A sombra do espelho

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-Hector? Christopher? Alguém pode me ouvir? - grita Ágatha olhando para todos os lados, vendo apenas o branco que a envolve.

-Eu posso te ouvir.- sussurra uma voz áspera vinda de cima de sua cabeça.

- Quem está aí?- pergunta ela.

- Eu sou o vazio do espelho, pode me chamar de Vermet.

- Aonde estão meus amigos?

- A pergunta certa é: Aonde você está Ágatha, a criança da luz?

- Como sabe meu nome?- pergunta ela perplexa.

- Eu sei muito mais do que apenas o seu nome, eu sei o seu passado e eu sei o seu futuro.

- O que você quer comigo?

- Quero apenas conversar.

- Mais se você sabe tudo sobre mim...porque me trouxe aqui para conversar?

- Não quero conversar para te conhecer, mais sim para que você se recorde.

- Me recordar?

- Você acha que Hiro foi o único a perder a memória só pelo fato de você se lembrar mais do que ele?

- Como você sabe sobre Hiro?

- Você acha que ele perdeu a memória logo após de seus pais terem aceitado o noivado de vocês e de terem sido perseguidos por Emmas?

-Como sabe disso?

- Você deseja que eu lhe mostre a sua vida passada?

Ágatha em silêncio corre, a adrenalina faz com que seu coração acelere a deixando com uma sensação estranha no peito.

- Você não pode fugir- Diz a voz fazendo com que Ágatha parasse- Porque foge tanto do seu passado?

- Eu não fujo do meu passado.

- Não? Então porque está correndo agora?

- Eu quero sair daqui, não quero ficar presa com você.

- Deixe-me te mostrar seu passado e eu te deixo ir.

- Porque esse interesse para que eu lembre do meu passado ?

- Um dia não tão distante você irá entender o porquê quero que você se recorde do seu passado, irá entender que está tudo ligado.

- Então vá em frente, me mostre e depois me deixe ir.

Dizendo essas palavras Ágatha cai no chão fraca.

- O que está acontecendo comigo?- sussurra ela quase sem voz.

Uma sombra negra surge em sua frente envolvida em uma fumaça escura que a sufoca a medida que a sombra se aproxima de seu corpo, seu pescoço é agarrado por longos dedos podres que a enforcam fazendo com que ela perdesse seus sentidos.

Uma fraca luz ilumina seu rosto fazendo com que ela abrisse seus olhos.

O canto dos pássaros e o chacoalhar das folhas das árvores com a brisa leve inundam os ouvidos de Ágatha que observa a floresta se lembrando do lugar, o mesmo lugar em que um ano atrás ela e Hiro estavam com seus pais.

- Ágatha, porque ainda não se escondeu?- Pergunta um menino de uns aproximadamente treze anos.

- Hiro? - reconhece Ágatha.- Como isso é possível ?

- O que é possível?

- Você estar tão jovem.

- Não seja tola, sou um ano mais velho do que você.

- Não nesse momento- diz ela.

Ele tira de seu bolso um pequeno espelho, dando nas mãos de Ágatha, refletindo a figura infantil dela.

- Agora chega de brincadeiras e vamos comer- diz ele guardando o espelho em seu bolso novamente, entrelaça seus dedos aos de Ágatha e eles correm para perto da cachoeira aonde um pano xadrez vermelho se encontrava estendido sobre a grama rasteira do lado da correnteza, eles se sentam, Hiro retira a comida de dentro de uma cesta de bambu, entregando um sanduíche nas mãos de Ágatha que o encara sem ao menos piscar.

- Você está estranha hoje.- comenta ele mordendo o sanduiche.

- Como nos conhecemos? - pergunta ela.

- Bateu a cabeça?- não se lembra que a uns dez dias atrás eu caí em um buraco cheio de areia movediça e você me salvou? Você me disse aonde morava, no meio da floresta achei meio estranho, e quase impossível de te encontrar, mais veja só agora...não nos desgrudamos. - Diz ele sorrindo, com pequenos farelos de pão grudados em seus lábios.

- Eu queria ouvir de você, só isso. - disfarça ela o seu esquecimento daquele dia.

Uma forte dor de cabeça faz com que ela desmaie novamente, acordando logo, mas Hiro havia mudado, agora pequenos pelos grossos cresciam pelo seu rosto, sua idade era de dezesseis anos, sua voz havia engrossado.

- Obrigado por vim - diz ele - Me desculpe por aquele dia, eu tenho algo pra te dizer, espero que me ouça.

- O que? - diz ela sem intender o que ele se referia.

- Eu te amo Ágatha.

Ela o encara, seus olhos molhados mergulham nos olhos azuis de Hiro que aproxima sua face, Ágatha sente seu coração bater mais rápido e suas bochechas corarem se lembrando daquele momento, sua cabeça dói mais não a impede de aproximar sua face da de Hiro, seus lábios mornos se encostam, se recordando da sensação de felicidade daquele momento, o sorriso largo de Hiro gravado em sua cabeça, e logo ela novamente desmaia.

Acordando na entrada de uma floresta.

- Você já veio meu amor?- diz Hiro, sua barba feita compensando os cabelos bagunçados.- Vamos.- diz ele a olhando sorrindo.

- Vamos para aonde?

- Para o lugar de sempre oras, para de frente da cachoeira.

- O que vamos fazer lá?

- É uma surpresa, então vê se não estraga.

Eles caminham para a cachoeira, contemplando o por do sol entre as folhas.

- Ágatha. - diz Hiro a olhando no fundo de seus olhos e se ajoelhando. - Desde que te conheci, mesmo que éramos apenas crianças eu senti algo, senti como se já nos conhecíamos a muito tempo, que nosso amor já existisse, e quando me salvou era como se apenas estivéssemos se reencontrado mais te conhecer foi como escutar uma canção, pela primeira vez, e saber que seria, a minha preferida para sempre...eu sinto que a qualquer momento eu posso te perder novamente mesmo que esse "novamente" só seja uma sensação minha que nunca havia acontecido, mais estou vivenciando isso agora no presente, então antes que isso aconteça...Você aceita se casar comigo?.

Lágrimas mornas escorrem do rosto de Ágatha que olha para Hiro se lembrando daquelas doces palavras que pensava que nunca mais iria ouvir.

- Sim- diz enfim sorrindo para ele que se levanta a abraçando pela cintura e a levantando do chão e a girando no ar, suas gargalhadas alegres se misturam com os cantar dos pássaros e a água caindo, então novamente Ágatha perde seus sentidos.

A maldição do reino de Baruk (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora