O diário de um cupido completamente fracassado

Como ter sentimentos confusos

Jaemin
- O que tem ele? - Jeno pergunta confuso.
- Nono... você sabe... - de maneira nervosa, gesticulo para ele.
- Eu não tô entendendo. Tá se sentindo bem? - ele se aproxima de mim, colocando a mão na minha testa.
- Claro que tô. Jeno, eu sei que você gosta dele! - digo de uma vez, vendo-o ficar pálido de repente.
- O que?! - ele pergunta surpreso, arregalando os olhos.
- Aquele dia lá no castelo, você ia beijar ele, não ia? - levanto uma sobrancelha, vendo o rosto dele ficar vermelho.
- Talvez... - ele sussurra, desviando o olhar. - Mas o que isso tem a ver?
- Então... eu também gosto dele - digo baixinho, com vergonha de admitir isso em voz alta.
- Sério?! Puta merda! E o que a gente faz?! - ele passa as mãos pela cabeça, aflito.
- Eu não sei! Talvez a gente deva conversar com ele - sugiro inseguro, vendo-o me encarar pensativo.
- Pode funcionar. Nana... - ele me chama, com a voz mais baixa. - Por favor, me promete que, não importa o que acontecer, não vamos deixar de ser amigos - ele abaixa o olhar, segurando minhas mãos.
- Eu prometo. Não importa o que ele disser, eu não vou te deixar, tá? - puxo-o para um abraço, sentindo seus músculos se descontraírem.
Ficamos assim por um tempo antes de sairmos dali, enfim voltando para onde os outros estão.
Tudo bem, eu admito. Gosto do Jeno também. Mas eu não vou dizer pra ele, porque ele gosta do Renjun. Essa situação é tão confusa! Nós dois gostamos do mesmo garoto, mas eu também gosto do Jeno, o que complica ainda mais as coisas. Só que o Jeno gosta do Injun, então não tenho chance com ele. Na verdade, acho que não tenho chance com nenhum dos dois, porque me parece que o Renjun gosta do Jeno.
Sem perceber, solto um suspiro cansado, atraindo a atenção de Woojin, que eu não tinha percebido estar ao meu lado.
- Jaemin, quer me contar o que te aflige? - ele pergunta calmo, encarando o horizonte.
- Woo... estou tão confuso. Sabe, tem essa pessoa x de quem eu gostei durante praticamente a minha vida toda, mas então surge a pessoa y na minha vida e bagunça tudo. E eu não sei o que fazer, porque a pessoa x gosta da pessoa y! E eu gosto das duas... - abaixo minha cabeça, sentindo o mais velho passar de leve suas mãos pelo meu cabelo. - Não tenho chance com elas. As duas se gostam. Eu não sou uma incógnita nessa equação. Não quero atrapalhar o romance delas, então acho que devia deixar isso de lado.
- Não ignore seus sentimentos, Jaemin. É normal que você esteja confuso, gostar de duas pessoas ao mesmo tempo é complicado. Conversa com os dois. Às vezes é mais fácil do que você imagina - ele deixa um breve selar em minha testa antes de se afastar, indo acordar os garotos.
Quando eles levantam para partirmos, observo Jeno e Renjun se abraçarem, sentindo minhas inseguranças me atingirem em cheio. Desvio o olhar, com meu coração doendo. Eles se gostam... não posso atrapalhar.


~ ♡ ~


Renjun
Depois de termos sossegado, pudemos dormir um pouco antes de Woojin nos acordar para continuarmos o trajeto.
- Seus molengas, vamos! - o Kim mais velho diz puxando Felix pelo braço para se levantar. - Na hora de ficar bagunçando de madrugada todo mundo tá bem acordado, né?!
- Já estamos de pé! - Jeongin sorri nervosamente, puxando Felix para mostrar que o garoto já levantou, tentando evitar um sermão.
- Então vamos - Chan começa a andar, nos chamando para ir junto.
Jeno se aproxima de mim, passando um dos braços pela minha cintura. Sorrio para ele, logo notando a falta de alguém. Olho em volta, vendo Jaemin com uma expressão triste no rosto encostado em uma árvore.
- Jeno, o que houve com o Jaemin? - pergunto para o garoto ao meu lado, parando de andar.
- Não sei - ele se vira, vendo o Na parado lá.
- Nana! Vem aqui! - grito, atraindo a atenção do garoto, que parece despertar de um devaneio.
Observo ele se desencostar da árvore, andando rapidamente até nós. Assim que chega perto, ele abre um sorriso forçado. Ele sabe fingir bem, mas eu vi que não foi um sorriso de verdade.
- Desculpa, estava distraído. Vamos? - ele pergunta começando a caminhar junto com os garotos.
- Ele tá estranho - sussurro para Jeno assim que passamos a caminhar também.
- Concordo - ele encara Jaemin com uma feição preocupada, suspirando em seguida.
\ ♡ /
Durante todo o percurso que fizemos hoje, Jaemin não falou conosco. Ele parecia tão distante... Isso me preocupa. Jeno tentou falar com ele, mas ele só abriu mais um sorriso falso e disse que estava tudo bem, o que me deixou triste.
Chegamos a uma parte montanhosa da floresta, depois de quase 15 horas caminhando. Essa parte da viagem tá sendo bem mais cansativa, então estamos indo mais devagar.
- Não sinto minhas pernas - resmungo quando me sento no chão, apoiando minhas costas em uma pedra.
- Eu também - escuto Felix dizer ao se sentar ao meu lado junto com Jisung.
- Gente, encontramos um riacho aqui perto. Não tá congelado ainda, então vamos lá lavar roupas. Alguém mais quer ir? - Minho aparece todo suado, provavelmente por ter corrido, junto com Changbin e Jeno.
- A gente vai com vocês, precisamos limpar os machucados do Hyunjin - Seungmin puxa o Hwang pelo pulso, que o encara confuso pela “gentileza”.
Observo Chan chamar Jaemin para ir procurar um lugar protegido para passarmos a noite, achando estranha a forma como o Na nem sorriu amigavelmente ao concordar, como faria normalmente. Mark e Hyuck sumiram, provavelmente indo aproveitar o tempo juntos.
- Parece que sobrou só a gente - comento ao ver que apenas Woojin, Felix, Jisung, Jeongin e eu ficamos aqui.
- Vamos fofocar! - Jeongin diz animado, batendo as mãos uma na outra.
- Não é como se tivesse muita coisa interessante por aqui - Felix resmunga, cruzando os braços.
- Claro que tem. Por exemplo, Woojin hyung até hoje não nos contou o que tem com o Chan hyung - o Yang provoca, fazendo Woojin arregalar os olhos.
- De onde você tirou isso?! - ele pergunta surpreso, se virando para encarar o mais novo.
- Um passarinho me contou - ele dá risada, me encarando com um olhar cúmplice no rosto. Não contem para o Woojin...
- Tá dando uns pegas no meu primo e nem me contou?! - Felix pergunta indignado. Sorrio de lado com a sua fala, orgulhoso do que ensinamos a ele.
- Lee Felix, olha o linguajar! Eu não tô “dando uns pegas” em ninguém - Woojin bufa ao dizer, não convencendo ninguém.
- Me engana que eu gosto. Vai hyung, conta pra gente! - Jeongin insiste, chacoalhando o mais velho.
- Tudo bem... - ele suspira. - Para de me encarar assim! - ele dá um tapa em Felix antes de continuar. - Enfim, quando a gente era mais novo, antes de o Minnie e o Lino irem pro exército, vivíamos juntos, lembram? Como o Chan é primo do Felix, ele sempre ficava com a gente. E aí acabou que... rolou - ele desvia o olhar, cruzando os braços. - Mas então ele, o Minho e o Seungmin foram pro exército e a gente terminou - ele termina com uma expressão abatida.
