Pᴇꜱᴀᴅᴇʟᴏ

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DIA 55, tarde

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DIA 55, tarde

Seguro firme a arma em minha mão, lembrando-me das aulas que tive com Shane. Claro que papai nunca concordou em me ensinar a atirar tão cedo, mas não impediu que seu melhor amigo fizesse isso. Contanto que ele não soubesse... Droga. Preciso parar de pensar nisso. Respiro fundo e aperto a mão de Beth, seguindo silenciosamente com ela pelos corredores.

Enquanto subíamos, pude ver que há andarilhos aqui dentro. Não são alunos, mas reconheci dois professores. Eles estavam dilacerados e ainda assim vivos. É assustador e não quero ter que enfrentar essas coisas tão cedo. Só quero encontrar minha garotinha e tirá-la daqui.

— Carol, veja — Beth sussurra, apontando para o outro lado do corredor, onde há um deles parados. — E agora?

Prendo a respiração e encaro a pessoa no meio do corredor. Se é que posso chamar de pessoa. É uma mulher. Está usando roupas velhas, sujas e até rasgadas. Seus cabelos estão ralos e ela parece tão podre. Isso quer dizer que já morreu há algum tempo. Lembro-me das palavras de Sara, sobre os barulhos atraírem mais deles, e pelo visto, entre nós e a biblioteca, só há ela.

— Preciso de algo pontudo — sussurro, o mais baixo que posso, e com horror Beth me encara. — O tiro vai fazer barulho e atrair mais deles. Já vi Antony fazendo isso.

Beth balança levemente a cabeça e encara tudo ao redor, parando seu olhar em um porta guarda-chuva no canto do corredor. Respiro fundo e começo a me arrastar para lá, mas no meio do caminho avisto um criado-mudo e sobre ele, uma tesoura. Meu coração acelera com a ideia, sufocando-me. Lembro de já ter machucado algumas pessoas, e até ter feito a última parar no hospital com um belo soco na cara... Agora tenho que matar uma. Jamais acreditei que tivesse que fazer qualquer coisa semelhante.

Pego a tesoura e me levanto devagar, olhando para aquela coisa de costas. Ela sequer nos notou. Papai sempre disse que em algum momento, eu teria que ser tão corajosa, que iria ter que escolher entre a minha vida e a de outra pessoa. Acho que esse é um desses momentos.

Balanço a mão para Beth, deixando claro que quero que permaneça abaixada. Respiro fundo algumas vezes e continuo a caminhar em direção aquilo. Poucos passos antes de alcançá-la, ela se vira... tão lentamente. Tão vaga. Vazia. Seu olhar não carrega vida e não há reflexos. Só sou notada por estar a sua frente, e é isso que faz avançá-la na minha direção. O pavor me toma por um segundo, depois entendo que preciso salvar Sophia, porque prometi, não importa o que eu tenha que fazer. Prendo a respiração e uso minha mão para agarrar sua camisa, então coloco toda minha força na outra mão e enfio a tesoura em sua cabeça.

O impacto é forte, duro, me assustada. É diferente do que eu pensava. Até tento puxar a tesoura de volta, mas não sai e em segundos vejo essa coisa padecer de vez a minha frente. Seu sangue permanecer em mim. Meu sangue corre quente nas minhas veias, pulsando e latejando em meus ouvidos, a ponto de me fazer ouvir as batidas aceleradas e descompassadas do meu coração. Minhas mãos tremem com a culpa e minhas pernas amolecem.

Survive For Me - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora