Capítulo 30

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— Última chamada para o voo 214, para a Polônia. —  Disse a voz do rádio. Todos juntamos em duas filas, sendo lideradas pela Margareth e eu. Já havíamos despachado nossas malas,tinha ficado comigo apenas um livro para me distrair, estávamos agora embargando no avião.

Consegui sentir novamente aquela ansiedade, a mesma que me tomou de manhã, quando lembrei de estar dentro de um desses aviões.  Caminhei por entre as poltronas, sempre atento ao meu número. Quando encontrei, me sentei, fechei meus olhos tentando relaxar um pouco, esse simples gesto aliviou toda a tensão que eu nem sabia que estava sentindo.

Abri meus olhos e peguei o livro, o abrindo também, era um livro de Ian Steverson, um outro pesquisador de vidas reencarnadas. Comecei a ler o livro e por um momento me esqueci que   em breve estaríamos a alguns metros de altura e  que se algum ser superior quisesse brincar de desastres aéreos, bom, daria ruim para mim.

De repente, um sublime perfume de flores tomou meu nariz e senti o assento ao meu lado ser preenchido. Uma mão média, com unhas pintadas em azul, fechou meu livro.

— "Casos Europeus de Reencarnação", não sabia que era religioso. —  Disse, Zoey, sorrindo. Levantei meu olhar para ela.

— E não sou. Apenas me interessei pelo assunto. —  Mal ela sabia que tudo isso era por causa dela, eu queria entender mais sobre esses casos, se pudesse ir mais afundo, talvez finalmente eu pudesse te contar. Coloquei o marcador na página que fui forçado a parar e fechei, dando total atenção para a garota ao meu lado.

— Onde você esteve esses dias?—  Finalmente perguntei. Eu queria saber, tinha necessidade de saber. 

O sorriso brincalhão em seus lábios sumiram. Senti seus ombros tensionarem. O que será que tinha acontecido? Peguei em sua mão.

— Você sabe que pode confiar em mim, Zoey.

— Eu sei. De qualquer forma, não aconteceu nada.  Eu só não gosto de voar. — Ela disse, não consegui segurar o riso.

— Mas ainda nem saímos do chão.

— Eu sei, mas em breve vamos!—  Ela aumentou o tom. — Você não tem medo de nada, não é? Sempre tão forte. —  Suas palavras foram forte em meu coração, ela me via como uma figura corajosa.

— Não é verdade, eu tenho medo de diversas coisas.— "De você se afastar de mim  e eu te perder novamente", pensei comigo.

— Diga um.—  Zoey me desafiou, juntando um pouco os olhos, como se desconfiasse de mim. E as nossas mãos estavam agora entrelaçadas. 

— Voar. Eu também carrego um pouco de insegurança em estar no ar. — Disse, sincero. — Eu já viajei muito, com a Marie. Mas ainda não me acostumei com isso.

— Mas você parece tão calmo. —  Ela disse, analisando minha expressão, talvez procurando por algum sinal de mentira.

— Por dentro estou bastante nervoso, não se pode julgar um livro pela sua capa, não é?— Falei, piscando para ela.

— Depende, se for um livro de  Álgebra com certeza julgaria.—  Ela riu, eu não pude conter minha risada.

— Eu vou te contar um segredo, em cada quatrocentos milhões de voos, apenas dez incidentes são realmente fatais. Sendo assim, acho que vamos ficar bem.

— Acho que sim. — Sem perceber eu estava acariciando sua mão. — Eu estava doente, por isso não pude vir. — Disse Zoey  por fim.

— E agora como se sente?

— Melhor. — Ela olhou para nossas mãos e depois voltou a olhar para mim, sorrimos juntos. Eu senti falta dela.

— Pensei que tinha voltado para Oxford. —  Fui sincero, realmente pensei que ela tivesse me deixado.  

— Não tenho motivos para fazer isso, eu... — Sua frase foi cortada, quando uma moça ruiva tocou seu ombro. Rapidamente soltei sua mão.

— Com licença, eu acho que esse é o meu assento. 013. —       Mostrando sua passagem.

—Oh sim, me desculpe, eu só estava tirando uma dúvida sobre a matéria. —Disse Zoey se levantando depressa. — Obrigada pela explicação, Sr.Davies.

Segurei o riso e agradeci. 

— Viagem de escola? —Perguntou a ruiva quando se sentou. 

— Sim —  Apenas respondi. Ela tinha afastado o meu bom humor quando fez Zoey ir embora.

— A propósito, meu nome é Helena. Qual o seu? —  Helena perguntou, oferecendo sua mão para eu apertar. 

— Keanu Davies. —Respondi, apertando a mão.

— Nome bem diferente, é da onde? —  Revirei meus olhos rápido para que ela não percebesse.

— Sempre faz tantas perguntas assim? Tentei ser o menos rude possível.

— Se vou passar as próximas horas presa em um avião com alguém, gostaria ao menos de conhecer essa pessoa. Pra tornar o ambiente agradável.

Apenas respondi sua pergunta
— Reino Unido.

Pelo jeito,minha ideia de voo tranquilo lendo seria interrompido por uma mulher de cabelos flamejantes. 

Nota da Aurora:

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Nota da Aurora:

HAHA! Parece que surpreendi algumas de vocês sobre quem estaria no acento 013, não é? Obviedade nem sempre é algo que eu gosto.

Além do Olhar [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora