Halves | SasuSaku

he killed my parents

Aqui está o mini combo de 3 capítulos que pediram! Se preparem que é muita informação para consumir, ok? Mas garanto que no final de tudo vocês vão ser recompensados pela paciência.
Eu demorei para fazer porque tudo estava organizando na minha cabeça mas eu não tinha colocado em prática, então MUIIITA coisa precisou ser arrumada e talvez ainda esteja incerta. Me perdoem se ficar desconexo, eu juro que vou tentar arrumar direitinho!

Amo vocês!
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Há uma única forma de nascer e várias formas de morrer. A cada ano que se passa amadurecemos e acabamos temendo a morte. Mas mesmo assim damos nosso melhor para morrer sem arrependimentos, mesmo que às vezes a própria morte nos pegue deprevenidos.

Meu olhar passeava tranquilamente pelas pessoas que andavam pelas ruas, despreocupadas. O sol iluminava minha face por trás da vidraça do estabelecimento e eu bebericava o chá contido na xícara em minhas mãos. Em minha visita ao Kakashi no dia anterior ele recomendara tomar chá e me distrair um pouco, parabenizava-me dizendo que minha ansiedade não estava mais tão intensa como quando eu tinha no início.

Significava melhoras. Eu estava melhorando.

Visitá-lo às vezes me assustava, pois quando não estava em um dia bom, o psicólogo agia grosseiramente. Eu relevava, mesmo que talvez fosse falta de profissionalismo, porém não podia ignorar o dia ruim dos outros.

Inevitavelmente, meus pensamentos se direcionaram ao encontro que eu tive com Sasuke naquele dia em minha casa. Ainda não tinha contado que eu iria morar longe daqui há um mês, iniciar a faculdade em outro lugar que não fosse aqui. De fato, minha mãe não tinha mudado de idéia sobre isso. E eu não tentaria mudar por ela.

Balancei a cabeça, espantando os pensamentos, quando ouço o sininho do local balançar, indicando que alguém tinha chegado. Era quem eu esperava durante vinte minutos, ansiosa e angustiada.

ㅡ Me desculpe a demora, eu tive uns problemas que resolver.

ㅡ Sem problemas. ㅡ me encostei de volta no assento, segurando firmemente a alça da xícara em minhas mãos. Estava nervosa do que viria a seguir.

Tentei me acalmar, afinal tinha escolhido o melhor ambiente para encontrá-lo, um ambiente calmo e em que eu me sentisse em paz. E era, com certeza, o melhor lugar que eu poderia ter escolhido. Rústico e calmo. Intercalei o olhar entre a bebida fumegante que eu tinha em mãos e o Uchiha à minha frente, fazendo seu pedido à garçonete.

Assim que ela se retira, meu coração aperta ao nossos olhares se encontrarem, eu temia o que quer que fosse ser dito alí.

ㅡ Espero que você esteja bem.

ㅡ Estou ótima, como você e o Sasuke estão? ㅡ bebi um pouco do chá que estava pela metade, tentando disfarçar os dedos trêmulos.

ㅡ Bem. Depois daquele incidente na praia ele não tem me evitado tanto, talvez com medo de eu me preocupar. De certa forma me sinto culpado por encontrar a namorada dele e falar de certas coisas sem o consentimento dele.

Itachi também estava nervoso. Não era só eu, afinal.

ㅡ Não se preocupe, eu mesma converso com ele depois. Eu me preocupo com ele. ㅡ sorri fechado, tentando reconfortá-lo. ㅡ E não namoramos.

ㅡ Tudo bem, me desculpe. Por onde eu começo? ㅡ um suspiro escapa do de cabelos longos quando ele espalma a mesa nervosamente. ㅡ Eu tenho certa... culpa... pela morte de nossos pais. Há um tempo atrás, vivíamos felizes em casa, do nosso jeito. Sasuke estudava em um colégio e eu em outro.

Aproximo-me da mesa, demonstrando que estava interessada para que ele prosseguisse corajosamente.

ㅡ Minha mãe se chamava Mikoto e meu pai se chamava Fugaku. Eles eram o contrário um do outro, mas se amavam muito. ㅡ suas mãos se esfregavam nervosamente em cima da mesa. ㅡ Mesmo que fosse feliz com a minha família, eu era intimidado por alguns moleques da minha turma, que eram temidos por serem agressivos. que ressoavam pelos corredores de que eles até mataram um aluno com surras utilizando diversos objetos, mas eu não acreditava que meros adolescentes seriam capazes disto. No total eram oito garotos. Os adultos e responsáveis da escola não faziam nada a respeito, ignoravam completamente tudo isso.

"Um dia fui puxado por eles até os fundos do colégio. Todos me viram sendo arrastado, inclusive o próprio diretor, mas passavam como se não fosse nada demais. ㅡ o Uchiha dá uma pausa quando a garçonete se aproxima com uma bandeja. Uma xícara fumegante fora posta diante dele, o mesmo agradece e ela se retira, sorrindo. ㅡ Ninguém tinha coragem de denunciá-los, não queriam acabar se metendo no meio. Eu temia o que seria feito comigo, mas a única coisa que fizeram foi pedir para que eu entrasse no grupinho deles como o faz tudo."

ㅡ Faz tudo? ㅡ questionei, juntando as sobrancelhas. Fora o suficiente para o moreno engolir um gole de sua bebida enquanto assentia.

ㅡ Queriam que eu fizesse os trabalhos de todos, para que passassem de ano às minhas custas. Claro que nenhum superior iria interferir. Mais tarde descobri que o chefão dos meninos era podre de rico e subornava os professores. Por fim, eu neguei o pedido deles, não queria me envolver com gente assim. Estava com medo, claro, mas na minha cabeça eles não eram capazes de fazer nada.

"Lembro-me claramente de quando ficaram dias atrás de mim falando que eu iria me arrepender.  Eu não acreditava. Eu devia ter acreditado. ㅡ percebo a respiração de Itachi ficar pesada e começo a desejar com todas as forças que minhas conclusões sobre a história estivessem erradas. ㅡ Resolvi entrar para a ganguezinha deles pois eu queria ser deixado em paz, infelizmente não foi isso o que aconteceu. Fui perturbado tantas vezes, obrigado a vê-los agredindo outros sem motivo e sendo ameaçado caso contasse para alguém mais. Cheguei a conclusão de que tinha que dar um basta."

Trêmula, sentindo a sensação da história passar pela minha pele, segurei a xícara pela alça e levei aos meus lábios, lenta e cuidadosa para não me queimar, mas concentrada no que ele dizia. O sol parava de atravessar o vidro agora, nuvens impediam que seus raios iluminassem a cidade.

ㅡ Eu insisti dizendo-os que eu deixaria a gangue, que era errada a violência, mas recebi em troca chutes no estômago e nas pernas. Meus pais nunca puderam perceber porque eu era medroso demais para contar. ㅡ Itachi solta um riso anasalado, sem humor. ㅡ Um garoto de dezesseis medrosinho de merda. ㅡ percebo que suas mãos se fecham em punho em cima da mesa. ㅡ Quando finalmente me afastei deles, recebi o último aviso de que eles matariam a minha família se eu não fizesse tudo o que eles queriam. Fiquei alguns dias matutando aquilo na cabeça.

"Não queria arriscar saber se era verdade ou não, então como um cachorrinho de rabo entre as pernas, eu voltei para eles. O garoto que os chefiava, Pain, resolvera fazer uma tal reunião de boas vindas e eu teria que ir, mesmo que não quisesse. Eu fui, com muito medo. Eles me esperavam lá com sorrisos maliciosos e eu sabia que nada sairia bem."

ㅡ Espere. ㅡ o interrompi. ㅡ E seus pais? Onde... Onde eles estavam nesse momento?

ㅡ Eu mentia dizendo que ia me encontrar com meus amigos. ㅡ o Uchiha solta um suspiro. ㅡ Eles acreditavam.

ㅡ Então... O que aconteceu quando você apareceu nessa reunião de boas vindas?

ㅡ Não tinham oito, apenas sete, então eu vi um deles amarrado numa cadeira, aparentemente desesperado. Ao lado dele estava outro, segurando uma faca afiada. Eles queriam que eu o esfaqueasse para provar que eu era digno, ou iriam atrás da minha família.

A forma em que Itachi falava transmitia dor, mas não gaguejava, o que indica que eu não fora a primeira pessoa a ouvir essa história. Meus batimentos cardíacos avançavam a cada palavra que era dita.

ㅡ Eu neguei diversas vezes e me desvencilhei deles, desesperado. Consegui correr para longe,  despistá-los, mesmo com medo. Então eu acreditei nos rumores, entendi porque os temiam tanto, apenas com o fato de Pain existir e ser rico era o suficiente para fazer todos desistirem de tentar denuciar.

"Eu achei que estava tudo bem quando voltei para a escola dois dias depois, vendo que eles não estavam mais frequentando as aulas, me senti aliviado. E assim foi por uma semana, até que aconteceu."

Prendo a respiração, sentindo tudo se encaixar devidamente.

ㅡ Pain... Aquele infeliz... Matou meus pais sem nenhuma dó.

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Achei interessante finalizar esse capítulo com a frase quase igual a do Sasuke no capítulo anterior, porém do ponto de vista do Itachi. Tive que cortar o capítulo por aqui porque ele estava muito grandinho.