nuvem de tempestade

5.2K 590 252
                                    

Perdão pela demora meus anjos.
Como vocês estão??? Não saiam de casa e lavem as mãozinhas, ok?
Amo vocês!

P.S.: qual nexo desse capítulo? Só fui colocando sentimentos nele... desfrutem!

***
Sonhos são coisas completamente incompreensíveis, até porque, a maioria de todos eles não possuem nexo algum. A não ser, claro, que durante um determinado período de tempo você esteja pensando em algo que aconteceu ou alguém fez, a probabilidade de você sonhar com aquilo é altíssima.

Essa lógica, ao menos, funciona comigo.

Ontem eu podia ter estado sob efeito de qualquer bebida da festa, poderia estar fazendo qualquer coisa, mas ainda assim o nome do meu pai rodava pela minha cabeça repetidas vezes, seus atos também. A notícia da traição me veio como um baque, literalmente do nada, me fez entender por um breve momento que quando tudo está bem, ou parece estar bem, sempre vai ter algo pra arruinar; não importa o que seja.

Eu bebia, não para esquecer um grande amor platônico, mas sim para deixar de lado o que tinha acontecido. Mas atormentava tanto meus pensamentos que até meus sonhos foram afetados.

Muitos podem dizer que é drama da minha parte, mas por um acaso, já se puseram no meu lugar? Ou pior, já se colocaram no lugar da pessoa mais próxima do meu pai, no caso, minha mãe? Quando uma pessoa que você ama te trai, de qualquer modo, o sentimento que lhe resta é apenas aquele cujo você apenas para, olha para um ponto fixo e se pergunta: "o que me resta fazer agora?". Minha mãe amava (talvez ainda ame) tanto meu pai, que nunca desconfiara dessas coisas que ele fazia.

Eu então, nem se fala.

A única coisa que eu consigo pensar em relação a isso é: o que vai acontecer a partir de agora? E eu? Como vou ficar nessa história? Não queria ter que abrir os olhos hoje, não queria me levantar hoje, apenas queria sumir por um momento.

Quando me dei conta de que estava totalmente consciente, senti-me presa ao corpo de alguém, um braço rodava minha cintura e a respiração calma dessa pessoa batia em minha nuca. Juntei as sobrancelhas na tentativa falha de me lembrar tudo que ocorrera ontem. Antes de entrar em desespero, senti o cheiro de Sasuke, e fiz questão de observar ao redor; sim, estava no quarto dele, e com ele.

Respirei fundo e me perguntei várias vezes como havia parado ali e, não encontrando a resposta, carinhosamente segurei a mão de Sasuke e levantei seu braço, virando-me para ele. Seus olhos estavam fechados, sua pele levemente rosada e sua respiração calma. Levei minha mão até seu rosto e o acariciei com a ponta dos dedos, dando um mínimo sorriso.

Olhando-o assim, nem parece que há uma nuvem de tempestade em cima dele. O que eu quero, de todas as formas, é que essa nuvem aos poucos se torne um dia ensolarado e alegre. Antes eu reclamava dos meus problemas e nunca pensei que poderia ter gente passando pior...agora isso é algo a se refletir...

Esperei alguns minutos ali, quieta, até que por fim ele retira seu braço de cima de mim por si só, virando-se para o outro lado da cama. Dei um riso anasalado, me sentando na beira da cama para olhar a tela do celular. Estava repleta de mensagens da minha mãe.

Pelo visto eu teria que ir embora.

Me levantei, olhando para minha própria roupa, em seguida olhei para o espelho, vendo meu reflexo: eu usava uma calça moletom e uma camisa larga. Pelo visto teria que ir assim pra casa, não tinha outra opção. Coloquei o celular no bolso da calça, prendi meu cabelo extremamente bagunçado e me preparei pra sair.

Antes disso, deixei um recadinho em sua escrivaninha e beijei sua bochecha, saindo logo de uma vez. O dia estava completamente frio, as ruas estavam vazias... E eu escutava passos atrás de mim. Apertei os meus passos e abracei meu próprio corpo, vendo a esquina da rua se aproximar. Os passos ficavam mais perto.

Pelo canto do olho eu podia ver um homem todo vestido de preto, que usava um capuz preto também.

Eu ia gritar e me virar, mas antes que fizesse isso, um carro para ao meu lado e a janela abaixa no mesmo instante. Dentro dele estava o que eu lembrava ser irmão de Sasuke, me olhando fixamente.

— Entra aí.

Não o conhecia direito, não sabia que tipo de pessoa ele era, mas o medo de acontecer algo comigo falava mais alto. Era o meu instinto que falava mais alto.

Por precaução adentrei no banco de trás e o mais velho deu partida, acelerando o carro de forma que tive que grudar no banco.

— Você está bem?

— Uhum... Quero dizer, como sabia que eu...

— Eu estava chegando em casa agora e vi ele te seguindo. Não anda por aquela rua sozinha, sempre vai ter algum aproveitador. — aconselhou, me olhando pelo retrovisor.

— Obrigada.

Eu ia indicando a ele os caminhos para chegar na minha rua, e de vez em quando o silêncio se fazia presente dentro do automóvel. Talvez fosse melhor assim.

— Acho que você fez e ainda faz um bem danado ao meu irmão. — ele diminui a velocidade do carro ao chegarmos na minha rua. — Espero que não haja vacilo da sua parte. E, obrigado.

— E-eu que agradeço.

Me retirei o mais rápido possível dali, pegando as chaves do bolso. De longe eu podia ver minha mãe na varanda de casa, com uma xícara de café em mãos. Seus cabelos balançavam com a brisa do dia. Seus olhos pareciam perdidos em qualquer ponto que ela observava, ela estava pensativa.

Talvez ela precise de um momento para lidar com tudo o que aconteceu, ou talvez ela precise da minha presença. Seria meio hipócrita da minha parte fugir e me esconder em um momento tão difícil para ela, afinal, ela só tem a mim agora.

Quando ela ia se virar para entrar, ela me enxergou e sorriu abertamente. Segurava desta vez a xícara com as duas mãos. Admiro tanto o fato de que, mesmo que tenha acabado de descobrir que fora traída minha mãe tenha conseguido ao menos sorrir. Talvez toda sua dor esteja escondida por trás desse sorriso.

Pude perceber então que, mesmo com um sorriso enorme e brilhante no rosto, minha mãe também tinha uma enorme nuvem de tempestade formada em cima de si...

Halves | SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora