Fᴀçᴀ-ᴏ Gʀɪᴛᴀʀ

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DIA 77, manhã

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DIA 77, manhã

Encho meus pulmões de ar e os solto lentamente após alguns segundos, balançando meus pés e encarando o sol nascendo no horizonte, em tons amarelo, azul, lilás e rosa. Como uma explosão de esplendor natural e único. Estou sentada nessa maldita árvore de novo, refugiando-me mais uma vez do clima estranho que se formou após a morte de Dale. Por quanto tempo será que eles vão ficar tristes afinal? Já faz dois dias! É ridículo que em meio a situação como essa, as pessoas ainda encontrem tempo para estar de luto.

A quem estou enganar? Só estou aqui porque não quero fazer parte disso. Não quero ter que lidar com mortes. Eu... eu... eu não sei como. Não consigo enfrentar isso.

— Ruiva?

Desequilibro-me por um segundo, prestes a cair, graças ao susto com o chamado tão repentino de Daryl. Agarro-me ao tronco e fecho meus olhos sem poder respirar. Recomponho-me após alguns segundos e vou soltando a respiração com lentidão, criando coragem para abrir meus olhos, assim encontro Daryl. Ele está recostado na árvore, observando-me com certa curiosidade e graça.

— Se escondendo de novo?

— Não estou me escondendo — cruzo meus braços para ele e volto a levantar o queixo, focando o olhar nos tons do céu.

— É mesmo? Então venha aqui.

— Por que você não sobe? É a mesma distância.

— Pare de ser tão mal educada — pede, com um longo suspiro para encerrar. — Vamos lá, garota. Tenho algo para você.

— Não quero nada, Daryl. Só me deixa sozinha, por favor.

— Você sabe ser educada? — pergunta, fazendo-me revirar os olhos. — Você está assim por causa de Dale?

Abaixo a cabeça e o observo por alguns segundos. Talvez? Ele era gentil, me tratava muito bem e era um homem sábio, que sempre tentou ajudar as pessoas. E morreu. Acho que na verdade, é por isso: as pessoas morrem. Sei que todos vão morrer em algum momento e não por ficarem velhos ou porque a vida vai fazer seu papel, mas sim pelo fato de que a qualquer momento podemos ter um errante tentando nos devorar. Não gosto de lidar com a ideia disso.

— Venha aqui, garota — insiste novamente — pare de se esconder, isso não vai fazer com que as pessoas deixem de morrer. Te torna uma covarde apenas.

— Você torce o nariz sempre que quer, Daryl! Se isola como um lobo solitário e quer falar isso para mim? Me poupe do seu falso moralismo!

— Porra, garota!

Daryl respira fundo, talvez contendo a raiva. Pude conhecê-lo melhor nesses últimos dias e não é como se ele controlasse sua raiva e a sua língua com todos, mas quando é comigo, Daryl respira fundo uma – ou vinte vezes – e tenta se acalmar.

Survive For Me - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora