não enche meu saco, é só que... Tudo isso, bem, você não sabe o que é isso. Não quero que fiquemos mal.

— Não estamos mal... Eu só, estou triste, estávamos bem... Não sei como aconteceu toda essa reviravolta.— Senti uma necessidade de abraçá-lo e assim o fiz, tomei Keanu em meus braços. Um abraço quente e cheio de amor, lágrimas escapavam dos meus olhos. Era triste ter que ir e deixá-lo, mas seria pior para mim se eu continuasse aqui.

— Eu amo você, Zoey. De verdade. Você trouxe cor para minha vida, eu estava perdido sem você. Arrisquei tudo por você...—  Keanu dizia abafado em meu pescoço.

— Eu também amo você. Keanu...— Disse, me afastando e encarando ele. — Me beija, uma última vez.

E assim ele fez, um beijo mais molhado que o normal, salgado pelas lágrimas que banhavam nossos rostos. Um beijo carinhoso, carregado de cuidado. Ele me queria, mesmo depois de eu lhe dizer que queria partir e deixá-lo, ele respeitava minha vontade, respeitava o meu desejo de ir.

Afastamos nossos corpos, ofegantes. Nossos olhos carregavam a tristeza.

— Então, é isso...— Mal consegui ouvir as palavras de Keanu. — Vejo você na sala de aula. — Não respondi, apenas acenei um positivo com a cabeça. Não conseguiria dizer nada naquele momento, havia um nó e uma queimação em minha garganta. Desabei assim que a porta atrás de mim se fechou. Chorei de soluçar, as lágrimas pareciam uma fonte inesgotável em meu rosto. Era um dor dilacerante, comecei a andar sem direção pelas ruas. Cenas e mais cenas com Keanu passavam em minha cabeça. Eu nunca havia tido um relacionamento tão bom assim, na verdade, Keanu foi o meu primeiro em muitas coisas, não seria nada fácil superar isso.

Após andar em círculos pela cidade, decidi vir para a casa. Katherine havia preparado um macarrão ao molo branco, pelo menos era o que dizia no post-it colado na geladeira. O prato parecia o resto de algo que esteve no estômago de alguém. Fiz uma careta e não comi. Abri o armário de suplementos e apanhei um pacote de salgadinhos e caminhei para a sala. Com o meu celular em mãos, abri o site de passagens on-line, apenas para checar alguns horários. Eu iria mesmo embora? Não quero perder a coragem em uma semana. As provas começariam na próxima segunda-feira e eu, não estaria com muita cabeça para os estudos, estaria pensando em certo alguém de cabelos castanhos e o qual parti seu coração.

 As provas começariam na próxima segunda-feira e eu, não estaria com muita cabeça para os estudos, estaria pensando em certo alguém de cabelos castanhos e o qual parti seu coração

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