O peso da culpa

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- Depois de anos da morte...de eu ter matado minha esposa e minha família, eu conheci uma garota, olhos cor de mel, cabelos longos e negros, sua pele levemente queimada pelo sol, conheci ela quando eu caminhava pela floresta. Não sei o que vi nela, talvez os cabelos semelhantes ao de minha falecida esposa, para me aproximar dela eu causei um ferimento em meu joelho com uma pedra, ela ouviu meu falso gemido de dor e se aproximou, eu disse que havia caindo quando eu corria de assassinos, ela acreditou.- ele sorri lembrando da inocência da garota.- Ela me levou para uma pequena cabana solitária no meio da floresta, aparentemente ela morava sozinha, não conversávamos muito, ela apenas cuidava de mim. Certo dia ela foi para mais longe que o normal, eu ainda podia ouvir seus passos, então algo aconteceu...ouvi um pequeno grito de espanto, e logo passos apressados, não apenas o dela, mas pelos menos de outras três pessoas, então ela grita, ouço o som de um corpo caindo sobre as folhas, rapidamente me levanto e corro para ver o que estava acontecendo, ouço roupas sendo rasgadas enquanto um grito abafado diz "não por favor", eu fazia noção do que estava acontecendo e me apressei, ela estava cuidando de mim, um estranho...minha obrigação era cuidar dela e no momento de fúria e medo me transformei, meus pensamentos rodavam na possibilidade de eu perder novamente meu controle assim como antes e matá-la, meus pensamentos se foram quando eu a vi deitada com as suas vestes rasgadas quase nua, sua boca sendo tapada por um homem bruto e em volta outros dois que ajudavam a segura-la, meu instinto foi mais forte, todos pararam seus movimentos e me olharam...um grande lobo negro, eu novamente rasguei gargantas naquele dia, mas dessa vez eles não eram inocentes, ouvi ela correr, mas não conseguia parar de estraçalhar os corpos, depois de minutos não havia um corpo inteiro, eu me afastei me transformando em homem novamente, minha roupa estava completamente ensanguentada...eu sou um amaldiçoado, a pele do lobo não é a minha pele, nossas mentes se fundem e nossos corpos se misturam o que evita eu sair pelado por aí. - interrompe ele olhando o rosto de Ágatha preste a fazer uma pergunta em relação a sua roupa.- minha roupa estava ensanguentada, eu sabia que ela certamente ficaria com medo de mim naquela situação, segui para um riacho perto da cabana, tirei minhas roupas e as lavei, pensei em mentir para ela dizendo que fui nadar, mesmo que por mais perto que aquele riacho fosse de sua cabana ficava a sete quilômetros, eu então decidi contar a verdade para ela, nossa relação não era como eu espera ser...beijos e abraços enquanto eu estava de recuperação, ela era meio fria, fazia apenas sua "obrigação", me dar comida e água, dificilmente ela ficava sobre o mesmo teto do que eu, estava na hora de me despedir e agradecer por tudo que ela fez por mim, mesmo que eu não estivesse tão machucado como eu dizia estar. Chegando na cabana para a minha surpresa ela estava me esperando, sua feição havia mudado, eu me aproximei, antes de dizer qualquer palavra ela me abraçou e agradeceu, ela estava com medo...eu podia sentir seu cheiro, podia ouvir seu coração bater cada vez mais rápido, mas estranhamente ela estava ali de pé me abraçando e agradecendo por eu ter matado pessoas, não estava correndo de mim por eu ser uma aberração mas simplesmente me agradecendo por ser uma. Dias se passaram, não tocamos no assunto de eu ser um monstro, ela ainda me deixava ficar em sua cabana, apesar dela não dizer nada ela tinha medo de mim, meu ferimento estava completamente curado, esperei ela voltar para comunicar minha decisão de partir, lágrimas rolaram de seu rosto, ela se aproximou e me abraçou, seus olhos brilhavam com a luz do sol que os deixavam mais belos que já eram, seus lábios molhados se juntaram aos meus, suas delicadas mãos se penduravam em meu pescoço, seu corpo quente encostava ao meu, "por favor, fique" disse ela em um tom melancólico que me fez a erguer do chão e a levar para a cama, durante meses ficamos assim, eu não deixava ela sair sozinha mais,depois de um tempo ela adoeceu, seu coração estava cada vez mais fraco, sua pele empalidecia e seu corpo esfriava, eu tentei achar remédios dentro de um baú que ficava ao lado da cama, eu nunca havia o abrido... crânios, sangue coalhado guardados em potes, um cheio podre se exalava pelo quarto, ouvi um ruído na cama, me virei deparando com a imagem pálida dela que me observava com as presas afiadas perto de meu pescoço, eu a joguei no chão e ela disse que estava daquele jeito por minha culpa, que tentou mudar sua alimentação por mim, mas não aguentava mais, e sempre que eu dormia ela podia ouvir meu sangue correr pelas minhas veias, e isso estava a torturando, ela veio pra cima de mim...e eu não tive outra escolha a não ser mata-la, em seus últimos suspiros ela me pediu desculpas disse que me amava...então ela se foi em meus braços, eu não sabia o que fazer com o seu corpo, eu o coloquei na cama e o cobri com o lençol que rapidamente se manchou de vermelho, ouvi um barulho na porta, passos se aproximavam do quarto, eu saí pela janela, e pude ouvir um homem gritando seu nome e chorando, eu podia sentir sua dor o seu desespero, por mais longe que eu me afastasse eu ainda podia ouvir seus gritos de dor, eu não aguentava mais correr eu precisava parar, deixar a dor sair...e assim eu fiz, enquanto ele gritava o nome de sua esposa sem saber que ela o havia o traído, lágrimas rolavam do meu rosto enquanto a culpa me devorava. Dias se passaram, eu seguia aquele cara por todos os lados para ver como ele estava...arranjava brigas, se envolvia com todo tipo de mulheres, ele estava completamente vazio...então certa noite ele saiu pela floresta, levando uma corda, eu o observava por trás das árvores e pude ver ele fazendo um laço e amarrando na árvore, antes que eu pudesse o segurar ele já havia pulado da árvore, eu o soltei, ele não tinha sido enforcado mais seu pescoço havia quebrado, eu não queria ser culpado por outra morte, então o transformei e fui embora, sai daquela região, mas óbvio que eu não sabia sobre o vírus do lobo senão nunca teria o transformado, eu voltei para a ilha dos elfos, Edgar percebeu meu comportamento diferente, me questionou e pressionou até eu dizer, entre gritos Edgar disse que eu havia transformado o cara que iria me matar e a todos em minha volta, pois um transformado por um puro não perde completamente a sanidade, apenas a noção do certo e errado, e esse iria atrás de vingança, eu voltei na cabana, o marido de Hanna ainda estava na mata, e iria ficar um tempo lá até que a metarmofose acabasse completamente já que eu só havia o arranhado sua transformação demoraria mais tempo, Edgar fez um feitiço de ervas para retirar meu cheiro da cabana e de alguns quilômetros dela, possívelmente alguém daqui foi para a cabana logo depois disso seu cheiro deve ter ficado e o marido dela caçado essa pessoa durante todos esses anos até chegar aqui, e ele está transformando as pessoas para chegar ao seu alvo, se matamos o cara que eu infectei, todos que estão com o vírus passado por ele irá se curar.

- E se caso não acharmos ele? - pergunta Hector.

- Nesse caso, estou disposto a me sacrificar, pois tudo isso é minha culpa, se eu morrer ele se cura...se ele se curar todos aos outros irá acontecer o mesmo.

A maldição do reino de Baruk (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora