Capítulo 09

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Entramos no restaurante, sentamos o mais longe possível do movimento. Alguém veio nos atender, eu estava perdido no cardápio.

- Então o que vão querer? - a voz masculina soou aos meus ouvidos.

- Eu adoraria comer um Curry está noite. E você, Keanu? - Levantei meus olhos para olhar para mulher em minha frente e depois ao homem que iria anotar nossos pedidos.

- Oh, eu quero apenas uma sopa de ervilha. Obrigado. - Então ele anotou os pedidos e saiu.

- Como tem sido voltar a dar aulas? - Katy perguntou, apenas puxando assunto.

- Eu gosto do que eu faço, só não gosto muito daquela Universidade. Traz muitas lembranças, sabe. - Com ela, eu podia dizer o que há em meu coração, sem precisar esconder.

- Eu entendo. - Ela apenas disse e depois o silêncio pairou sobre nós. Será que eu deveria contar a ela sobre a garota nova? Que a garota tinha os olhos de Marie. Provavelmente ela me chamaria de louco, é melhor manter segredo.

- Então, como anda sua vida?- Perguntei, eu realmente queria saber como ela estava vivendo, apesar de tudo.

- O trabalho tem sido exaustivo, sabe. Chefes sugam demais a gente. Mas estou feliz, eu estou tendo um caso com o meu secretário. - Ela riu. - Não é louco?

- Não. - eu disse com sinceridade. - É normal, se apaixonar é lindo. - falei, lembrando daqueles olhos que me conquistou.

- Você sente falta de se apaixonar, de viver um romance? - Ela perguntou, enquanto nossos pratos chegava. - Obrigada. - Katy respondeu para o garçom.

- Katy, eu vivo apaixonado pela mesma mulher. - Respondi sincero.

- Eu sei, mas quero dizer... Deixa pra lá. Não quero ser inconveniente.- Disse dando um colherada no Curry.

- Não, tudo bem. As vezes eu também penso que talvez eu poderia seguir em frente.- Pausei, para tocar na minha sopa. Katherine me olhava intrigada. - Mas eu não poderia. O que Marie e eu tivemos foi tão intenso, tão verdadeiro, que talvez eu me sentiria a traindo.

- Conhecendo minha irmã, como eu conheço, ela queria que você fosse feliz, Keanu.

Então, a mesma voz que me pegou na sala de aula, me puxava agora.

- Com licença, vocês aceitam algo para beber? - Me virei mais que rapidamente para olhar para aqueles olhos. - Oh, Sr. Davies. Sra Davies.

Katherine não conseguiu segurar o riso, quando olhou para Zoey, seu rosto caiu. Me senti na obrigação de apresentar as duas e dizer que não era minha mulher.

- Zoey, essa aqui é Katherine Olsen, somos apenas amigos.- Disse olhando de volta para Katy, que ainda encarava Zoey sem esconder. - Katy, está é Zoey. Minha aluna na St.Andrews.

Por que, caralhos eu havia decorado o nome dela? Perguntei para mim mesmo e meu subconsciente respondeu

Por causa dos olhos inconfundíveis.

- Seus olhos, seus olhos são iguais ao da minha irmã que morreu alguns anos. Como isso?!- Katy estava chocada e ela fez a pergunta.

Zoey pareceu tímida.

- É uma anomalia, senhorita, eu nasci assim. Se não vão pedir algo pra beber estou me retirando. Obrigada.

Eu me levantei o mais depressa, sei notar meu movimento. Não poderia deixar esse ano partir.

- Eu gostaria do seu melhor vinho, por favor. - disse rápido, enquanto tocava em seu braço. O toque queimada cada parte do meu corpo. Soltei rapidamente, assim que notei o que havia feito.

- Certo, pedirei pra alguém trazer"

Sentei no meu lugar.

- Quando iria me contar que uma aluna sua tem os olhos de Marie? - Katy me perguntou, ainda olhando para onde a garota havia saído algum tempo.

- Não pretendia dizer. Afinal, essa anomalia pode acontecer com qualquer um. - Disse torcendo pra ela não notar a mesma intensidade que Marie tinha.

- Não com esse mesmo fogo de vida. - Afirmou Katherine.

E por um momento fiquei feliz que não tenha sido minha insanidade imaginar os olhos de Marie em outro corpo.

Depois desse momento constrangedor e completamente esquisito, o jantar havia se seguido e logo estávamos de volta em casa, onde Katy pegaria seu carro de volta para sua própria casa.

- Keanu, eu ainda não consigo entender, ela tem os mesmos olhos.- Disse novamente assim, que a deixei em frente ao seu carro.

- Eu já te expliquei.- Eu disse, querendo acreditar nisso também, era o mais racional a se fazer.

Ela se despediu de mim com um abraço. Eu poderia ver que Katherine não estava convencida de meu argumento, mas eu me agarrava a ele com tanta força. Se eu deixasse de pensar assim, colocaria em risco tudo o que eu acreditava e mais, talvez até meu emprego.

Eu não poderia deixar a insanidade me controlar. Eu preciso estar no controle.

 Eu preciso estar no controle

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