Capítulo 40

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Sentado nessa cadeira de acompanhante em um quarto de Hospital, não era como eu havia planejado minha volta e sinceramente, não me importava. Zoey estava dormindo tranquilamente, mesmo com o cabelo todo bagunçado e roupa de Hospital, ela era linda.
Minha mente não parava de reviver os episódios dessa madrugada. Zoey gritando e chorando, foi uma das cenas mais dolorosa da minha vida, a primeira, foi ver Marie morrendo em meus braços, sem eu poder fazer nada.

Naquele instante, decidi que eu não poderia mais ignorar os sentimentos que Zoey me fazia sentir. Eu simplesmente resolvi ser sincero e colocar eles na mesa. Não havia mais volta. Zoey também tinha sido em parte sincera comigo e seus sentimentos, até disserá o motivo de seu sumiço repentino na St.Andrews. Mas havia algo no olhar dela, tinha coisas que ela ainda guardava para si mesma.

Eu não sabia como seria daqui pra frente, mas eu não iria retroceder e nem fingir que nada aconteceu.  Todo o trajeto até o Hospital foi preenchido por vários pensamentos que se passavam na minha cabeça, eles eram todos péssimos e bastante negativos. Eu tive medo de que pudesse perde-la novamente. Tive medo de que ela fosse tirada de mim tão rápido quanto eu tinha sido agraciado com sua volta.

Não consegui dormir direito, tudo o que me permiti foram breves cochiladas e todas as vezes eu acordava sobressaltado, conferindo se ela ainda estava ali, dormindo serena. Realmente, aquela cadeira não fora projetada para que os acompanhantes tivessem um bom descanso. Essa cadeira era extremamente desconfortável, assim como Zoey dissera. Minhas costas estavam me matando.

Ouvi várias movimentações vinda por trás da porta.Olhei para o relógio em meu pulso, apontava para às sete horas da manhã e alguns minutos, o dia no Hospital começará.

Me levanto da cadeira, esticando meus braços para o alto da minha cabeça, forçando a coluna a ficar reta. Soltei o ar e fui abaixando os braços devagar, me sentia todo quebrado, talvez café ajudasse. Café é sempre um bom aliado em qualquer situação. Será que Zoey também gostava de café?  Eu havia visto ela tomar um capuccino na viagem, quem sabe eu não encontro alguma cafeteira aberta por aqui perto.
Haviam máquinas de café na ala de refeição do Hospital, mas assim como comida de Hospital não é agradável, o café também não seria. Depois de todo o ocorrido, acho que merecemos um café decente.

— Com licença. —  Chamo por uma das enfermeiras assim que saio pela porta. 

— Sim, bom dia. — Diz a morena sorridente.

— Poderia avisar para a garota do quarto doze que eu saí para comprar café e que em breve estou voltando? —  Pedi, com gentileza. Minha voz estava mais grossa que o comum, o cansaço mexeu com minhas cordas vocais. — E pedir que, por favor, não contem o resultado de seus exames até que eu esteja presente. É importante pra mim. Não quero deixa-la sozinha, independente de qual for o resultado. —  Disse sincero, a morena em minha frente me encarava admirado.

— Claro pode deixar. Cuidaremos dela até o senhor retornar, fique tranquilo. Ela tem sorte em ter alguém que se preocupe com ela. —  Seu sorriso sincero. — Eu não conheci muitos homens assim. —   Seu sorriso pareceu vacilar por um momento. Senti compaixão por esse jovem enfermeira, ela parecia já ter sido quebrada por várias vezes.

— Eu conheci minha alma gêmea. E no último mês, eu tive consciência de algo que,outrora, eu acreditava não poder acontecer. E eu te digo, sua alma gêmea está por aí, procurando alguma forma de chegar até você. E quando isso acontecer, vai entender porquê nunca deu certo com ninguém antes.

Ela sorriu e me agradeceu. Eu não sabia em que momento eu havia perdido minha postura, nesse patamar, eu já não me reconhecia como o homem de um mês atrás. Eu estou voltando a viver e eu estou gostando bastante de me sentir vivo novamente. Tudo isso, graças a Marie. Sim, ela nunca se foi de verdade, ela está aqui, naquele quarto de Hospital. Muito mais linda, com uma voz ainda mais doce e um olhar ainda mais penetrante. Minha Zoey, essas palavras soavam tão bem quando eram ditas pelo meu subconsciente. 

Caminhando pela calçada, com as mãos nos bolsos, eu não conseguia parar de pensar no acontecido. Minha mente estava turbinando com  isso. O que será que havia acontecido para a Zoey entrar naquele estado? Eu sei o quanto a mente pode nos torturar, mas eu nunca tinha visto algo como aquilo, até o momento. O surto que ela teve em outro dia, não foi nada pior perto deste. Eu estava realmente preocupado com a saúde dela, estava ansioso para saber o resultado do exame.  

No meio do caminho, encontrei uma cafeteria simples, mas que me chamou bastante atenção, sem pensar muito eu entrei. A cor dela era de um salmão suave, as mesas eram brancas, assim como as cadeiras. O lugar tinha um cheiro maravilhoso de café, pelos quadros na parede,poderia dizer que essa cafeteria era inspirada nas de Paris. Guardaria o lugar com vigor em minha mente, era bem aconchegante, automaticamente me imaginei sentado em algumas dessas mesas com Zoey, ela sorrindo e me contando como foi seu dia no trabalho, e eu resmungando, dizendo que estava atolado de artigos para correção.

Fiz meu pedido, o mesmo café de sempre acompanhado por um croissant tradicional. Parecia que eu estava verdadeiramente na França, o sabor era inconfundível. O melhor croissant do Reino Unido era o daqui, com certeza. Depois de terminar com o meu café da manhã, pedi que embalassem o da Zoey, pedi um Croissant doce e um tradicional. Marie gostava dos tradicionais assim como eu, mas para Zoey, eu decidi optar por levar os dois. Se ela escolhesse o tradicional, seria mais uma prova que possuía a alma de Marie, se por ventura escolhesse o doce, bom, não mudaria em nada. A certeza que ela é a Marie ardia em meu coração. 

Fiquei chocado com a perfeição que eles embalavam os pedidos. O capuccino vinha em uma pequena garrafa térmica de verdade, não aqueles copos de plásticos que costumam vir em outros lugares. Os croissant's estavam bem colocados em uma pequena vasilha descartável. O papel era de um salmão bonito, assim como o ambiente, trazia desenhado a Torre Eiffel e o nome da cafeteria, 'Café de lá Flores'. 

Paguei por todos os pedidos e me despedi. Voltei com mais pressa do que havia vindo, não queria que os croissant de Zoey esfriassem. Todo o trajeto de volta, eu imaginei o seu sorriso. Queria muito agradar ela e faria o meu melhor para isso.

 Queria muito agradar ela e faria o meu melhor para isso

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