Janela para o passado

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- Vamos entrar no reino, está anoitecendo amanhã iremos atrás de mais infectados. - diz Hiro se aproximando. - Podem ficar no reino.

- Obrigada.- diz Ágatha ainda olhando a criatura se tornar humano novamente.

- Estaremos seguro lá, não se preocupe eu irei te proteger.- diz Hiro cobrindo com seu corpo a visão de Ágatha que o olha dando um leve sorriso.

Eles caminham para o portão que logo é fechado, o som da fechadura sendo trancada é logo misturada com um uivo distante, fazendo com que Ágatha se lembrasse da caverna repleta de demônios que agora ganhavam outro nome "transformados", a sensação de seu peito se apertando aumentava cada vez mais, o medo começava a tomar conta de seu corpo na medida que a escuridão da noite chegava.

- Vocês devem estar com fome.- diz Hiro quebrando o silêncio que havia formado desde a fechadura do portão.

- Eu preciso falar com o médico.- diz Ágatha no mesmo momento adentrado apressada  aos corredores saindo da visão de todos.

- Eu irei falar com ela.- diz Hiro a seguindo em passos mais lentos.- Sigam em frente a cozinheira irá os servir, logo iremos para lá.

- Olá novamente - diz o médico ao ver Ágatha se aproximar.

- Poderia me emprestar a armadura novamente?

- Claro, mais uma aventura?- pergunta ele com um leve sorriso desanimado.

- Ela me faz sentir segura.- diz Ágatha.

- Você teve coragem de ir sozinha para uma ilha repleta de dragões por um reino desconhecido, mas está com medo de criaturas menores? - diz o médico dando um sorriso cansado.

- Dragões não são tão assustadores, seu tamanho anuncia sua chegada, mas transformados são silenciosos, seu uivo atormentam e me provocam pânico uma sensação estranha no peito...um aperto.- diz ela tentando não deixar o medo sair junto com sua voz.

- Pretende usar a armadura como pijama? - pergunta Hiro encostado na porta sorrindo.

- Talvez...- sussurra ela, fazendo com que o sorriso de Hiro abrisse ainda mais, mas logo perdendo a graça ao ver a face de Ágatha, seus olhos verdes quase transbordando de lágrimas que ela tentava segurar.

- Eu estou aqui, eu mesmo irei te proteger...se isso ajuda você irá dormir no meu quarto. - diz ele se aproximando, Ágatha o encara em silêncio com seus olhos espantados, enquanto o médico sorri.- Você na cama eu no chão,.- acrescenta ele rapidamente percebendo o quão estranho aquilo tinha soado.- Te espero na cozinha...te esperamos na cozinha.- diz ele se atrapalhando ao sair da sala do médico.

- Você ainda quer a armadura? - pergunta o médico se aproximando de uma larga gaveta.

- Sim.- diz ela em imediato, logo pegando a armadura das mãos do médico.- Tem algo gravado por dentro dela.- diz Ágatha com os olhos fixos dentro do elmo.

- O que?- pergunta o médico se aproximando semicerrando seus olhos aonde os dedos de Ágatha indicavam.- "Essa armadura não é mágica, ela só te faz lembrar de ser forte pois alguém que te ama está a sua espera.
V.Bk"- Lê ele em voz alta.- Bom agora sabemos que ela não é mágica- diz ele depois de uma pausa.

- Mas mesmo assim ela me protegeu.- defende ela e logo o agradece saindo da sala.

Um som de algo se arrastando rompe o silêncio da sala de jantar, todos olham para a porta vendo Ágatha arrastando uma caixa com a armadura.

- Você pegou mesmo isso.- diz hiro com um sorriso ainda envergonhado.- Deixe-me a ajudar.- diz ele se levantando, facilmente pegando a caixa e a levando para o quarto.

Hector e Christopher seguem para seus quartos logo após de se alimentarem, Ágatha observa Hiro estender uma fina coberta sobre o chão.

- Se quiser pode ficar com a cama.- diz ela.

- Não se preocupe, apenas descanse.- diz ele sorrindo.