- Hyung, não chora! Você sabe que podem ficar juntos de novo, não é? - Jeongin se joga em cima dele, sorrindo para o mais velho.
- Para de bobeira, Innie. É passado - ele acaricia os fios do mais novo ao dizer. - Jisung, fala um pouco de você pra gente.
- Eu? Não tem nada de interessante na minha vida - o Han, surpreso, diz.
- Tá na seca? Quer que a gente arrume alguém pra você? Olha que o- Felix começa a dizer, mas é interrompido por um Jisung vermelho.
- Não! Quer dizer, eu... - ele se embola, parando para respirar antes de dizer. - Eu já tô enrolado com alguém.
- E você nem contou pra gente?! Quanta consideração - Jeongin diz indignado.
- Eu não sabia que vocês queriam ser meus amigos. Fiquei com vergonha - ele desvia o olhar, brincando com os próprios dedos.
- Jisung, claro que queremos ser seus amigos! Qual é, estamos viajando pra um lugar que podemos morrer juntos. Não é só porque você é o príncipe que vamos te odiar - digo sorrindo para ele, tocando seu ombro por trás de Felix.
- É verdade. Agora conta quem é! - Jeongin, muito animado, sai de cima de Woojin e engatinha até o Han, chacoalhando o garoto.
- Ah... é complicado e... vergonhoso - ele diz olhando para Felix, que parece ter percebido quem é.
- É quem eu tô pensando? - o Lee levanta uma sobrancelha, sorrindo de lado. Jisung assente, quase tendo um infarto quando Felix pula em cima dele, segurando seu rosto com as duas mãos. - Não acredito que você tá namorando o meu irmão! Todo mundo da minha família namora menos eu - ele choraminga no final, arrancando um riso do Han.
- Então quer dizer que o senhor Lee convencido Minho fisgou o príncipe? Como isso aconteceu? - Woojin provoca, deixando Jisung vermelho. Felix solta o rosto do garoto, deitando na perna dele.
- Bem, ele é o general do exército do meu pai, então ele sempre ia comigo em viagens e essas coisas. Agora que estamos longe da vigilância do meu pai acabou acontecendo - ele suspira, sorrindo levemente.
- Eu sabia que o Minho tava esquisito! Ah, eu vou ter um cunhado! - Felix diz animado.
- Não acredito que estou cercado por um monte de casais - Jeongin choraminga, fingindo chorar.
- Não fala muito não Innie, você tá de rolo com o Seungmin - provoco, vendo o garoto parar com o teatro imediatamente.
- Eu e o Minnie? Não viaja. Ele não me nota, fica dizendo que somos como irmãos! - ele diz indignado, arrancando um riso por nossa parte. - E agora ele só fica com o Hyunjin - resmunga, com uma carranca no rosto.
- Meu bebê tá com ciúmes? Olha, ele tá tão crescido! - Woojin faz uma voz fofa, puxando Jeongin para um abraço desengonçado.
- Eu vou te bater. Não sou um bebê! - Jeongin se debate, emburrado.
- Tudo bem, tudo bem. Desculpa - Woojin lhe dá um beijo na testa antes de o soltar.
- Já tentou falar com ele? Seungmin é caidinho por você - Felix diz rindo, fazendo o Yang lhe encarar debochado.
- Seungmin parece uma pedra, isso sim. Ele é muito lerdo - ele resmunga, desviando o olhar.
- Você é muito pessimista, Innie - comento rindo, fazendo o garoto sorrir levemente.
- Sua vez de ser desmascarado. Como vai com o casal sensação? - Jeongin provoca, se aproveitando da nossa intimidade. Lhe encaro indignado.
- Estranho. Jaemin ficou distante o dia todo hoje. Sinto como se eles estivessem escondendo algo de mim - suspiro ao dizer. - Não é como se eles tivessem a obrigação de me dizer algo, mas... não sei.
Observo Woojin fazer uma careta, arregalando os olhos como se tivesse trancado o cu. Estranho isso, franzindo as sobrancelhas.
- Situação complicada. Pode ser só impressão sua, pode não ser. O melhor jeito de resolver é falando com eles - Jisung diz passando as mãos pelos fios ruivos de Felix, que quase dorme com o carinho.
- Eu sei. Mas aqueles bocós se enfiaram no meio do mato e eu não vou lá nem a pau - digo rindo para descontrair, acabando com a atmosfera triste que estava antes.
- Então de todos nós só o Felix hyung é encalhado mesmo - Jeongin não perde a oportunidade de irritar o mais velho, rindo da careta dele.
- Obrigado pelo coice, Jeongin. E encalhado é o seu cu! - ele taca uma flor no Yang, não encontrando nada melhor para o ataque.
- Pior que é mesmo. Nem pro Seungmin ver que eu tô de quatro por ele - ele diz fazendo bico. É muito estranho ver alguém tão fofo quanto ele dizendo essas coisas!
- Innie, não fala isso! Cadê a vergonha na cara que eu te dei?! - Woojin diz indignado, pondo as mãos na cintura.
- Eu troquei ela por balinhas, hyung - o Yang diz rindo, recebendo um tapa de Woojin.
- Olha como você trata as coisas que eu te dou! Te criei com tanto amor e carinho pra ser recompensado assim... - o mais velho diz fingindo secar uma lágrima.
- Hyung, o tempo passa, as coisas mudam! - Jeongin diz risonho, fazendo o Kim lhe encarar descrente.
- Seu cara de pau! Yang Jeongin, crie vergonha nessa cara! - Woojin chacoalha o mais novo, que lhe encara insatisfeito.
- Mas hyung, nem fui eu quem deu a bunda pro Changbin lá no chalé! O Felix que precisa de vergonha na cara - ele deixa escapar, fazendo Felix se levantar indignadíssimo.
- Seu filho da puta, não era pra contar! - Jeongin sai correndo, com Felix indo atrás dele, deixando para trás três garotos muito surpresos.
- Felix, foi sem querer, eu juro! - o Yang grita ao que o mais velho o alcança.
- Eu vou te matar! - o Lee grita de volta, chacoalhando o mais novo.
Depois de mais um tempo correndo, Felix voltou com Jeongin pendurado em si. Pela carranca do Lee e o sorriso travesso do Yang, as coisas foram animadas por lá.
- Cadê aquele povo hein? Eles sumiram! - comento ao perceber que até agora nenhum deles deu as caras aqui.
- Não faço ideia. Querem ir atrás deles? - Jisung pergunta se levantando.
- Pode ser - Woojin responde por nós, passando a caminhar pela floresta.
Levamos um bom tempo até encontrarmos o tal riacho, vendo os garotos se divertindo ali. Aqueles sem vergonha estavam ali o tempo todo brincando ao invés de fazer de fato o que vieram fazer!
- Vocês não tinham vindo lavar roupa, não? - Felix põe as mãos na cintura ao dizer, assustando os garotos.
- Nós já lavamos - Minho responde apontando para o cesto cheio de roupas.
- E por que estão aqui fazendo farofa? - Woojin pergunta encarando-os seriamente, fazendo os garotos ficarem levemente assustados. - Tô brincando gente - ele ri ao dizer, se aproximando do riacho.
- Acho melhor voltarmos logo, já tá escurecendo - Seungmin diz ao observar o céu.
- Então vamos - Jeno diz chamando os garotos para pegarem as coisas que trouxeram antes de partirmos
Com alguns minutos de caminhada, chegamos ao local em que estivemos mais cedo. Observo os garotos se espalharem pelo local, montando um acampamento esquisito. Ao pensar melhor, noto que Jaemin e Chan ainda não voltaram.
- Gente, cadê o Chan e o Jaemin? - pergunto assim que todos se reúnem.
- Eita, é mesmo! - Felix diz ao perceber a falta dos dois.
- Eles já deviam ter voltado - Woojin olha ao redor, preocupado.
- Woo, já tá de noite, pode ser perigoso eles ficarem sozinhos pela floresta - Jeongin toca seu ombro, o olhando apreensivo.
- Vou usar a marca para encontrar o Chan - o mais velho suspira, se virando para nós.
- Vamos com você! - puxo Jeno pelo pulso, andando com ele até Woojin.
- Ok. Fiquem aqui! - ele diz para os outros antes de se afastar conosco.
Observo Woojin ficar muito quieto, parecendo se concentrar em algo. Caminhamos cautelosamente, com o mais velho nos guiando.
- Como sabe para onde estamos indo? - pergunto ao vê-lo mudar de direção de repente.
- Chan me marcou há muitos anos, então consigo saber onde ele está. A marca pulsa quando ele está por perto, além de eu conseguir sentir o cheiro dele de longe - ele responde observando atentamente o ambiente à nossa volta.
Depois de um bom tempo caminhando por entre árvores congeladas, finalmente encontramos os dois. Sinto meu coração quase parar ao vê-los feridos, com Chan sentado no chão e Jaemin desacordado em seu colo.
- Pelos deuses, o que houve?! - me agacho no chão, passando as mãos pelo rosto de Jaemin.
- Armadilha. Estávamos perto das cavernas quando tudo despencou. Não consegui andar, quebrei o osso da perna. Ele caiu com tudo numa pedra, acho que bateu a cabeça. Tentei gritar, mas vocês provavelmente não ouviram - Chan explica, com a voz trêmula.
- Vamos sair daqui. Deixa que eu levo ele - Jeno diz pegando Jaemin no colo. Me aproximo de Chan, o ajudando a se levantar. Woojin se aproxima também, fazendo Christopher se apoiar no meu ombro e no seu.
Partimos assim, com cuidado por conta da perna de Chan. O tempo todo fiquei velando Jaemin e Jeno, tentando me confortar ao ver o Na seguro com o Lee. Não demoramos muito para voltar, o que foi um alívio.
- Innie, pega a sacola de ervas na minha bolsa, por favor! Preciso que alguém me ajude - Woojin diz ao ajudar Chan a se sentar encostado numa rocha.
- Deixa que eu ajudo - digo rapidamente, logo me prontificando em ajudar Jeno a colocar Jaemin no chão, vendo Jeongin entregar o que lhe foi pedido observando os dois garotos de maneira preocupada.
- Vamos fazer o possível para deixar esses machucados melhores. Não posso mexer muito na fratura exposta do Chan, então vamos ter que improvisar para estancar o sangramento. Já com o Jaemin vamos ter que tomar cuidado, tem um corte na cabeça. Não é nada muito grave, mas pode manter ele desacordado por um tempo - Woojin suspira ao dizer, me entregando dois panos para usar na perna de Chan.
- Se quiser gritar fique à vontade - digo ao pressionar os panos na ferida, amarrando eles na perna do mais velho. Observo Chan se contorcer, maltratando os próprios lábios pela dor.
- Que cara feia, Chan. Ainda bem que eu fico lindo até morrendo de dor - Hyunjin dá o ar da graça, tentando distrair Chan. Sorrio para ele ao ver que deu certo, me sentindo mais aliviado em ouvir Chan rir.
Me volto para Woojin, que finaliza um curativo em Jaemin. Observo Seungmin entregar a ele uma mistura, que julguei ser para ajudar em alguma coisa.
- Obrigado, Minnie. Isso deve fazê-lo acordar logo - Woojin coloca o líquido na boca de Jaemin, suspirando ao finalizar. - Vamos deixá-lo descansar. Vocês nos deram um grande susto! - ele se vira para Chan, sorrindo para o mais novo.
Depois disso, fomos arrumar as coisas para dormimos. Decidimos ficar por aqui mesmo, para evitar mais conflitos. Assim que todos deitaram, me aproximei de Jaemin, apoiando sua cabeça cautelosamente em meu colo. Vou ficar com ele até que acorde.
- Ele estava tão estranho hoje... - Jeno diz ao se sentar à minha frente.
- Sim. Me pergunto o que houve para ele ficar assim - digo com um olhar triste, acariciando o rosto delicado de Jaemin.
Antes que Jeno possa dizer algo, Jaemin abre os olhos. Sorrio para ele, vendo-o me encarar confuso.
- O que aconteceu? - ele pergunta baixinho, se levantando com dificuldade.
- Você e o Chan caíram enquanto andavam pelas cavernas perto daqui. Sente alguma dor? - Jeno pergunta preocupado, segurando o rosto do garoto.
- Não. Tô de boa, só com um pouco de sono - ele responde com uma expressão cansada no rosto.
- Isso é bom - digo apoiando minha cabeça na rocha atrás de mim, deixando que o silêncio reine entre nós.
- Precisamos conversar - Jeno diz após um longo tempo encarando o nada.
Observo Jaemin se remexer nervosamente, desviando o olhar. Encaro Jeno curioso, o incentivando a continuar.
- Sabe... eu e o Nana precisamos te dizer uma coisa - o Lee desvia o olhar para suas mãos, falando baixo pelo nervosismo.
- Sim. O que queremos te dizer é que... - Jaemin finalmente diz alguma coisa, parecendo estar em um conflito interno. - Nós gostamos de você. Os dois - sinto meu coração parar de bater por alguns instantes. Encaro estático os dois garotos, tentando processar a informação.
Sem dizer nada, me levanto, passando a correr para longe dali. Sinto as lágrimas se formarem em meus olhos, embaçando minha visão já prejudicada pela escuridão da noite.
Tento não tropeçar, só parando de correr ao julgar estar bem longe. Me encosto em uma árvore, deixando meu corpo escorregar ali. Levo minhas mãos trêmulas ao meu rosto, sentindo as lágrimas descerem descontroladamente por ele.
Então é isso. Eu fiz os dois se apaixonarem por mim. Meu coração se aperta. Estraguei o destino deles. Meu corpo treme.
Sem conseguir controlar meu corpo, deixo minhas emoções tomarem conta de mim. Milhares de pensamentos invadem minha mente como facadas.
Não é real. Não pode ser. Não posso me deixar levar. Meu corpo enfraquece. Pensamentos incoerentes surgem, atormentando minha mente.
Fecho meus olhos, tentando me controlar. Tudo só piora. A imagem de eles dois sorrindo para mim aparece, sendo quase como um soco.
Como não percebi? Sou muito idiota. O que vou fazer? Preciso pensar. Como vou lidar com isso? Não tenho ideia.
As lágrimas invadem minhas roupas, escorrendo pelo meu corpo. Sinto minha respiração falhar, entrando em desespero.
Tento me mover, falhando totalmente. Com o coração apertado, abro os olhos. Não vejo nada. O vazio me consome, me deixando arrasado.
Finalmente, consigo me mover, levando minhas mãos até a cabeça. Não pode ter acontecido! É tudo minha culpa. Tudo! Eles vão ser infelizes por minha causa.
Sou tão egoísta. Por que dói tanto? Apoio minha testa em meus joelhos, ouvindo o eco dos meus soluços desesperados pela floresta.
Tremendo, sinto minha respiração falhar novamente. Meus pensamentos me engolem, me deixando num pedido de socorro silencioso.
Sabe o que é pior nisso tudo? Eu me apaixonei. Me apaixonei por eles. E sabe o que é pior ainda? Eles não gostam de mim de verdade. É só o feitiço. Mas eu gosto. E vou ter que lidar com a dor de nunca poder tê-los.