Capítulo 49

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O almoço foi mais rápido do que gostaria, Zoey precisava ir para o trabalho e eu voltar para casa e  planejar aulas.

Após deixar Zoey em seu apartamento, eu voltei para o carro pensativo.

Enquanto dirigia de volta para minha casa, eu só conseguia pensar nessa TRE e quais seriam os resultados disso. Eu sabia que estava expondo Zoey em um risco enorme, as emoções que ela estará sujeita poderá, de certa forma, agravar o caso dela. Lembro claramente das palavras da doutora Sampaio, evitar emoções fortes. Zoey e eu discutimos bastante sobre isso durante o almoço, ela parecia bem decidida. Ela sempre afirmava, dizendo que queria saber quem ela é. Eu sei quem ela é, minha outra metade, minha alma gêmea que me encontrou. Não restava dúvidas disso.

Quando cheguei em casa, a surpresa não foi nada agradável. John Olsen, estava me esperando logo na porta, acompanhado por uma Katherine extremamente preocupada.

— Keanu, eu tentei impedi-lo, mas ele insistiu demais. Você sabe como meu pai é — Ela encarou o Sr. Olsen e completou — Teimoso.

Respirei fundo e passei as mãos pelo meu cabelo, deixando as chaves no balcão da cozinha. A perguntava que passava pela minha cabeça era: Por que diabos eu devolvi a chave extra para Katy?

— Boa tarde Sr.Olsen, é um prazer receber o senhor.— Falei, da forma mais respeitosa que conseguia pensar.

— Onde ela está?— Sua voz era firme, como o soldado que um dia foi. —É verdade? A garota é ela? Os olhos, eles passam a mesma energia de Marie.— A sua voz agora havia caído, estava trêmula, pude jurar que ele estava emocionado se ainda não estivesse com o mesmo rosto sem expressão.

— Ela não está aqui, John. Sim, acreditamos de verdade que seja. Não sei se Katy já te contou tudo.— Respondi, lançando um olhar sério para Katy que transmitia a mensagem de 'Você me paga'

— Ela me contou por alto. Mas me conte, me conte como ela é. — Seus olhos expressavam, o que posso dizer uma micro expressão de felicidade e esperança.

—Ela é... — Pausei por alguns minutos, queria selecionar as palavras certas. — Ela é simplesmente incrível, tão inteligente e esperta. Ela tem uma energia contagiante, a mesma energia de sua filha. O olhar, bem, é exatamente o mesmo. O olhar que é capaz de colocar todo mundo em perigo. — Eu sorria, feito um idiota quando me lembrava do seu sorriso. Quando me lembrava do quão intenso ela me olhava, eu poderia passar horas e horas olhando para eles. — Só amanhã teremos certeza, ela passará por uma sessão que a fará lembrar da vida de Marie.

John me encarava admirado, um sorriso escapava da sua carranca de soldado.
—É mesmo um presente de Deus! Eu quero participar! Eu preciso conhecer ela, abraçar... Faz tanto tempo desde que Marie se foi, não me lembro qual é o seu perfume

— Não, você não pode. Ela não vai o conhecer e amanhã, Zoey passará por muita coisa, ela precisará de rostos confiáveis.

—Você não pode esconde-lá somente pra você, Davies!— Seu dedo estava apontado para meu rosto, o mesmo tom ameaçador que sempre usava para me intimidar. — Ela é minha, antes de sua. Ela é minha filha!

—Eu não estou escondendo ela! Estou tentando cuidar dela! Você vai conhecer ela em algum momento, mas não amanhã!— Exclamei, eu não tinha mais medo dele. Eu não era mais o jovem que havia pisado na sua casa anos atrás, eu era um homem, falaria de igual a igual com ele.

— E se não se importa, eu preciso trabalhar. Tenho aula para programar.

Minha voz saiu bastante rude, caminhei para a porta e abri. John havia me tirado do sério, se com o cara que acreditava em tudo isso, tinha rolado toda essa tensão imagina quando for a Sra.Olsen vindo me azucrinar.

O Senhor Olsen passou pela porta me lançando um olhar fulminante. Se ele tivesse um super-poder de matar alguém apenas com o olhar, com certeza eu estaria morto nesse momento. Katy passou por mim completamente envergonhada.

—Desculpa por isso, eu tentei impedir ele, de verdade.

— Não se preocupe com isso. Ah, e Katy, Zoey quer você aqui amanhã, durante a terapia. Eu não entendi muito bem o motivo.

Fiz uma cara confusa. Zoey havia me pedido isso durante o almoço, ela fazia questão de ter minha ex cunhada presente.

— Eu sou a irmã, cara. Claro que ela iria me querer por perto.— Katy sorriu e saiu. Será que Zoey sentia o laço de irmãos que Marie e Katy compartilhavam antes? São perguntas que só serão respondidas pelas sessões.

Após toda essa cena, minha cabeça estava dando sinais de que iria doer. Eu precisava com urgência me consultar com um neurologista, essas dores estavam se tornando constante, toda vez que passava por algo estressante, ou alguma coisa semelhante. Procurei pela cozinha e não encontrei nenhum analgésico, deixei de lado e subi para um banho. Na minha concepção, banho e café, eram remédios para tudo.

Durante o banho, me sentia mais relaxado. Havia me dado conta de que, após toda a viagem e a conversa que tive com Zoey no hospital, eu nunca mais estive tão triste. A tristeza que sentia pela morte de Marie estava indo embora, de poucos em poucos. Com a toalha enrolada na cintura eu sai do banheiro, pus uma roupa confortável, apanhei o notebook e me joguei na cama.

Abri meus e-mails, a maioria era da faculdade, mas havia um ali que me chamou bastante atenção. Steven Stoucker havia me mandado um e-mail, avisando que amanhã ele estaria na cidade e que não precisava se preocupar em buscá-lo no aeroporto, apenas era preciso que eu passasse o endereço de onde seria a sessão de TRE. Ele também me passou o valor das sessões, pra ser sincero, era um valor exorbitante mas nada do que eu já não esperasse. Em resposta, eu mandei um outro e-mail, contendo o meu endereço e perguntando se a sessão poderia ocorrer as três e meia da tarde, assim Zoey poderia almoçar antes da terapia regressiva. Em seguida, escrevi também que aceitava pagar por esse valor, por ser um assunto urgente pra nós.

Senti o cansaço tomar conta de mim repentinamente, fechei o notebook e pus sob a mesa ao lado da cama, voltei a me deitar, encarei o teto pálido por alguns segundos até adormecer.

Senti o cansaço tomar conta de mim repentinamente, fechei o notebook e pus sob a mesa ao lado da cama, voltei a me deitar, encarei o teto pálido por alguns segundos até adormecer

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