- Eu posso dormir em outro quarto.- sugere ela.

- E se afogar dentro daquela armadura.- diz ele apontando para a caixa no canto do quarto.- Não...você é muito jovem para morrer assim.- diz ele abrindo um sorriso.- Não se preocupe, quando você perceber que não existe nada a temer dentro desse reino irá poder dormir tranquilamente.

- Obrigada Hiro. - diz ela se deitando, observando Hiro apagar as luzes e se deitar.

- Quer que deixe as luzes acesas? - sussurra  ele depois de alguns minutos.- Ágatha?- ele se apoia levantando sua cabeça percebendo que ela já havia adormecido, seus longos cabelos ruivos espalhados pela cama, seus olhos delicadamente fechados, sua boca parcialmente aberta, sua respiração calma seus braços espremidos por baixo de sua cabeça, ele se levanta cuidadosamente a cobrindo com uma leve coberta, voltando então para o chão logo adormecendo.

Hiro desperta ao ouvir pequenos gemidos vindo de cima de sua cabeça, vendo a coberta que havia posto por cima de Ágatha caída no chão, Ágatha se contorce, sussurrando pequenas palavras, lágrimas escorrem lentamente de seus olhos enquanto Hiro ainda bêbado de sono tenta entender o que está acontecendo, Ágatha em um sobressalto acorda emitindo um pequeno grito, seus olhos transbordam de lágrimas enquanto Hiro observa sua face de medo iluminada pela luz da lua que entrava pela janela parcialmente aberta.

- Eu estou aqui- diz Hiro, os olhos de Ágatha percorrem pelo quarto  procurando pelos os de Hiro que brilhavam com a luz da lua. Ele se levanta e ajoelha sobre a cama e a abraça. - Quer que eu deixe a luz acesa? - sussurra Hiro em seu ouvido enquanto acariciava os cabelos de Ágatha que afundava seu rosto nos ombros largos dele.

- Hiro.- sussurra ela entre pequenos soluços e lágrimas.

- Estou aqui- sussurra ele calmamente.

- Não me deixe.- sussurra ela ao sentir o corpo de Hiro afastando do seu.

- Eu não irei, só me deixe pegar as cobertas que caíram no chão.- diz ele esticando seu braço e logo cobrindo seus corpos.

Horas se passam, Ágatha adormece sobre o peito de Hiro envolvida em seus braços, Hiro deslisa seus dedos entre os fios de cabelo macios espalhados por cima da coberta, ouvindo um uivo distante, seu sono havia ido embora, recordações de quando a conheceu pairavam em sua mente, o corpo quente de Ágatha novamente sobre o seu, seus olhos novamente contemplando seu sono, a leve brisa entrava pelo quarto chacoalhando os lençóis, trazendo seu sono de volta.

Hector se aproxima da porta parcialmente encostada olhando para Ágatha envolvida nós braços de Hiro, voltando para o seu quarto com passos pesados.

- Você já deveria saber disso.- a voz de Christopher invade seu quarto.

- O que você quer dizer com isso? - diz Hector procurando a imagem de Christopher que é parcialmente iluminada por uma leve luz.

- Você já sabia que é quase impossível alguém não se apaixonar por ela, você sabe por experiência própria, não entendo essa sua revolta.

- Não sei o que você quer dizer com isso.- diz Hector.

- Quero dizer que você queria estar lá no lugar de Hiro com ela em seus braços.

- Você não sabe o que diz.

- Eu sinto o cheiro de seus hormônios, e eles mudam quando ela está por perto, e agora eles se misturam com o cheiro de raiva e ciúmes, então não tente mentir para mim.

- Eles estão juntos na cama...- diz Hector com desdém e logo cerrando os punhos.

- Se isso te servir de consolo, ela teve um pesadelo e ele apenas a acalmou não ouve nada entre eles.

- Como tem certeza disso?

- Eu posso ouvir eles respirarem daqui, é apenas isso que vocês todos fizeram essa noite, ela está com medo...se você a ama, deveria ter percebido isso.

A maldição do reino de Baruk (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora