A pequena Smeraldo

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Suspirei fundo quando ouvi a mesma coisa de sempre vindo de Kakashi, meu psicólogo particular. Ele é um grande amigo para mim, já que nos conhecemos há um bom tempo, ele sabe mais do que ninguém que eu não consigo fazer nada que ele diz.

─... está me ouvindo?

─ Sim, Kakashi, acontece que eu estou pensativa hoje. Se me permite eu vou para casa agora.

O platinado tira de dentro de um dos seus armários uma caixa de remédios coloridos, estendendo para mim cautelosamente.

─ Esse é de graça, portanto tome-o diariamente.

─ Certo. Obrigada, Kashi-san. ─ peguei minha pequena bolsa, junto do remédio e me retirei da sala.

Meus pais não me esperavam como de costume e isso significava que eles estavam no trabalho, então eu deveria enfrentar as ruas movimentadas sozinha. Minha mãe e meu pai trabalham em uma empresa, o que é muito desgastante tanto para mim quanto para eles, já que não os vejo todos os dias porque seu chefe é muito difícil.

Mas estou acostumada a viver sozinha, porque faz parte do meu cotidiano.

No caminho, encontrei-me observando as lindas flores de uma floricultura que eu ia frequentemente para comprar rosas - cujas eu sempre colocava ao túmulo de meus avós - e uma me chamou atenção por ser tão bela, que resolvi comprar.

─ Quanto custa essa flor? ─ perguntei para a balconista, que se tratava de uma garota loira e demasiadamente bonita com seus cabelos loiros caindo sobre os ombros.

─ Esse é o preço mais barato, posso fazer um buquê para você.

Sorri com sua gentileza e neguei, pagando o preço da flor de tons azuis de formas delicadas.

─ Ficaria muito bom em seu cabelo. ─ ela sai do balcão e vem até mim, pegando a flor e colocando em meus cabelos, sorrindo em seguida. ─ Ficou linda.

"Infelizmente não me sinto assim, me desculpe".

─ Obrigada.

Não pude perguntar seu nome, já que a timidez era muito maior, mas sempre que vinha aqui, eu sentia certo acolhimento com o aroma de flores diversas.

Me retirei do lugar e segui a caminho de casa, sentindo um aperto no coração. Uma vontade imensa de chorar e me isolar mais ainda se alimentava em mim. Estava tão imersa aos pensamentos desconexos que não prestei atenção e acabei me batendo de frente com alguém mais alto que eu. E aquela flor que eu havia acabado de me recordar o nome, Smeraldo, caiu no chão, sendo pisoteada por algumas pessoas que passavam.

─ M-me...desculpe.

A pessoa que eu tinha esbarrado me olhou e me surpreendi ao ver aquele garoto de mais cedo. Seus olhos estavam lacrimejando, sua boca estava rachada e sua pele estava pálida. Ele inalava a álcool.

─ Oh, meu... você está bem? ─ deixei minha voz embargada de lado e o puxei para um lugar mais espaçoso. Aproximei minha mão timidamente para medir sua temperatura, mas fui impedida por seu toque; ele agora segurava meu pulso e me impedia de prosseguir.

─ Não me toque. Eu não confio em ninguém.

Sua voz me dava calafrios. Era a primeira vez que o ouvia, mas não me senti intimidada. A súbita sensação de que eu tinha que ajudá-lo imediatamente me atormentava, eu parecia presa a ele de alguma forma.

Não conseguia desviar meus olhos de suas orbes escuras e vazias, sem expressão, mas vermelhas porque ele talvez segurava lágrimas. Em seu pescoço havia um corte pequeno, mas sangrava. Por debaixo de sua camisa de frio eu podia ver um pouco mais de sua tatuagem, mas não pude me concentrar muito porque meu pulso foi bruscamente solto pelo moreno.

Antes que ele se afastasse, puxei sua blusa e estendi um band-aid; antes que ele pegasse da minha mão, o garoto se abaixou no chão e me deu a flor amassada, por fim indo embora com o curativo em mãos.

─ Sasuke.

─ Hm?

E por fim, antes de desaparecer de minhas vistas, ele virou o rosto e sussurrou:

─ Meu nome é Sasuke.

Halves | SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora