O vírus

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- Ágatha, Ágatha... - uma voz chamava seu nome freneticamente, seus olhos ainda pregados tinham uma certa dificuldade para se abrirem, um som de vidro se quebrando toma conta de seus ouvidos, seu corpo ainda mole caído no chão é chacoalhado por uma figura turva de cabelos claros que ainda chama pelo seu nome.

- Hector?- sussurra Ágatha, tentando se levantar.

- Você voltou- diz ele sorrindo- Temos que sair logo daqui, o espelho está se desfazendo.

- O que aconteceu? - pergunta ela.

- Você não se lembra? Você se distraiu, e sua alma ficou presa no espelho, não sei como ela voltou para o seu corpo.

- Porque vocês não me deixaram?

- Não se abandona amigos, agora vamos que não quero passar a eternidade preso com vocês.- diz Hector, vendo o lobo negro se abaixar para que eles pudessem subir.

Eles correm pelo vazio enquanto o som de vidro se quebrando os seguem, se aproximando cada vez mais, Ágatha ainda com dificuldade de se manter equilibrada é segurada por Hector.

O som de folhas se debatendo com o vento é ouvido por eles, um pequeno portão que mostrava folhas verdes é visto, uma leve brisa entra por ele.

- Ali está o portal. - grita Hector.

O grande lobo negro em um salto gracioso ultrapassa o portal, logo em seguida se transformando em humano novamente, Hector joga seu corpo por baixo de Ágatha para que a mesma não sentisse o impacto.

- Vocês estão bem ? - pergunta Christopher.

- Sim, estamos.- responde Hector.

- Era pra mim ter vindo até metade do caminho se Ágatha não estivesse se distraído.- diz Christopher.

- Me desculpe...- diz ela.

- Não se preocupe.- responde ele.- Tem algo estranho acontecendo aqui, esse cheiro de sangue... talvez tenha sido bom eu ter vindo.- termina sua frase em uma pronúncia mais baixa para apenas ele ouvir.

Os três caminham pela floresta, as bandeiras hasteadas nas torres do castelo do reino são possíveis ser vistas, o grande portão de entrada do reino está fechado, guardas parados um em cada lado do portão de aço.

- Você conseguiu voltar ruivinha? - diz um dos guardas.

- Podemos entrar?- pergunta ela.

- Sim , me acompanhem, vocês terão que passar pelo o médico.- diz o mesmo guarda abrindo uma das portas e logo em seguida sendo substituído por outro guarda.

Eles caminham pelos corredores do castelo, Ágatha reconhece a porta aonde Hiro estava sendo tratado, ela corre fazendo um som estridente a cada passo com sua armadura negra, rapidamente entrando no quarto, vendo o leito aonde Hiro estava ocupado por outro homem com o corpo completamente queimado, desesperada ela procura por Hiro a cada leito, que estranhamente estavam ocupados por pessoas completamente queimadas.

- Vejo que a lenda da armadura é real.- diz uma voz masculina, Ágatha para por um momento sua busca, seus olhos se repousam na face do médico.

- Aonde está ele?- pergunta ela com seus olhos marejados.

- Ele está com os soldados pela floresta, ao cair da noite ele volta, durante dois meses sua vida está sendo assim, para ele você havia morrido, ele perdeu as esperanças de ver você voltar, mais veja só.- diz o médico esboçando um leve sorriso cansado.- A armadura do cavaleiro negro te protegeu, eu guardei suas vestes, eu sabia que voltaria para Hiro, aqui estão vá se trocar para esperá-lo. - diz o médico estendendo seu vestido branco embrulhado dentro de uma caixa.

Ágatha coloca seu vestido branco, colocando a armadura negra na mesma caixa devolvendo para o médico.

- O que ouve com esses homens? Dragões fizeram isso ? - pergunta ela quebrando o silêncio da sala.

- Um vírus está mudando as pessoas atravéz de ferimentos provocados por outras pessoas infectadas, o único jeito de impedir o vírus mudar a aparência e a mente da pessoa é queimando sua pele.

- Então vocês mesmos estão fazendo isso ?

- Infelizmente é o único jeito.

- Hiro está procurando por pessoas infectadas?- pergunta Ágatha encarando o médico com um olhar perdido.

- Sim...ele está.- Ágatha sai apressadamente da sala, Hector sai logo atrás dela, Christopher é segurado pelo braço pelo médico.- Vocês por acaso não foram atacados por alguma criatura estranha, foram? - pergunta o médico com um olhar vazio.

- Não, como assim "criatura estranha"?- pergunta Christopher.

- Deixa para lá, espero que vocês não tenham o azar de vê-las. - responde o médico saindo da sala.

Christopher se aproxima dos corpos queimados, e logo em seguida da janela parcialmente aberta. - Esse cheiro... - sussurra ele logo saindo a passos largos atrás de Ágatha e de Hector.

Ágatha e Hector estavam saíndo pelos portões do reino que agora estavam completamente abertos, um som próximo de trotar de cavalos se aproximava cada vez mais, Ágatha para em um breve instante, olhando longe um homem de armadura prateada que brilhava com o sol fraco da tarde.

- Hiro! - grita ela se distanciando dos portões em direção ao homem, que desce de seu cavalo correndo em sua direção tirando seu elmo o jogando no chão.

Hiro com sua face avermelhada marcada pelo aço de sua armadura esboça um largo sorriso, que logo muda para uma face de espanto,um grito, o cheiro de sangue se espalha pelo ar, Ágatha cai pesadamente sobre o solo, o som de Hiro gritando pelo seu nome e se aproximando de seu corpo fica cada vez mais distante de seus ouvidos.

A maldição do reino de Baruk (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora