Trust | Beauany - (em revisão)

84 - ANY

Foi por isso que não contei a Josh que meu pai e Sabina, além de se comunicarem, se viam.
Ainda estou com raiva dela, não estamos nos falando. Só o básico do básico do básico mesmo. Mas, sinto que a cada dia, minha raiva vai embora. Eu não consigo me sentir assim com ela e no fundo eu não quero. Eu amo minha irmã, mas do que a mim mesma. Só queria entender o porquê dela ter me escondido isso. Papai não querer me ver, não é culpa dela e, agora que sei que ele a via, não tem como eu pedir para ela ficar com raiva dele. Não posso pedir para ela escolher um lado. Ouvir ela sorri com Josh, aqueceu meu coração. Sei que ele é importante para ela, como ela é para ele. E, parando para pensar, Josh não passava mais tanto tempo com ela assim. Me sentindo culpada, deixei eles sozinhos para desabafarem, conversarem, fazerem o que sempre faziam antes de mim.

Agora estou aqui, com as sacolas no chão ao meu lado e sentada em um banquinho de frente para meu prédio.

O tempo está muito agradável e eu aproveito essa sensação.

Começo a pensar na semana que está por vir. As aulas vão voltar e será a última vez de Josh e Sabina naquela escola. Vou sentir tanta saudade deles, que eles nem imaginam.

Sei que surtei em relação a tal Tori com Josh, sei disso. Mas, minha insegurança naquela hora falou mais alto e eu me deixei levar. Ele só estava animado para me contar as coisas.

Mas pombas, tinha que realmente falar dela toda hora?

Ele mudou de curso e eu não processei essa informação ainda. Sei que o trabalho que apresentará para o exame adicional de Oxford, será sobre psicologia. Gostaria de saber o que exatamente.

Acho que só terei como descobrir na hora.

Ainda bem que o dele e da Sabia serão em horas diferentes. A comissão julgadora de Yale irá na parte da manhã para a escola. E a de Oxford na parte da tarde. Nesse dia, os outros alunos, das turmas mais baixas, não terão aula.

Penso no beijo que Josh me deu. Os lábios dele ainda ardem em minha boca. Ele me beija com tanta intensidade que eu fico sem fôlego e delirando. Sério!

Eu passaria horas beijando-o sem reclamar nem um pouco.

— Espero que esse olhar de desejo seja porque você esteja pensando em mim.

Josh diz, parado em minha frente com um olhar questionador. Estava tão absorta em meus em meus pensamentos que não o vi chegar.

— Estava pensando no seu beijo.

Confesso dando de ombros. Minhas armaduras estavam baixando a guarda. Detestava ficar brigada com ele. Sempre que ficávamos assim, meus pensamentos inseguros me diziam que ele ia simplesmente desistir de mim.

Só Deus sabe como eu fiquei feliz com sua ligação me dizendo que sentia saudades.

Josh se senta ao meu lado, passando uma perna para o outro lado, ficando de frente para mim.

— Pensando em que exatamente?

Ele pergunta me olhando atentamente.

— Na intensidade.

— Meu beijo é intenso? — Assinto com a cabeça e ele põe uma mão no queixo, como se estivesse pensando — Interessante! Ninguém nunca chamou meus beijos assim.

Olho para ele com uma carranca e encontro um sorriso.

— Você fica linda assim bravinha, sabia?

Era só o que me faltava.

Reviro os olhos, mas não consigo deixar de sorrir.

Josh olha para as compras em meus pés e depois olha para o prédio.

— Por que você não subiu? Estava esperando você lá.

Dou de ombros.

— Quis dar um tempo para você e Sabina.

— Vocês estão bem? Senti ela meio triste hoje.

Odeio omitir isso dele, mas não quero que ele fique chateado com ela, ou ache que eu esteja exagerando com minha reação. Qualquer das opções não é boa para mim. Vou contar para ele, quando eu e Sabina nos resolvermos, vou contar.

— Estamos no mood normal.

É uma meia verdade. Brigar com Sabina é normal, o motivo que é totalmente novo.

Josh chega para mais perto de mim, meio tímido e eu acho graça disso.

— Está com medo de mim?

Pergunto olhando para ele com uma sobrancelha arqueada.

— Estou receoso. Não sei se você está com raiva de mim ainda. Tenho medo de chegar perto e você se afastar.

— Eu não me afastei lá em cima, me afastei?

Ele nega com a cabeça e se aproxima de vez de mim, fazendo meu ombro encostar em seu peito.

— Você é tão cheirosa.

— Eu estou soada.

— Continua cheirosa.

Ele encosta o nariz em meu pescoço e inspira profundamente.

Ondas de choque passam por todo meu corpo.

— Eu adorava tocar em você antes. Mas, depois que a gente se conectou de verdade, sinto que meu corpo desenvolveu uma dependência do seu. Faz sentido?

Ele pergunta mexendo em minha mão.

— Faz sim. Eu sinto o mesmo.

Respondo sincera. Fazer amor com ele, parece que despertou uma necessidade surreal de sempre ter ele perto de mim.

É assustador.

Josh levanta as mãos e aperta minhas bochechas, me fazendo olha-lo.

— Eu adoro você, Any.

Ele diz e sinto a bateria de samba que começa em meu coração.

Um casal de velhinhos passa por nós, com o senhor segurando a coleira de seu cachorro "salsicha". Eles olham para gente, Josh com as mãos na minha bochecha me olhando intensamente, e soltam um risinho carinhoso.

Olho para Josh e respondo em um sussurro:

— Eu também adoro você.

Ele encosta seus lábios no meu suavemente. Fechamos nossos olhos e sentimos isso que estamos sentindo em volta de nós.

Sei que ele também sente pois se arrepia no mesmo instante que eu, aprofundando um pouco mais o beijo.

Não vou dar nomes a esse sentido, nem tentar descobrir o que é.

Tenho medo. Bastante medo.