Oʟʜᴇ Pᴀʀᴀ Mɪᴍ

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DIA 67, manhã

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DIA 67, manhã

Sobressalto assustada, sem ter certeza se o que vi foi real. A luz da manhã invade o carro pelo parabrisa e faz com que eu aperte meus olhos no mesmo instante que os abro. Ao me recuperar, percorro meus olhos pelo carro, encontrando quatro pares de olhos arregalados, todos focados no lado de fora. Meu corpo se arrepia, meu couro cabeludo pinica. Lentamente viro minha cabeça e vejo errantes passando pela estrada, esgueirando-se entre os carros. Puta que pariu! São muitos. Mais do que já vi em qualquer lugar.

— Merda — praguejo, movendo-me no banco ainda confusa. — Beth, me ajude a cobrir isso. Vocês três cobrem aí atrás, agora.

Beth corre para me ajudar a ajeitar um cobertor na frente do carro, enquanto as mais novas se viram para cobrir atrás. Deveríamos ter feito isso ontem à noite, mas em nenhum momento algo assim se passou pela minha cabeça. Agora tudo o que resta é ficarmos aqui, escondidas e em silêncio, esperando o tempo que for preciso para eles irem embora. Pelo visto, nenhum deles nos notou e tentar sair com o carro seria uma grande loucura.

— Havia centenas dele — Beth sussurra, tremendo o queixo e as mãos — será que eles nos viram?

— Não, acho que não. Vamos manter assim por um tempo.

— Estou com medo, Carol — Sophia anuncia, fazendo-me suspirar.

Não precisamos do seu medo agora. Não precisamos de conversa ou de qualquer coisa que chame atenção. Só preciso que elas fiquem em silêncio e sigam tudo o que combinamos, mas para não a assustar mais, controlo tudo o que quero dizer.

— Vai ficar tudo bem, confie em mim. Só fique em silêncio.

Para o meu alivio, todos me obedecem, mesmo que estejam apavoradas. O silêncio volta a tomar o carro e assim posso escutar com mais clareza os barulhos lá fora, até que cerca de vinte minutos depois, eles some. Não há ruídos. Nada. Encaro Beth e balanço a cabeça.

Minhas mãos soam e tremem conforme soltamos o coberto e quando ele cai, posso contar que aquelas coisas se foram realmente, para o meu alivio.

— Eles se foram — sussurro, puxando e soltando lentamente o folego — vocês estão bem?

— Carol, eu não estou bem — Sophia diz, contendo alguns gritos e soluços.

Seu tom me preocupa muito, deixando-me e alerta. Ao me virar a encaro de cima abaixo, procurando o que há de errado e vejo sua roupa molhada e a vergonha estampando o seu lindo rosto. A forma como ela me olha, sentindo culpa por isso, acaba comigo.

— Querida, está tudo bem — falo rapidamente, mas seu choro se inicia alto e doloroso. — Não, não chore, Sophia.

Enfio-me entre os dois bancos e a puxo diretamente para os meus braços, aconchegando-me no banco da frente com ela sem me importar se irá me sujar. Fui uma criança medrosa e posso lembrar as vezes que molhei minha cama e mamãe fez disso um grande problema, fazendo eu me sentir horrível. Nunca deixarei Sophia se sentir assim. Ela é a minha garotinha e irei fazer com que se sinta protegida e acolhida para sempre.

Survive For Me - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora