Qᴜᴇʙʀᴀᴅᴏ

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TRÊS SEMANAS ANTES DO APOCALIPSE GLOBAL

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TRÊS SEMANAS ANTES DO APOCALIPSE GLOBAL

Empurro a porta sorrateiramente para não ser ouvida em meio a escuridão da noite e luzes apagadas da casa. Está frio, tenebroso e um arrepio percorre minha espinha inteira, eriçando todos os pelos do meu corpo, parando bem na nuca. Engulo em seco, sentindo na barriga um leve desconforto. Alguns passos para fora do quarto e posso ouvir melhor a discussão que vem do andar debaixo. É sobre mim. Como sempre... Prendo a respiração e dou mais alguns passos, equilibrando-me no assoalho gelado de madeira para que nenhum ruído sobressaia enquanto dou passos suaves, caminhando por esse corredor escuro. Quando chego ao topo da escada, consigo ver sombras vindas da sala de estar, onde a luz está acesa, iluminando o corredor e causando sombras próximas a porta de saída.

As sombras parecem irritadas, partidas. Daqui posso sentir a atmosfera pesada, com os braços chacoalhando. Senão pudesse ouvi-los, ainda saberia que estão discutindo. Qualquer um saberia.

— Você sabe muito bem o que ela está causando! — Lori grita, exaltada, por sua sombra irritada posso ver que chacoalha o que parecem ser alguns papéis, dando vida a sombra das folhas.

— Pelo amor de Deus, Lori — papai resmunga e a sua voz sai tão pesada e cansada, como se há eras viesse lutando contra enormes fantasmas, e eu sei que seus fantasmas são apenas eu — o que você quer que eu faça? Que bata nela? A mande para cadeia?

— Você precisa dar um jeito nela, Rick! Ela está passando de todos os limites!

— Lori...

— Escuta — grita mais uma vez, e eu me encolho, assustada — ela foi pega fumando na escola! Ela agrediu duas pessoas só essa semana. Uma delas está no hospital, Rick!

Mordo pelo lábio pela surpresa que é ouvi-la descrever tudo de tal forma. Meu desconforto na barriga aumenta e eu coloco as mãos sobre ela, como se pudesse acalmar dessa forma. É impressionante como Lori nunca vê o meu lado da história, como nunca perguntou o que essas pessoas me fizeram. Não sou agressiva! Mas ela nunca quer saber o porquê de eu revidar...

— Droga, Lori! O que você quer que eu faça? — Papai aumenta seu tom, mais cansado do que antes, por sua sombra o vejo passar as mãos pelo cabelo.

— Eu não sei, droga! Só faça alguma coisa! Ela precisa de limites!

A sombra de Lori caminha, depois some. Acho que ela se sentou no sofá como faz sempre. Posso até imaginar as mãos com a cabeça enterrada entre elas e ainda segurando os papéis. Respiro fundo, observando meus pés descalços, a calça de flanela e então minhas próprias mãos, ainda segurando a barriga esperando que o desconforto, talvez ocasionado pelo nervosismo, apenas se vá.

— Como você quer que eu faça isso? — Papai interpela após segundos em silêncio — Eu mal tenho tempo de descansar. Você não está me ajudando.

Survive For Me - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora