A cura

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Dois meses depois...

Acordei tossindo muito, além da pressão em meus pulmões, as dores no corpo e a febre alta me consumiam por inteira.A única pessoa a ter contato comigo era a Lauren, em nossa improvisada
casa, bem mais simples que sua antiga mansão.

Os preparativos para o casamento estavam a todo o vapor, talvez porque ela achava que eu morreria logo, ou simplesmente porque ela queria meu sobrenome em nosso filho.

As reviravoltas da vida fizeram Harry e Louis voltarem a ser um casal, por ironia ou destino, eles seriam nossos padrinhos, aliás nosso casório seria em setembro, se eu sobrevivesse até lá.

--Não há mais como manter você em casa, meu anjo.Preciso te levar para o hospital agora mesmo.

--De que adianta?Não existe cura, apenas medicamentos...E isso eu posso tomar em casa.
Não quero ficar longe de você e desse barrigão.--Falei acariciando a parte mais redondinha do corpo.

--Camila, estou realmente preocupada, por favor...não seja teimosa.--Disse com lágrimas nos olhos, fazendo um beicinho típico que me convenceria a pular de um precipício sem pensar duas vezes.

Havia chegado o dia da minha noiva tomar a segunda dose da vacina, assim com chantagem emocional, dizendo que não tomaria caso eu faltasse a consulta, me convenceu a ir.

Alguns estudos em códigos genéticos revelaram uma certa imunidade ao vírus Covid-19 relacionada ao tipo sanguíneo O- ( doador universal) esse é o sangue da Lauren , as pesquisas também identificaram uma certa suscetibilidade em manifestar sintomas mais graves em pessoas do tipo A, por extremo azar o meu.

O primeiro exame confirmou a doença em menos de dez minutos, porém o segundo demoraria oito horas para ficar pronto, então fui internada em uma sala isolada para aguardar os resultados.

Minha futura esposa teve um chilique na recepção, logo após ter sido espetada com a imunização, ao perceber que nem mesmo teve a chance de se despedir antes que me levassem para o isolamento.Isso eu soube por mensagem, porque pelo menos o celular não me foi retirado.

Ainda não sabia o sexo do bebê, porque Lauren optou por não revelar até o nascimento, ela queria fazer uma surpresa pra mim, apesar dela ter descoberto na última ecografia.Algo me dizia que um garotinho estava por vir, apesar de adorar a ideia de uma menina com aqueles lindos olhos verdes.

Recebi fortes medicamentos nas veias e segundos depois acabei adormecendo gradativamente. Nem sei por quanto tempo dormi, mas lembro de ter levantado da maca ainda sob efeitos da morfina e caminhado até um quarto estranho, onde eu vi um corpo entubado, recebendo os cuidados de profissionais de saúde, que vestiam roupas parecidas com as de astronautas.Eles estavam tão concentrados em seu trabalho que nem mesmo notaram a minha presença.

O rosto da jovem me parecia familiar, senti que a conhecia; mesmo assim não conseguia identificar quem era

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O rosto da jovem me parecia familiar, senti que a conhecia; mesmo assim não conseguia identificar quem era.Com certeza alguém em péssimos estados de saúde.

Resolvi sair do local, antes que recebesse uma advertência, então vaguei pelos corredores do hospital, onde a situação parecia caótica, pacientes tossindo por todo lado vestindo máscaras improvisadas feitas de pedaços de roupas, crianças chorando por seus familiares, e tristes idosos caídos nos cantos aguardando serem chamados para receber atendimento.Um verdadeiro pesadelo.

Descontente com a cena apocalíptica, me encaminhei a sala de exames, onde me aproximei da parede de vidro,ainda do lado de fora avistei  Lauren sentada em uma cadeira, com um semblante nervoso. Parecia preocupada, enquanto tirava sangue.Por que estariam fazendo uma coleta no estado em que ela se encontrava?Seria algo relacionado ao nosso filho?Ou será que ela havia contraído o vírus?Parecia uma doação, pela quantidade do líquido vermelho escuro em uma bolsa.

Eu tentei falar com ela, mesmo assim não consegui, minha voz não saía e nem mesmo aparentava estar visível.Será que estou sonhando?Espero que sim.

--Mamãe, por que você está aqui?Você precisa voltar!--Uma garotinha linda, falou segurando a minha mão.

--Mamãe, por que você está aqui?Você precisa voltar!--Uma garotinha linda, falou segurando a minha mão

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Ela devia ter me confundido.Mas era tão fofa e aqueles olhinhos tão brilhantes me viam, diferente de todos os outros.

--Qual é o seu nome?--Sussurei com certa dificuldade.

--Lauren, em homenagem a outra mãe.

Então tudo ficou claro de repente, senti a atmosfera me envolver por completo e uma sensação de leveza, um bem estar incrível.

Código LaurenOnde histórias criam vida. Descubra agora