Trust | Beauany - (em revisão)

44 - ANY

Estou raspando a parede enquanto ouço vozes vindo de outros cômodos do asilo. As pessoas estão animadas enquanto trabalham e eu queria estar conversando também, mas minha dupla entrou em um mal humor que até eu, que sempre estou com a pá virada, acho estranho.

Depois de terminar um terço da parede em que raspei pra Josh pintar, me viro pra ele. Ele se encontra de costas para mim, em cima de uma escada, pintando pintando os cantinhos com cuidado. Como seus braços estão levantados, consigo ver um pouco de sua lombar e sinto coisas estranhas dentro de mim.

Pelo amor de Deus Any, é só um pedaço de pele.

Eu sei cérebro, eu sei.

Pigarreio para ele olhar para mim mas ele continua concentrado, pintando.

— Josh?

Ele para e me olha com o semblante fechado.

— Está tudo bem?

— Sim. Por que não estaria?

Ele levanta uma sobrancelha aí me questionar.

— Não sei, me diz você. A gente tá aqui a quase uma hora e não trocamos nenhuma palavra.

— Não é pra conversarmos. Quanto menos a gente falar, mais rápido terminamos isso daqui.

Ele volta para a parede e recomeça a pintar.

Que idiota! O que eu fiz pra ele me tratar assim?

— Ok. Eu já terminei essa parte aqui. Vou dar uma volta e já volto.

Só quero sair dali pra não derrubar ele daquela escada e fazer com que pareça um acidente.

Ponho a espátula no balde de ferramentas e me dirijo a porta mas, antes de sair, ele me chama.

— Espera!

Josh pede e minha vontade é de fingir que não ouvi mas paro e espero.

Ele desce da escada e para na minha frente.

— Desculpa. Fui grosso com você sem necessidade.

Resolvo não poupar ele. Estou com raiva.

— Você foi um idiota, isso sim. Eu não te fiz nada. Não que eu lembre, pelo menos. Está todo mundo se divertindo, conversando, enquanto trabalha. A hora passa mais rápido assim, você sabia?

Ele suspira e assente.

— Sim, eu sei. Me desculpa. Não tem nada a ver com você.

Ele diz mais alguma coisa mas não consigo ouvir. Ele olha para a parede que raspei e abre um sorrisinho.

— Você é boa nisso!

Dou de ombros. É só, literalmente, raspar. Nada demais.

— Quer trocar agora? Eu raspo e você pinta?

Ele me pergunta.

Não respondo. Ainda estou irritada com ele.

Ele nota meu semblante e levanta o dedo sujo de tinta.

Antes que eu possa impedi-lo, ele suja a ponta do meu nariz de azul.

— Você não queria se divertir?

Ele pergunta com ar inocente.

Ah seu maldito!

Olho para o balde de tinta e ele acompanha meu olhar.

Corremos ao mesmo tempo só que ele é mais rápido e consegue chegar lá antes de mim, bloqueando minha passagem.

— Nada disso, nem pense. Já estou todo sujo de tinta. Não preciso sujar esse meu rostinho lindo também.