Nᴏᴠᴀᴍᴇɴᴛᴇ

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DIA 56, tarde

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DIA 56, tarde

Me lembro de uma casa arrumada, com móveis limpos e um cheiro de lavanda por todo o lugar. Lembro do cheiro da comida que Lori costumava fazer para o almoço. Mesmo que eu não me desse tão bem com ela, sempre aprecie sua comida e agora, não há nada disso. Há o vazio, uma casa bagunçada e coisas espalhadas por todos os lugares. Todas as portas estão abertas e parece que tudo foi remexido, provavelmente pessoas procurando o que comer. É triste. Não parece ser mais a minha casa.

— Não tem ninguém aqui — sussurro, parada no centro da sala — eles se foram.

— É um bom sinal.

Viro-me e encaro Beth, buscando entender como isso poderia ser bom sinal!

— Eles podem estar vivos, Carol — explica-se rapidamente diante da minha confusão.

— Eu sei, é isso que dói...

— Sua família estar viva te causa dor?

Balanço a cabeça para ela, afugentando uma lágrima que escorre pelo meu rosto, com a cabeça indico a lareira; na base acima dela, onde costumava ter fotos da nossa família, agora resta algumas fotos minhas, a maioria sozinha. Fotos que não precisaram ser levadas, é claro.

— Por que um morto se importaria em levar fotos de família?

— Eu não entendi...

— Eles se foram, Beth — sussurro, sentindo outras lágrimas chegando — e isso significa que eu fui deixada para trás. Estou em casa finalmente, e aqui não é mais o meu lar.

— O Carl foi embora, Carol? — Sophia questiona, compadecida com meu choro e se aproximando para me abraçar.

— Sim, querida, Carl foi embora.

Carl foi embora... todos se foram, e aqui estou eu.

— Eles me deixaram sozinha...

— Não é verdade — Beth rapidamente argumenta, movendo-se para o meu lado com tanta agilidade que me deixa surpresa. — Carol, você não está sozinha! Eu estou aqui.

— Eu também — Sophia pontua, agarrada a minha cintura.

Seus olhos azulados e o seu rostinho bonito me fazem sorrir. Encaro Beth e depois volto a encarar Sophia. Isso dói, para caralho, como nunca pensei que doeria ser deixada para trás. Mas tudo bem. É, tudo bem. De fato, não estou sozinha.

— Ok, suas molengas — começo a enxugar meu rosto, rindo junto com elas — vamos lá, vamos dar o fora daqui e ir para a fazenda da Beth ordenhar vacas.

— Ela está de volta...

Sorrio novamente e termino de limpar meu rosto, afastando para junto do abandono da minha mãe, o abandono da minha família. Seguirei em frente. É o que devo fazer agora, afinal, é o fim do mundo e eu preciso proteger duas choronas.

Survive For Me - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora