Trust | Beauany - (em revisão)

73 - JOSH

Não consigo falar com Any desde ontem. Estou um pouco preocupado e não nego. Ok, que estamos nos desencontrando à beça nessa última semana, mas o celular dela nem toca mais. Cai direto na caixa postal. Estou com tanta saudade dela que chega a doer.

Lamar, Tori, Antony e todos os outros tentam me animar um pouco nessa nossa ultima noite aqui. Está rolando uma festa na fogueira e muitos estão cantando e se divertindo. Meu plano era me divertir um pouco também, sei que é um pouco cedo para falar, mas acho que realmente fiz amigos aqui. Principalmente Lamar e Tori.

Somos tão parecidos que chega a assustar. Lamar é mais velho do que eu e Tori, dois anos de diferença. Já Tori, é um ano apenas, ela fez questão de frisar isso.

Olhando para ela, com seus cabelos castanhos lisos e seus óculos de grau, não consigo ver uma engenheira química ali. Mas é isso que ela quer cursar. Lamar quer fazer engenharia de alimentos e eu acho que vou fazer a de produção em massa.
Não sei ainda, estou um pouco confuso. Toda essa experiência mexeu comigo. Mas, estou animado também. Muito animado e não vejo a hora de, finalmente, ser um aluno da Oxford.

Como eu disse, era para eu estar aproveitando essa última noite aqui, como eu planejava, mas não conseguir falar com Any está me dando nos nervos.

— Não vai relaxar mesmo, não é?

Tori me pergunta enquanto me vê mexendo no celular, novamente.

Dou de ombros. Não consigo desistir de tentar.

— Quando você entrar aqui, vai passar o ano todo assim?

— Assim como? O que quer dizer?

Pergunto olhando para ela.

— Que isso aqui é só um teste, Josh! Sinto dizer que você não passou.

— Não passei?

— Não no social, pelo menos. Olha – Ela aponta para Lamar – Você não viu muito eu e ele mexendo no celular, viu?

Penso um pouco.

— Não, acho que não.

— É porque resolvemos esquecer o mundo lá fora e aproveitar essa oportunidade que nos foi dada.

— Eu aproveitei Tori, bastante.

Respondo um pouco resmungão.

Ela me olha por cima dos óculos, gesto esse que acho engraçado.

— E por que diachos está aí e não lá com a gente? Essa é a última noite, Josh. Você devia aproveitar mais.

Ela dá um tapinha em meu braço e se levanta, indo em direção a Lamar, que nesse exato momento, está fazendo uma dancinha engraçada.

Sim, ela tem razão. Any deve estar bem. Deve ter até saído com seu amiguinho Noah.

Pare! Vocês já conversaram sobre isso, não começa Josh!

Minha consciência, que estava um pouco sumida essa semana, resolve aparecer.

Me levanto e desligo o celular

Se alguém me ligar, amanhã ligo de volta. Que mal vai fazer uma noite com o celular desligado?

(...)

Acordo com o despertador gritando ao lado da cama.

Lamar está babando na cama ao lado e não mexe um músculo.

Esse cara tem um sono pesado. Meu sonho!

Pego meu celular e não vejo nenhuma chamada de Any. Achei que acordaria cheio de chamadas perdidas dela, por ter desligado meu celular, mas não. Nem uma sequer.

Começo a me preocupar de verdade agora. Será que ela esqueceu de mim? Estamos a mais de um dia inteiro sem nos falar. Mesmo nos desencontrando diversas vezes, a gente se falava pelo menos por dois minutos.

Olho a hora e vejo que já são dez da manhã. Meu voo sai dali a três horas.

Por parte eu fico triste porque realmente gostei daqui e das pessoas, mas nesse exato momento, sinto um verdadeiro alívio por já estar indo embora.

Preciso ver Any, abraça-la e dizer o quanto ela me fez falta. Mesmo ela esquecendo completamente de mim.

Tento mais uma vez ligar, mas o celular cai na caixa postal. Vou no WhatsApp dela e vejo seu visto por último.

Ontem de manhã.

Me sento na cama e ligo para Sabina.

Ela já deve estar em casa, o voo dela era para ontem a noite e a Yale é mais perto de Los Angeles do que Oxford.

Caí na caixa postal também e quase jogo meu celular no chão, frustrado.

Vou ter uma conversa muito séria com as duas quando chegar. Principalmente com Any. Como ela pôde fazer isso comigo? Me deixar sem notícias, sem ouvir sua voz? Ela disse que ia me atender sempre, poxa. Por que não me atende?

Tento mais algumas vezes, e é tudo em vão.

(...)

O carro chega e eu boto minha mala lá dentro.

Me viro para me despedir do meu grupo. Todos eles foram muito legais comigo, mas meu coração se aperta ao olhar para Lamar e Tori.

— Que ódio de vocês, eu vou sentir tanta falta.

Tori diz com lágrimas nos olhos. Conviver todos os dias com as mesmas pessoas por duas semanas, fez com que criássemos laços.

— Hey, vamos nos encontrar nesse meio tempo, não é?

Lamar pergunta olhando de mim para Tori.

— Por mim, sim.

— Por mim também.

Digo e fico um pouco animado. Quero que Any conheça eles, ela vai adora-los.

— Vou criar um grupo no WhatsApp chamado “os três mosqueteiros”.

Eu e Tori rimos e eu dou um abraço neles.

— Se cuidem, a gente se vê por aí. Mandem ver na pesquisa de vocês, quero encontrá-los aqui no ano que vem.

— Você também, Josh. Manda um beijo para Any.

Tori diz com um sorriso e eu retribuo, logo em seguida entro no táxi, deixando Oxford para trás.

Casa, aí vou eu.

Finalmente!