- Inadmissível! Você vai embora de casa e volta sem vergonha alguma! E ainda com um bando de delinquentes! Ora, Hyunjin, seu moleque insolente, sempre foi um empecilho nessa família! - a mulher, muito enfurecida, avança para cima de Hyunjin, que, estático e desacreditado, nem se move.
- Você não vai encostar um dedo nele! - Seungmin se coloca na frente dela, impedindo-a de acertar um tapa no garoto.
- Saia da minha frente, alfazinho de meia tigela! - ela tenta empurrar o Kim, que rosna em resposta.
- Minnie, tá tudo bem - Hyunjin suspira cansado, colocando as mãos no ombro do mais novo, que bufa irritado.
- Minnie?! Como você ousa ser carinhoso assim com outro alfa, Hyunjin?! - ela grita, inconformada. Hyunjin abaixa a cabeça, já com os olhos marejados. - É inacreditável! Sempre te demos tudo do bom e do melhor para você fugir de casa! Fugindo do que você, como um alfa, precisa fazer! Yeji, vá buscar papéis porque vou mandar uma carta para o seu pai. Vamos ver se dessa vez você não aprende onde é o seu lugar, Hyunjin - a mulher lança para o garoto um olhar de repúdio.
- Você não vai a lugar algum, garota! Tá achando que aqui é a festa da farofa, é? Não é não, meu bem! Se você mover um músculo eu quebro a sua cara! - Jeongin diz entredentes para a irmã de Hyunjin, que, ao ouvir o tom irritado do garoto, para de andar imediatamente.
- Escuta aqui, sua velha ridícula! Você não vai levantar a voz e nem dizer essas coisas escrotas para ele nunca mais, entendeu? Se ele saiu dessa casa foi com razão! O Hyunjin pode ser insuportável quando quer, mas ele não é nada do que você disse! Primeiro que ele não tem obrigação alguma de ir para o exército só porque algum idiota disse que alfas precisam lutar. E segundo que você, como a mãe dele, devia apoiar as decisões dele! É muito babaca você discriminar o seu filho porque ele não é como você quer! Se você deseja tanta perfeição, vai você pro exército! - Seungmin grita para a mulher, lhe lançando um olhar, definitivamente, assustador.
A mulher bufa irritada antes de sair com a tal Yeji, deixando para trás dois garotos enfurecidos, um abalado e outros nove chocados.
- Jinnie, você tá bem? - Jeongin corre desesperado em direção ao garoto que chora baixinho. Oh, deuses, que dó!
- Aham - ele murmura em resposta, tentando enxugar as lágrimas que escorrem por seu rosto.
- Vem cá - o Yang puxa-o para um abraço carinhoso, confortando o Hwang em seus braços. Seungmin se aproxima, colocando, relutantemente, uma mão no ombro do mais alto, demonstrando carinho do jeitinho dele. Sorrio com a cena, achando bonita a forma com que os dois protegeram Hyunjin.
Involuntariamente, meu olhar pousa sob Jaemin e Jeno, que me encaram de volta. Sinto meu coração falhar com as recentes memórias da nossa “briga”. Desvio o olhar, desfazendo o sorriso. Encaro o chão com uma imensa vontade de chorar mais uma vez.
- Então, acho melhor irmos descansar - Woojin diz ao perceber a tensão no ar.
- É mesmo, né? Vamos lá pra cima! - Jeongin ri nervosamente, puxando Seungmin e Hyunjin para o andar de cima.
E então nós subimos também, tentando não rir com os... sons provenientes de um certo quarto. O que foi? Vocês acharam que a gente ia ter maturidade pra isso? Minha gente, somos pior que quinta série! Eu já estava pronto para me enfiar em um dos quartos pra atrapalhar a noite de um dos casais quando Woojin me para, puxando meu pulso.
- Junnie, pode dormir comigo? O Felix tá muito ocupado e eu não gosto de dormir sozinho... - ele faz uma carinha triste. Como resistir?!
- Claro - sorrio para ele, vendo-o dar pulinhos animados antes de me puxar para o quarto.
Assim que entramos no cômodo, eu me enfiei no meio dos cobertores, me enrolando ali. Ouvi Woojin rir levemente e se deitar ao meu lado, sorrindo.
- Boa noite! E toma cuidado pra não ficar traumatizado - ele pisca antes de se virar, se referindo aos sons belíssimos que podem ser ouvidos daqui.
- Boa noite - respondo tapando meus ouvidos.
\ ♡ /
Já na manhã seguinte, nosso dia começou animado. Minho fez todo mundo levantar cedo para irmos buscar as comidas, sendo que Hyuck foi o escolhido para ficar. Devo dizer que ele ficou bem puto. Enfim, voltando aos fatos, fomos à caça. Foi estranho... tivemos que subir em árvores para pegar as frutas. Me senti o Tarzan.
Resumindo em poucas palavras os cinco dias em que ficamos na casa do Hyunjin: brigas, bagunça, safadeza (não disse de quem), mais brigas e confusão. Felix e Changbin mandaram ver nesses dias e depois saíram de lá fingindo que nada aconteceu, bem plenos.
Os dias que sucederam foram mais do mesmo: idiotices e muito chororô. Essa parte da viagem foi bem mais rápida porque o Lado Norte é menor, então chegamos ao castelo em bem menos tempo. Nesse exato momento, estamos encarando a enorme construção, tentando pensar em um jeito de entrar.
- E se a gente invadir? - Seungmin diz animado, sorrindo de maneira travessa.
- Não acho uma boa ideia. Eles podem pensar que estamos querendo confusão e nos atacar - Woojin rebate, cruzando os braços.
- É verdade, mas se pedirmos com educação eles também não vão nos deixa entrar. Vamos ter que entrar às escondidas - Jisung suspira ao dizer, observando o grande portão.
- Quando eu fugi daqui, escapei pelos fundos, onde ficam os depósitos. Se formos rápido conseguimos entrar por lá, mas temos que tomar cuidado - Hyunjin diz olhando ao redor, checando se não tem ninguém por perto.
- Você fugiu daqui? - Mark pergunta confuso. Nossa, o bonito fala! Faz tanto tempo que não o escuto dizer algo... talvez porque ele sempre tá muito ocupado em encarar ou beijar o meu amigo? Pode ser.
- Sim. O exército fica dentro do castelo treinando. Se vacilar a gente encontra o meu pai lá dentro - ele ri sarcasticamente ao responder.
- Vamos torcer para não encontrar. Venham, vamos entrar - Seungmin diz passando a andar para onde Hyunjin disse.
Fomos devagar, tomando cuidado. Eu me senti, como Jeongin disse, um bandido fugindo. Nunca invadi um lugar, então foi estranho. Quando entramos, pude ver todos aqueles caras sarados e fortes treinando. O cu trancou de um jeito...
Enfim entramos dentro do enorme castelo, ainda andando devagar para não sermos pegos. Hyunjin foi na frente, nos guiando.
- Gente, ouviram isso?! - o Hwang para do nada, olhando assustado para o lado.
- O que? - Seungmin, que está atrás dele, pergunta massageando a própria testa por a ter batido nas costas de Hyunjin.
- Isso! - ele se vira para nós, com os olhos arregalados. Estreito meus olhos ao ouvir uma voz desconhecida cantarolando baixinho.
Quando uma pessoa surge, Hyunjin se apressa em empurrá-la para dentro de um dos cômodos do enorme castelo, nos chamando para segui-lo em seguida. Ao entrar, observo o garoto desconhecido nos olhar assustado. Eu também ficaria se 14 caras me puxassem para um quartinho aleatório.
- Quem são vocês?! - ele pergunta assustado.
- Somos do Lado Sul e estamos aqui porque precisamos de ajuda - Minho toma a frente, encarando o garoto.
- Lado Sul?! Como entraram aqui?! - o garoto arregala os olhos ao perguntar.
- Eu era do Lado Norte, ajudei-os a entrar - Hyunjin se coloca ao lado de Minho.
- O que?! Você é aquele cara que fugiu e causou um alvoroço danado?! - surpreso, o garoto pergunta.
- Sim - Hyunjin abaixa o olhar.
- Por que não disse antes?! Eu vou ajudar vocês. Sempre quis conhecer o cara que teve coragem de fugir daqui. Eu queria ter toda essa coragem, mas não tenho - ele sorri ao dizer, descontraindo os músculos.
- Jura?! - o Hwang lhe olha surpreso, arregalando os olhos.
- Sim. Me digam o que pretendem fazer aqui - o garoto que, agora analisando melhor, se parece muito com um esquilo, diz animado.
- Precisamos de tudo o que temos no nosso reino sobre os mutantes. Esses garotos são mutantes que vieram parar aqui por acidente, e estamos os ajudando a voltar para o mundo deles. No Lado Sul não temos nada sobre eles, então viemos para cá - Chan explica, apontando para nós.
- Sério?! Eu sempre achei que os mutantes fossem só uma lenda. De qualquer forma, venham comigo. Eu conheço o príncipe e ele pode ajudar. A propósito, me chamo Kang Younghyun - ele diz saindo da sala, nos chamando para o seguir.
Fomos andando pelo castelo até chegarmos em uma grande porta quase no último andar.
- Jae? Sou eu, abre a porta - Younghyun bate na porta, recebendo um “tá aberta” em resposta. O Kang se vira para nós antes de entrar, nos chamando para o seguir.
- Veio mais cedo - outro garoto, que julgo ser o príncipe, diz para Younghyun, não notando nossa presença.
- Pois é. Jae, não estamos sozinhos - ele diz ao que o outro passa os braços por sua cintura, enfiando o rosto no pescoço do mais baixo.
- Hm? Ah! Desculpa! - o príncipe diz ao notar nossa presença, se assustando.
- Tudo bem. Enfim, preciso da sua ajuda - o Kang suspira ao dizer, atraindo toda a atenção do outro para si. - Lembra aquele dia que um garoto fugiu daqui e o seu pai ficou muito irritado? Então, ele voltou e eu quero ajudá-lo. Mas pra isso eu preciso que você nos leve até o seu pai. Eu te explico tudo no caminho, vamos logo! - apressado, ele puxa o outro para fora, fazendo sinal para irmos junto.
Com o príncipe nos guiando, seguimos para uma parte mais afastada do castelo. Antes de entrarmos onde ele apontou, Younghyun parou para explicar o porquê de estarmos ali.
- Lado Sul?! Você sabe que o meu pai vai surtar, não é? - Jaehyung, que descobrimos ser o namorado de Younghyun além de príncipe, arregala os olhos ao dizer.
- Sim. Por isso preciso da sua ajuda! Se você estiver conosco ele vai nos ouvir - o Kang diz em um tom de voz baixo.
- Tudo bem. Vamos lá então! - Jae se vira para nós, entrando na sala do rei logo em seguida.
Já dentro do cômodo, um cara velho, forte e com uma feição nada amigável nos encara, sentado em um trono.
- De novo com esse garoto, Jaehyung? Já disse para ficar longe dele! E quem são esses?! - irritado, o homem pergunta.
- Pai, agora não é hora. Esses garotos são mutantes que precisam de ajuda para voltar pro mundo deles, e nós vamos ajudar. Temos tudo o que existe sobre mutantes no nosso reino, então vai ser fácil achar um jeito de ajudá-los - Jae diz firme, não se deixando levar pelo olhar ameaçador do pai.
- O que te faz achar que eu vou ajudar esses delinquentes do Lado Sul, meu filho? Guardas! - o monarca grita, fazendo os guardas que estavam parados ali do lado virem em nossa direção.
- Você não vai querer matar o príncipe do Lado Sul, não é? Encosta um dedo em mim pra ver se o meu pai não manda um exército inteiro pra te matar! - Jisung se coloca na nossa frente, encarando o mais velho com deboche.
- Seu insolente, saia da frente! - o homem grita ainda mais irritado, ao que os guardas recuam pela ameaça de Jisung.
- Não! Eles são meus amigos, e se você não vai nos ajudar por bem vai ser à força! - Jisung rosna, contraindo os músculos. - O Lado Sul, mesmo que seja contra a guerra, é bem maior e mais poderoso que o Lado Norte, então não vai ser um problema acabar com você. Eu não gosto de ameaças, mas vou fazer o possível para ajudar os meus amigos, mesmo que isso signifique um combate direto entre os dois lados, o qual você sabe que vai perder!
- Basta! Não será necessária a intervenção do seu exército. Ajudaremos com os seus amigos. Jaehyung, leve-os até a biblioteca central. Peçam ajuda a Dowoon e Wonpil, eles cuidam de tudo lá - derrotado, o rei diz.
Jisung sorri provocativo, se virando para nós com uma sobrancelha erguida. Minho sorri para ele antes de puxá-lo pelo braço para sair dali. Logo todos nós fomos junto, com Jaehyung e Younghyun nos guiando para a tal biblioteca.
Ao adentrar o cômodo, observo o enorme local. Isso ia ser um paraíso pro Chenle. E por falar nele... que saudades do meu bebê. Claro que eu quero voltar pra minha casa, minha cama quentinha, meu celular e tudo mais, mas vou sentir tanto a falta daqui. Os meninos... não quero deixá-los! Me sinto tão bem aqui, mas ao mesmo tempo me sinto bem lá! Não vou sentir falta de dormir no chão, mas não quero deixar esse lugar maravilhoso. Quer dizer, não tão maravilhoso porque estamos no meio de uma guerra, mas não quero ir! Oh, deuses, o que faço?!
- Brian? O que faz por aqui? - sou tirado de meus pensamentos quando um rapaz sorrindo amigavelmente se aproxima de nós.
- Pil, temos um pequeno problema. Sabe aquela seção aqui da biblioteca que tá em desuso há tanto tempo que parece mais um manicômio abandonado? Então, precisamos ir lá - Younghyun sorri amarelo, fazendo o outro garoto se assustar,
- Você sabe que eu tenho medo de lá! Só o Dowoon que vai naquele lugar - ele diz desviando o olhar.
- Vamos todos, assim você não fica com medo - Younghyun diz rindo, apertando as bochechas do outro.
- Tudo bem então. Venham pessoal, é por aqui - ele se vira, passando a caminhar para o final da biblioteca. - Dowoon? Você tá aqui? - pergunta ao chegar na última seção, que mais parece cenário de um filme de terror.
- Tô - uma pessoa surge, literalmente, do meio das sombras, assustando o garoto.
- Ai, que susto! Quase infartei - ele põe a mão no peito, rindo logo em seguida. - Tá bom gente, é o seguinte: se separem, procurem por toda essa seção e peguem tudo o que acharem sobre mutantes. Você vem comigo - ele diz antes de puxar o tal Dowoon pelo pulso e sair andando.
- Felix, você tá com um cheiro muito estranho - assim que passamos a caminhar por entre as inúmeras estantes, Jeongin se gruda no pescoço do Lee, cheirando o local. - Cheiro de alfa. O Changbin te marcou?! - o Yang arregala os olhos ao perguntar.
- Não. Isso é estranho, o cheiro dele já devia ter saído de mim - Felix passa as mãos pelo próprio pescoço, franzindo o cenho.
- O cheiro fica mais forte aqui - Jeongin diz ao se abaixar na altura da barriga de Felix. Quando processa a informação, ele arregala os olhos. - Felix...
- Não pode ser! Ai meu Deus, eu sou muito novo pra morrer! - ele choraminga, cobrindo o rosto com as mãos.
- Você não vai morrer! A gente nem sabe o que é. Depois a gente fala com o Woojin, ele deve saber. Por enquanto vamos procurar os livros - digo ao ver que ele ia começar a surtar, empurrando os dois para voltarmos à busca.
Ficamos boas horas naquele lugar, respirando poeira. Quando enfim terminamos, tínhamos juntado informações o bastante para nos ajudar a voltar pra casa. Quero ver como vamos fazer isso...
- Beleza gente, temos bastante coisa. O que exatamente vamos fazer com isso? - Wonpil pergunta quando todos nos reunimos em uma enorme mesa.
- Precisamos abrir um portal para outro mundo - Seungmin diz calmamente, como se fosse muito normal sair por aí abrindo portais entre mundos.
- O que?! E como diabos a gente faz isso?! - Wonpil arregala os olhos, cuspindo um líquido esquisito em Younghyun, que lhe olha feio.
- É isso que precisamos descobrir, e a resposta está nesses livros - Woojin suspira ao dizer, abrindo um dos muitos livros.
- Só tem uma pessoa nesse reino que conhece os mutantes melhor que qualquer um. Sungjin hyung - Dowoon diz olhando para Wonpil.
- Vá chamar ele. Nós vamos ficar aqui lendo tudo isso e caçando informações. Mão na massa, gente! - Wonpil dita para todos, se sentando para começarmos com isso.
\ ♡ /
Foram vários dias consecutivos confinados dentro daquela velha biblioteca, lendo e relendo inúmeras informações sobre mutantes e o nosso mundo. Durante várias horas, analisamos e juntamos muitas coisas que poderiam ajudar. Quando Sungjin chegou as coisas andaram mais rápido. Aquele cara sabe mais coisas sobre os mutantes do que nós! Enfim, relevemos esse fato.
Quebramos a cabeça, discutimos, quase saímos no soco, reclamamos, gritamos e fizemos uma enorme baderna, mas conseguimos juntar informações suficientes. O problema agora é colocar elas em prática, porque, convenhamos, nenhum de nós sabe usar o tipo de magia necessária para abrir um portal entre dois mundos.
- Entre nós, o único com capacidade de fazer portais é o Renjun, então vai ter que ser ele - Hyuck diz depois de ficarmos um tempo em silêncio, pensando no que fazer.
- O que?! O único portal que eu sei fazer é o de teletransporte para o Palácio Central da Magia, que todo cupido aprende a fazer no primeiro ano de feitiçaria! - digo com os olhos arregalados. Gente, eu não tenho toda essa capacidade não, tá?
- Aqui diz que apenas destinadores são capazes de produzir um portal dessa magnitude. Renjun, se você é um destinador, então podemos tentar. Acho que é só treinar - Minho rebate apontando para um dos livros.
- Por que apenas destinadores? - pergunto confuso, vendo Sungjin tomar a frente para responder.
- Porque os destinadores são os únicos mutantes com capacidade de se tornarem deuses. Por isso, apenas eles, depois de treinar essa habilidade, podem criar portais entre mundos. Você ainda não tem essa habilidade porque, normalmente, ela só é treinada quando você inicia o treinamento para se tornar um deus. Não temos muita escolha, então vamos treinar essa habilidade com você - ele explica sorrindo com a constatação.
- Eu vou me tornar um deus?! - pergunto assustado. Ok, isso não estava nos meus planos.
- Claro que não! Essa é só uma das milhares de habilidades que você teria que treinar se quisesse se tornar um deus. E, além do mais, só um deus pode transformar outras pessoas em deuses. Mas você vai poder se vangloriar por ter a habilidade de um deus - Sungjin passa os braços pelos meus ombros, suspirando. - Temos muito trabalho pela frente. Nunca imaginei que um dia eu iria treinar um mutante de verdade. Tô até emocionado - ele finge limpar uma lágrima.
- E eu nunca imaginei que um dia eu teria que abrir um portal entre mundos - rio levemente ao dizer. Isso vai ser muito estranho.
\ ♡ /
Deu tudo errado! Ok, talvez isso seja exagero meu, mas as coisas estão doidas por aqui. Iniciemos pelo fato 1: Felix continua estranho e isso tem nos preocupado muito; fato 2: treinar para fazer um portal é bem mais difícil do que eu pensei; fato 3: Jaemin e Jeno estão estranhos; fato 4: eu estou estranho. E não é por causa do negócio do portal.
Acontece que desde que nós tivemos aquela “briga”, eu tenho me sentido muito mal. Eu não sei explicar, mas deixou de ser algo psicológico. Parece que o meu corpo inteiro clama por eles (não no sentido sexual, seus safados!), como se eu fosse morrer se ficar longe deles. E isso é estranho, porque eu nunca me senti assim. Nem mesmo quando eu vi meu ator favorito caminhando perto de mim. Eu sei que sou completamente apaixonado por eles, mas ainda não consigo entender o que está havendo com o meu corpo, e isso me deixa frustrado!
Já faz quase quatro semanas que estamos aqui (pasmem!) e tivemos um bom progresso. Sungjin é um ótimo professor, então as coisas têm ido bem. O único problema é que usar os meus poderes desse jeito é muito cansativo, porque estou aprendendo em semanas o que se deveria aprender em meses!
Enquanto eu treino, os outros garotos ajudam nos preparativos. Para fazer o tal portal precisamos de um bocado de coisas que são um pouco difíceis de fazer, então eles estão cuidando disso. Espero que funcione.
- Mais pra esquerda. Isso, agora mira. Concentra toda a energia ali - Sungjin me orienta, apontando para o pedaço de madeira que estamos usando como ponto de referência.
- Se eu usar muita força meu braço não aguenta! - digo cortando a corrente elétrica que eu estava fazendo. Isso é parte do treinamento, porque o portal é feito a partir de uma corrente elétrica muito forte, que, quando unida com os outros elementos, cria uma ponte entre os dois mundos em questão. Depois disso, eu vou precisar fazer um feitiço muito poderoso para dar forma ao portal. Foi assim que, há milhares de anos, os primeiros mutantes fizeram um portal que ligava os dois mundos. Ele ficou aberto por vários milênios, porque a energia dentro dele era muito forte, então durou muito. Curiosamente, ele se fechou quando viemos para cá. E sim, foi através dele que viemos.
- Eu sei. Você não pode canalizar todo o poder nos seus braços, precisa impulsioná-lo para frente. Quando você concentra toda a corrente elétrica em você mesmo, força o seu próprio corpo, e isso pode te machucar. Você tem que empurrar, como se os seus braços fossem uma ponte entre a corrente e o portal - ele explica, me mostrando como posicionar meus braços corretamente.
- Entendi. Podemos parar agora? Estou muito cansado - suspiro ao dizer, sentindo o meu corpo quase se despedaçar.
- Claro. Estamos treinando desde hoje cedo, vá descansar - ele bagunça meus cabelos, sorrindo amigavelmente.
- Pode me responder uma coisa? - pergunto após beber um pouco de água, vendo-o assentir. - Por que o portal se fechou quando nós viemos para cá?
- Porque antes disso nenhuma criatura tão pesada quanto vocês tinha passado por ele. Quando vocês entraram no portal, por ele ser muito velho, ficou muito sobrecarregado e acabou explodindo, se transformando em milhões de átomos que se espalharam por aí - ele responde recolhendo algumas coisas antes de sair. - Boa noite!
Me viro para sair também, entrando no castelo mais uma vez. Estamos dormindo por aqui, já que, depois de muitas ameaças, o rei nos permitiu ficar. É meio estranho porque as pessoas nos olham torto, mas fazer o que né.
Sigo pelos enormes corredores até chegar no quarto que divido com Felix e Jeongin, encontrando os dois conversando no meio do cômodo. Quer dizer, conversando não é exatamente a palavra, já que o Felix parece prestes a ter um ataque cardíaco e o Jeongin está quase arrancando os próprios cabelos.
- Gente, o que tá acontecendo? - pergunto ao fechar a porta.
- A gente tem um probleminha. Descobrimos o que o Felix tem! - Jeongin vira para mim, com os olhos arregalados.
- E o que é? - pergunto curioso.
- Eu já vou dizer. Venham, vamos chamar os meninos - Felix nos puxa para fora, passando a gritar pelo corredor. - GENTEEEEE! Venham rápido, é uma emergência!
Depois da gritaria, todos vieram assustados, achando que alguém tinha morrido. Até eu fiquei com medo, encarando com expectativa Felix. Que diabos, quero saber o que ele tem!
- Seguinte, temos um pequeno dilema - Jeongin sorri de maneira nervosa ao dizer.
- Diz logo o que é porra! - impaciente, Seungmin grita, assustando um Hyunjin sonolento que está ao seu lado.
- Eu estou grávido! - Felix grita, nos pegando de surpresa. Foi a última coisa que eu ouvi antes de uma nova gritaria começar porque o Woojin desmaiou. Essa noite vai ser longa!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O diário de um cupido completamente fracassado
FanfictionEm um lugar mágico distante daqui, Huang Renjun, um jovem cupido, vivia sua vida, que aparentava ser normal. E tudo ia bem, era o que ele achava. Só que, de uma hora para a outra, a vida do garoto virou de cabeça para baixo, graças a um não tão pequ...