ᴏ ϙᴜᴇ ꜱᴏʙʀᴏᴜ

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DIA 326, tarde

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DIA 326, tarde

Passo correndo para dentro do prédio da prisão, encolhendo-me embaixo de um caso para fugir da chuva que ainda não parou de cair. Já faz um dia e assim como a chuva que não mudou, Amy e Beth não voltaram. Todos estão preocupados, mas não querem ir atrás delas e dizer algo como "vocês não são capazes de sair sozinhas", mesmo que a essa altura tenhamos dúvidas sobre o fato de elas estarem vivas.

De qualquer forma, com essa chuva, não acho que há tantos riscos. Talvez seja por esse motivo que as duas ainda não voltaram...

Entro no bloco de celas e me encolho, estremecendo de frio e olhando em volta. Com tantas coisas para fazer e o risco iminente, é normal que Hershel e apenas as crianças fiquem aqui, mas para a minha surpresa, só Merle está aqui agora e sozinho. Ele para o que está fazendo – aparentemente um inventário – e me encara com aflição.

— Sem ninguém para te defender? — pergunto aproximando-me devagar e ele apenas ri.

— Não é como se eu merecesse defesa, não é?

— É bom que você saiba disso.

— Então vai aproveitar agora e me matar?

Deixo um riso escapar e balanço a cabeça.

— Por que acha que eu quero te matar?

— Estraguei as coisas para você — ele dá de ombros, não parece carregar orgulho por isso. — Acho que você não é a primeira.

— Eu quis matar você — confesso, interrompendo seu discurso tosco, que provavelmente envolveria Daryl —, mas você já está morto há muito tempo.

Passo por ele ignorando sua expressão surpresa e vou para as escadas, preparando-me para subir.

— Eu também sou um sobrevivente, Carol.

— O que adianta ser um sobrevivente as custas de outras pessoas?

Paro em meio as degraus, esperando pela sua resposta. Acho que o peguei de surpresa, pois ele suspira algumas vezes antes de me responder.

— É assim que as coisas são: você mata ou morre.

— Você matou uma garotinha de nove anos — relembro —, então está me dizendo que para ficar vivo, vai matar criancinhas? — Viro-me para ele, com raiva, vendo-o apenas em... silêncio. — Quem vai ser o próximo, Merle? Bae? Penny?

— Eu nunca quis fazer mal aquela garota. Ela era importante para o meu irmão!

Balanço a cabeça, descrente das suas palavras. Meu corpo cambaleia para frente e eu desço os degraus, arrastando-me de forma lenta em sua direção e agora já não posso conter o choro que faz meus nariz arder e meus olhos ficarem embaçados.

— Penny merecia morrer? Bae?

— O que? Claro que não!

— Elas não eram importantes para o seu irmão. Então quer dizer que aquele homem tem o direito de machucar qualquer criança que não for importante para o seu irmão? Qualquer pessoa?

Survive For Me - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora