Capítulo 70

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A vida não acaba após a morte de alguém que amamos

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A vida não acaba após a morte de alguém que amamos. Precisamos ser fortes e seguir em frente. Eu tive que aprender isso duas semanas depois de ter perdido o Keanu.

Foram dias difíceis para todos, mas para mim, parecia o fim do mundo. Keanu foi o meu primeiro amor e saber que jamais ouviria sua voz novamente, era doloroso.

A morte corporal de Keanu, me afetou bastante, foram noites intermináveis de choros e gritos angustiantes. Eu me sentia vazia, sem direção. 

Eu havia me perdido, sentia que não havia Zoey sem Keanu Davies.

Fui trazida para realidade com as duras palavras de Katherine em uma dessas madrugadas sem fim.

Lembro-me de acordar mais uma vez aos gritos após um pesadelo terrível, lágrimas me cobriam o rosto. Como havia sido em semanas, Katy apareceu no quarto, acendeu a luz e me encarou.

Ela também estava sofrendo, uma feição cansada lhe tomava o rosto. Keanu era seu melhor amigo, um irmão para ela.

Katy, naquele dia, caminhou até mim e se sentou na cama. Enxugou as lágrimas que escorriam pela minha bochecha e soltou um suspiro.

— Zoey, isso precisa acabar. Estamos todos mal com a morte dele, mas isso não está saudável

— Me desculpe. — Foi tudo que consegui presenciar.

— Acho que seria melhor você voltar para Oxfordshire.

Após a morte de Keanu, eu decidi que ficaria na cidade. Pensava que isso me ajudaria a superar. Fora aqui que meus sonhos me trouxeram, me guiaram até Keanu, era aqui que deveria permanecer.

— Eu não posso voltar pra lá. Pertenço aqui.

— Então você terá que achar uma forma de lidar com a dor! Ele se foi!—  Lágrimas começaram a nascer em seus olhos. —E acho que sua alma não retornará tão cedo. E se voltar...— Ela pausou.  Eu sabia o que ela diria. Não sabíamos se ele voltaria com ou sem uma conexão com a vida passada, afinal, era raro. Eu era um caso raro, havia dito Steven Stoucker.

—Eu sei...

—Se fosse ao contrário, você gostaria de vê-lo sofrendo dessa forma?

— Não... Gostaria que ele fosse feliz novamente.

— Então Zoey! Precisamos seguir em frente. Você precisa seguir em frente. A nossa vida não acabou, ele gostaria que vivêssemos.

Katy tinha razão. Keanu não gostaria de me ver desistindo dessa forma.

Eu não respondi, apenas a abracei. Estávamos tristes, mas vivas e juntas. Passaríamos por aquilo.

Naquela mesma semana, entrei em contato com Roger, o amigo de Keanu que me deu o estágio, procurando por um emprego.

Roger é bastante gentil e rapidamente me admitiu como sua nova funcionária. Ele dizia que como sou jovem, tenho muito para acrescentar nessa "velha empresa".

Continuei morando com Katherine e segui em frente, quebrada e machucada, mas seguindo em frente, da forma como posso.

A morte de Keanu não afetou somente à mim e a Katherine, ela mexeu também com a Professora Margareth.

Eu a encontrei sem querer em um mercado, enquanto comprava comida. Ela parecia a mesma mulher, sempre bem arrumada, mas algo nela estava diferente, um olhar mais perdido. Talvez assim como eu ela nunca supere, afinal, Keanu era um homem extraordinário em todos os aspectos.

Ela me cumprimentou e disse que sabia dos sentimentos do Keanu por mim, disse também que era uma pena ele nunca poder ter me contado. Permaneci em silêncio, afinal, ela não sabia que havíamos vivido um romance enquanto ele ainda me dava aulas, eu queria que ela mantivesse a memória dele como o professor exemplar que ele foi, sem carregar a imagem de 'professor que 'pegava' a aluna'.

Hoje se completa quatro meses que ele se foi.

Se eu olhar com racionalidade, veria que era só mais um dia de domingo normal, e que nada de importante havia acontecido meses atrás, mas eu era emocional demais para ignorar o fato que mais um mês se passava desde que um raio me separou do homem que amava.

A vida é realmente um sopro. Em um momento você existe e de repente... Puft, tudo acaba.

Uma brisa fina bate em meu rosto, enquanto jogo a toalha quadriculada em tons de branco e amarelo na grama.

Eu estava no lago, onde Keanu me beijou pela primeira vez. Aquele beijo me assombrou por dias, meu professor havia me beijado, e eu não parava de pensar em quão bom isso havia sido.

Me sentei na toalha e olhei para o lago. Os raios de sol que refletiam na água brilhavam, era como olhar para várias jóias e cristais brilhantes.

Desde que ele se foi e eu estava tentando seguir em frente, eu vinha aqui. Eu me sentia mais perto dele nesse lugar, eu só não sabia o porquê.

As vezes eu me pegava pensando, será que sua alma já havia retornado em um novo corpo? Como seria? Será que seus olhos continuavam castanhos ou seriam agora verdes?

Steven Stoucker disse que nem todas as almas lembram de quem foi em sua vida passada.

Se Keanu voltasse, uma parte de mim quereria que ele fosse uma dessas pessoas, porque eu sei, mais do que ninguém, a confusão que é você ainda ser ligada a sua outra vida.

Outra parte, a minha parte egoísta, queria que ele se lembrasse de tudo e viesse até mim, como eu muitas vezes sonhei.

Eu sei que vai demorar para ele voltar e até lá, talvez eu nem exista mais nesse mundo. 

Olhando para o barco, e a movimentação da água, indo e voltando com o vento, eu sabia que nunca iria superar.

Não iria superar.
Não depois de tudo o que vivi.
Não depois de saber que almas gêmeas se encontram.

Nós éramos almas gêmeas, sempre destinos a se encontrar. De uma forma ou de outra.

Eu seguiria sempre vazia, procurando por algum fragmento do Keanu em um outro corpo.

Mesmo que futuramente eu me permita entrar em uma nova relação, eu o jamais esqueceria.

Eu vivo para ama-lo.

  FIM

  FIM

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