Qᴜᴇ Sᴇ Fᴏɪ

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DIA 317, final de tarde

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DIA 317, final de tarde

— O que você fazia antes de tudo? — Daryl pergunta ganhando minha atenção.

Estamos sentados no gramado do pátio, observando o fim do pôr do sol e, para a nossa surpresa, o tanto de energia que há dentro de Penny. Ela é uma garotinha agitada, com uma boa garganta e até o vento lhe faz rir.

— Eu só estava estudando — falo por fim, sem muita animação — ia entrar na faculdade de artes e acho que era isso que eu gostava de fazer.

— É mesmo? É por isso que você é apaixonada pelo céu?

— Sim — confesso, não podendo conter meu sorriso com as milhares de lembranças que isso me traz, sufocando-me até. — Foi a primeira coisa que eu aprendi a pintar. Com o pai número um.

— Era por isso que você estava em um colégio?

Encaro Daryl e aperto meus lábios em uma linha, sem saber como lhe dizer isso exatamente. Sempre amei pintar, mas ir para o colégio foi mais uma fuga do que a ideia de me aprofundar na arte.

— O que está escondendo de mim? — pergunta, agarrando meu queixo e avaliando meu rosto de forma minuciosa. — O que foi?

— Eu já sabia que estava grávida quando fui para o colégio. Por isso eu fui... tinha uma boa clínica em Atlanta e, bem, você sabe o que viria depois.

— Oh, minha nossa.

Sua tom é carregado de acusação e até um pouco de surpresa, mas é evidente que ele não esperava por isso. Não sei por quê. Nunca sei o que as pessoas esperam de mim, por me acharem tão "fodona". Só que eu nunca pararia a minha vida e todos os meus sonhos para ter um bebê na adolescência. Eu nasci quando mamãe tinha 18 anos e ela me culpou por ter interrompido seus sonhos... jamais teria um bebê e colocaria essa culpa sobre ele.

Hoje, entendo que poderia amar Bae incondicionalmente, entretanto, ainda que eu tivesse um amor incondicional, se não tivesse estrutura psicológica e financeira, de nada adiantaria o amor.

Ela está aqui hoje porque o destino faz acontecer assim e não porque eu teria escolhido isso. Ainda não sinto que sou o melhor para ela, todavia, o mundo não é o mesmo e não dá para buscar uma família que vá lhe dar amor e todos os cuidados que uma mulher entrando na fase adulta não seria capaz de dar. Por isso, e apenas por isso, estou lutando por ela.

— O que você fazia? — pergunto a Daryl, tudo isso para afastar pensamentos de coisas que não vou poder mudar. Viro-me um pouco e arqueio a sobrancelha para ele. — Posso adivinhar?

— Você tem ideia?

— Sim — sorrio e me atiro em cima dele, fazendo-o cair sobre o grama e me apoiando em seu peito. — Você fazia alguns trabalhos aleatórios, mas o melhor com certeza deveria ser as "encomendas" que o filho da puta do seu irmão pegava.

Survive For Me - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora