Capítulo 55

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Enquanto almoçava em casa, sozinho, eu repassava o cardápio na minha mente. O que era atraente para um jantar romântico? Estive pensando em algo afrodisíaco, ostras e vieiras, eram frutos do mar que traziam certo romantismo e sensualidade. Sensual demais. Descartei, assim que percebi que talvez soasse como uma pressão para o sexo. Optei por algo mais clássico, deixando para esbanjar na sobremesa. Com os pedidos em mente, liguei para um dos restaurantes mais sofisticados do Reino Unido e fiz os pedidos, às sete horas da noite eles seriam entregues no apartamento de Katy.

Essa chamada tirou de mim boa parte da ansiedade que estava sentindo e pude terminar o almoço sem um monte de pensamentos rondando minha cabeça. Minutos depois, eu estava no sofá ao lado de um copo de café e vários papéis, começara elaborar as minhas provas. Não queria nada impossível de ser feito, afinal, eu acredito piedosamente que provas não medem o conhecimento e é tudo uma, como chamar, 'decoreba'.  Um bom professor conhece sua sala e eu, sabia que meus alunos aprenderam de fato a matéria, eu confiava neles. O conselho estudantil era bastante severo com as provas, por isso, eu precisava caprichar bastante, não poderia dar na cara que eu estava facilitando ou seria gravemente punido. 

Eu encarava as centenas de anotações bem satisfeito. Aparentemente eu havia chegado em algum lugar. 

Meu celular começou a tocar, o toque estava incômodo para meus ouvidos. Me levantei, apanhando o copo de café e caminhando até o balcão da cozinha onde havia feito o meu almoço e por lá deixado o celular. O visor anunciava um nome que me trazia raiva, Matheus Davies. Pelo meu bom humor, decidi ignorar a chamada e voltei para meu posto, queria aproveitar que a criatividade havia me visitado e terminar de preparar essas avaliações antes de Zoey e Katy chegarem para a sessão. Mesmo Zoey e Katy morando juntas, elas quiseram continuar com as sessões aqui, eu tentei convencer do contrário, até porque eu era apenas uma pessoa para se locomover até lá, porém, Katy e sua teimosia prevaleceram.

Passei mais algumas horas ali fazendo anotações, não notei que estava aproximando a hora das meninas e Steven Stoucker chegarem até Matheus me ligar novamente, eram três horas em ponto, por descargo de consciência decidi atender.

—Fala.— Minha voz não soava nada gentil.

—Queria me desculpar.— A voz do outro lado parecia de fato arrependida mas eu estava cego de ódio, levaria um tempo até eu esquecer. Enquanto Matheus fazia o seu discurso de perdão, eu subi as escadas até o quarto e procurava agora por uma toalha, eu não estava de fato prestando atenção no que ele falava, eu sequer me importava com suas desculpas.

—Realmente não me importam as suas desculpas, Matheus. Você pode tentar novamente quando aprender a beber e não agir como um adolescente! — Cuspi as palavras e encerrei a chamada, jogando o celular na cama e me dirigindo para o banheiro. Eu sei que minha atitude não estava madura, mas Matheus precisava crescer. Não há coisa pior em um homem que não sabe beber e se acha o maioral em agredir pessoas.

Enrolado com uma toalha na cintura eu sai do banheiro a procura do que vestir, eu não poderia usar uma calça moletom para receber Steven Stoucker e também, não poderia me arrumar tanto a ponto de Zoey suspeitar de alguma coisa, porém, ainda sim, eu queria agrada-lá. Com esses pensamentos na mente, eu optei por meu vestuário professor de sempre, uma calça casual de cor azul marinho, um cinto fino castanho claro, quase como cor de mel e uma camisa social também azul marinho e um sapato social, marrom claro. Eu gostava dessa sincronia de cores, o que não me agradava tanto era o roxo envolto em meus olhos, por um momento desejei que Margareth estivesse aqui e fizesse mágica com todos aqueles pincéis no meu rosto. Minha barba estava por fazer, o que eu sabia que agradava Zoey, ela havia elogiado ela em dos almoços que tivemos e elogiou novamente quando com ela, fiz cocegas em seu pescoço. O cabelo estava como sempre, rende aos ombros e jogado para o lado. O perfume era a cereja do bolo.

—Keanu! Chegamos!—  Anunciou a voz de Katy. —Qual é essa bagunça toda no teu sofá?

—Não mexa em nada! Já estou descendo.— Disse eu, enquanto descia as escadas e ao mesmo tempo dobrava as mangas da camisa social. 

—Nossa, toda essa produção por mim? Fico lisonjeada. —Disse Katy assim que me viu. Aparentemente ela não havia reparado no meu olho.

—Não seja idiota, não é pra você.— Meus olhos seguiram pela sala até a cozinha. —Cadê a Zoey?

—No banheiro. — Disse ela, pegando uma de minhas anotações —O que são essas coisas? Não lembrava que sua letra era tão feia.— Katy me lançou um sorriso zombador. Tomei as folhas de sua mão.

— Sabe, homem algum gosta de moças xeretas. — Disse eu, apanhando o restante das folhas que estavam pelo sofá e colocando na pasta.

—Bem, não estou procurando por homem no momento.— Sua voz era no mesmo tom que eu, zombeteiro. Eu gostava muito do humor de Katy. —Não vai oferecer nada para a visita?

—Aceita vinho?— Falei, indo em direção a geladeira já imaginando qual seria sua reposta. 

—Pega mais uma taça, Katy.— Ouvi a voz de Zoey invadir o lugar, junto de seu perfume. Meus olhos foram até ela, seu sorriso era fascinante. Katherine apanhou mais uma taça e eu enchi as três com o líquido vermelho. Eu peguei duas das taças e caminhei até Zoey, que estava apoiada no sofá.

—Oi — Disse, depositando um beijo em seus lábios.

—Oi — Sua voz era calma, verdadeira paz para os meus dias de caos. —Você está muito bonito.

—Obrigado.— Respondi, estendendo uma taça de vinho em suas mãos. Nossos olhos se encontraram mais uma vez, uma das mãos de Zoey foram até meu rosto, tocando ao redor do meu olho esquerdo.

—O que houve? 

—Meu irmão bebeu demais e... Bom, não vamos falar sobre isso. Quero saber de você, está pronta para mais uma sessão?

—Estou ansiosa e um pouco incomodada. —Disse ela, eu não conseguia imaginar como é. —Mas você está aqui, então vai ficar tudo bem.— Ela sorriu novamente, o sorriso que eu tanto amava. Levei minha mão até a dela, em que repousa em meu olho.

— Vai sim, estamos juntos não há nada que não podemos enfrentar.— Sorri. —Talvez só a justiça.—  Ela riu da minha piada. Era uma piada ruim e ao mesmo tempo  uma preocupação real.  Aproximei o meu rosto do dela, ia fechando levemente meus olhos conforme  me aproximava de seus lábios.

—Vocês são lindos juntos e é bom ver o Keanu feliz de novo. Mas será que dá pra respeitar a solteira aqui e parar de melação?—  A voz de Katy nos interrompeu.

—E também a Katy.— Zoey disse por fim.  Não pude deixar de rir com isso. 

 

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